Tag Livros - Fevereiro 2022 | Samarcanda, de Amin Maalouf

 


Tag Livros é um clube de assinatura de livros que eu entrei este ano. A proposta é que você receba na sua casa, todo mês, um livro escolhido por eles e diversos brindes relacionados ao livro. A resenha de hoje será do livro do selo Curadoria de Fevereiro de 2022, "Samarcanda" de Amin Maalouf.

Caso você queira ler a resenha do livro anterior deste selo, veja aqui:
Tag Livros - Janeiro 2022 | Pesado, de Kiese Laymon

Amin Maalouf é um escritor libanês que atualmente vive na França, para onde se mudou quando uma guerra civil começou no Líbano, nos anos 70. Lá, na época, ele era diretor de um jornal, mas já na França resolveu dedicar-se a escrever ficção, e seus cenários e histórias são sempre baseados no mundo árabe, sua origem. 
No livro da resenha de hoje, o título se refere à real cidade de Samarcanda, que hoje faz parte do Usbequistão e, antigamente, era uma das principais cidades comerciais da Pérsia (e quando digo antigamente, é muito antigamente - mil anos atrás). A cidade existe desde o século 7 e, como vocês podem ver na imagem de capa deste post, é lindíssima.
Outra parte real do romance é o poeta Omar Khayyman, cujo enredo gira em torno do seu livro de poesias, perdido da humanidade e valiosíssimo. Omar realmente existiu, assim como o livro, e era matemático, poeta, astrônomo e filósofo. 
Agora que você tem esse contexto histórico em mente, vamos falar do livro.

"Samarcanda" foi publicado em 1988 e é um romance histórico sobre o poeta Omar, na Pérsia do século 11, e é dividido em quatro partes.
Nas duas primeiras partes, Amin imagina como teria sido a vida de Omar, como seu livro de poesias teria sido criado e como foram suas interações com figuras históricas da Pérsia - como, por exemplo, a Ordem dos Assassinos, uma organização que matava líderes católicos como forma de fazer prevalecer o Islamismo. 
Nas duas últimas partes, a história avança no tempo e conta a jornada do narrador do livro, Benjamin (esse sim um personagem fictício) que, fascinado pela vida e obra de Omar, viaja dos Estados Unidos à Pérsia, no começo do século 19, para encontrar o tal livro de poesias de Omar. Benjamin passa por toda a sorte de problemas e, no fim, perde o livro no naufrágio do Titanic.

Eu não gostei deste livro por vários motivos.
O estilo de escrita de Amin não me prendeu. Ele narra uma história dentro de uma história dentro de outra dentro de outra, e eu me perdi o tempo todo. Por exemplo, na primeira parte, é o Benjamin contando a história de Omar, que está contando a história de algum político poderoso da Pérsia, que conta a história de outra pessoa da Ordem dos Assassinos. Em vários momentos, eu sequer sabia de quem eram as falas dos diálogos. Minha atenção não foi prendida e, serei sincera, pulei várias páginas ao longo da leitura, numa tentativa de voltar para o enredo do Omar.

Também não gostei da estrutura do livro. Se eu fosse Amin, eu teria entremeado a vida de Benjamin e a vida de Omar em capítulos alternados, de forma que o leitor se apegasse a Benjamin e entendesse a importância da jornada da busca do livro de poesias. Isso sem falar que as partes 1 e 2 são chatíssimas e eu quase abandonei a leitura, e as partes 3 e 4 são um pouco "menos piores", o que talvez tivesse prendindo mais minha atenção.

Mas a ausência de desenvolvimento dos personagens foi o que mais me incomodou. Eu sequer consegui imaginar o Benjamin, de tão fraco que é seu desenvolvimento e personalidade. Não me importei com ele e muito menos com sua busca pelo livro, e consequentemente não dei a mínima quando ele perde a namorada e o livro pós naufrágio do Titanic. O par romântico de Benjamin é tão insosso que eu nem lembro o nome dela, e ela foi descrita exatamente do mesmo jeito que a esposa de Omar, e isso me deu a sensação que Amin não sabe escrever personagens femininos. E isso para não falar da ausência de antagonismo, o que deixa a leitura ainda mais chata.

Nossa, eu sofri para terminar a leitura e senti zero prazer no processo. Por isso, não é uma leitura que recomendo.
Que venha o livro de Março!

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 1/5

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