Sugestão de Leitura | A Vida Invisível de Addie LaRue, de V. E. Schwab


Gente. Sério. Ainda estou processando a história incrível que V. E. Schwab entrega em "A Vida Invisível de Addie LaRue". Fazia tempo que eu não lia um livro que ia direto para a sessão Sugestão de Leitura e estou muito satisfeita em trazer esta resenha para vocês.

Antes de começarmos o post, também não deixe de ler minha opinião sobre a trilogia Tons de Magia. Ainda me falta ler o terceiro volume, mas os outros dois já estão disponíveis:
Sugestão de Leitura | Tons de Magia, Vol.1: Um Tom Mais Escuro de Magia, de V. E. Schwab
Já Li #143 - Tons de Magia, Vol. 2: Um Encontro de Sombras, de V. E. Schwab

"A Vida Invisível de Addie LaRue" conta a história de Adeline, atualmente com mais de trezentos anos de idade. Addie, ou Adeline, em 1714, pediu aos deuses uma solução para se livrar de um casamento arranjado em um momento de completo desespero, quando fugiu para a floresta no meio da noite e no meio de um rigoroso inverno. Como resposta, recebeu uma oferta de um demônio, que posteriormente ela dará o nome de Luc, e com ele fez uma barganha por sua alma, sem pensar muito nos detalhes de tal acordo. Feliz como estava por livrar-se do casamento, só depois Addie percebeu a extensão do que fizera (além de ter vendido a alma, o que em si só já seria muito, não?).

Nas entrelinhas do acordo, Luc se valeu de algumas brechas de semântica para condenar Addie a uma vida eterna onde todos se esqueceriam dela tão logo virassem as costas para a garota. A justificativa de Luc é que a completa liberdade só existe quando não deixamos marcas pelo mundo, o que significa que podemos fazer o que quisermos sem temermos as consequências, o que só é possível se todos ao nosso redor não registram nossa existência. Aos poucos, Addie percebe que ninguém - literalmente, ninguém - se lembra dela. 
Por exemplo, ela volta para casa e sua mãe não a reconhece. No instante que sua mãe deixa a sala para buscar um copo de água para a garota estranha e perdida que apareceu na soleira de sua porta, Addie já foi esquecida, e quando sua mãe retorna à sala, toda a conversa precisa recomeçar como se nunca tivesse acontecido antes. E isso é só um pequeno exemplo da grande maldição que se abateu sobre Addie em troca da promessa de liberdade.

Agora, imagine trezentos anos vivendo assim. Addie não consegue acumular bens, não tem onde morar, obviamente não pode trabalhar, não tem amigos e assistiu todos que amava morrerem. Seus relacionamentos se resumem a encontros superficiais de uma noite só com alguns caras que, claro, se esquecem dela assim que se separam. A única constante de Addie é o próprio Luc, que aparece de vez em quando perguntando se ela já se cansou, se ele já pode recolher a alma dela, ao que ela sempre recusa.

Até que, em 2014, alguém se lembra de Addie: Henry. Ele trabalha em uma livraria e, certa de que seria esquecida assim que saísse pela porta, Addie rouba um livro. No dia seguinte, ela retorna à livraria, mas Henry a expulsa, já que lembra dela roubando o livro no dia anterior. Perplexa pela mudança no roteiro depois de trezentos anos, Addie resolve conhecê-lo melhor para entender porquê ele se lembra dela. E adivinha só? Claro, Henry também tinha um acordo com o Luc.

Neste ponto da narrativa, Schwab foca um pouco mais em Henry, e aí sabemos que a barganha dele foi para que ele fosse amado e aceito pelas pessoas, depois do término de um relacionamento. A entrelinha do seu acordo é que as pessoas não vêem Henry pelo que ele é, mas pelo que as pessoas querem que ele seja, e o amor que ele recebe é falso, superficial, "mágico". E, claro, o único amor verdadeiro que ele recebe é de Addie, e assim eles formam um casal perfeito.

Tem uma parte do livro que é um pouco arrastada, que é quando Schwab conta várias situações da vida de Addie para que o leitor entenda como é difícil e sofrido ser esquecida o tempo todo. Quando eu estava começando a achar que o enredo não chegaria em lugar nenhum, Henry surge na história para movimentá-la e deixá-la interessante. E, novamente, quando o enredo quase ficava previsível, Luc ganha destaque interferindo nas tramas de ambos os personagens. 

Henry é o melhor personagem masculino que eu já li? Não. Fica difícil de comprar a idéia de que ele vendeu sua alma para ser amado porque Schwab não explora os detalhes de sua saúde mental como deveria. Na minha opinião, ela deveria ter dedicado menos tempo descrevendo o passado de Addie e mais tempo no de Henry, de forma que o leitor se conectasse mais com sua dor e desespero. Schwab só traz a tentativa de suicídio nos últimos capítulos, e eu acho que isso deveria ter aparecido assim que Henry entra no enredo. Mas, ainda assim, ele funciona, e tá tudo bem.

E o final, eu adorei. Não escreveria nada diferente. Me causou uma melancolia/tristeza/nó no estômago no meior estilo "Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças", e é muito raro um livro me causar isso. Achei que Addie tomou um caminho muito interessante, de força e paciência, que faz sentido com todo o seu desenvolvimento, e também traz a relação dela com Luc sob outra perspectiva. Eu devorei os últimos capítulos e terminei o livro sentindo meu coração na mão.
Então, sim, é um livro que eu super recomendo, sem dúvida.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 4/5

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