Tenho mania de questionar demais as coisas - todas elas. Todos os dias. Encho a vida com mil perguntas - algumas imprecisas, outras polêmicas - e vez ou outra ela me responde irritada e impaciente com minha constante insatisfação pelas respostas prontas.
Já questionei a vida sobre o que é o amor, depois fiquei pensativa sobre se ele realmente existe, então perguntei o por quê do mundo ter sido criado e, ultimamente, os motivos de eu fazer parte dele. Às vezes repito todas estas perguntas em um mesmo dia - e é nessas horas que a vida fica realmente muito cansada de mim. Compreensível, até. Eu também fico cansada de mim nestes dias.
A pergunta dos últimos tempos tem sido: o que é a felicidade?
Percebi que, para ser capaz de chegar à resposta, eu precisava filtrar o que realmente é importante para mim e deixar todo o resto de lado. Jogar no lixo crenças antigas, histórias passadas, hábitos automáticos. Não é tarefa simples, nem com fim determinado: acho que terei que fazer este exercício até o fim da vida, de tempos em tempos, só para garantir que estou no caminho certo.
A felicidade é o barulho do trovão lá fora e o clarão de um raio.
O cheiro de chuva que entra pela janela aberta.
Seu pedacinho de pele encostando em mim, enquanto você está absorto em uma música bonita.
Você me mostrando a tal música bonita tão logo ela termina.
Os programas ruins de televisão passando ao fundo e ninguém prestando atenção neles.
As luzinhas distantes dos prédios vizinhos.
O leite com chocolate esquentando no fogão.
Essa paz que sobe dentro do coração e fica.
A felicidade vem com luta. Vem depois da dor. Ou melhor: vem depois da superação da dor. É uma conquista. É a vitória depois de mil batalhas perdidas.
Não acredito em quem é feliz sem sofrimento: isto não deve ser a felicidade real, deve ser outra coisa. Ilusão, negação, superfície - não sei. Mas felicidade que é felicidade é aquele sorriso sincero que nasce do meio das lágrimas.
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