O Autor
Jack Kerouac foi escritor e poeta e o precursor da "narrativa espontânea". Em suas obras, ele escreveu fluxos contínuos de pensamentos, narrando os fatos que aconteceram com ele sem muita ordem ou preocupação com gramática, divisão de capítulos e demais normas literárias. Na época, ele escrevia como se o papel fosse um diário e sua única preocupação era registrar suas vivências para que elas inspirassem os outros. Ele aborda, além de sua história de vida, reflexões sobre religião e a sociedade, sendo um excelente porta-voz da geração beat, ou seja, aquela geração que começou a condenar o capitalismo e as doutrinas materialistas, lá no início do movimento hippie dos anos 50 e 60. Ele morreu novo, aos 47 anos, de complicações devido ao abuso de álcool, o que demonstra como ele viveu muito intensamente e desregradamente. Jack Kerouac era libido e instinto puros, sempre muito emocional, apaixonado e transgressor da sociedade.
Por que escolhi este livro?
On The Road é um daqueles livros que nos fazem refletir nossa forma de ver o mundo. Trata-se da narração das andanças das personagens pelo mundo, enquanto elas tentam descobrir o sentido da vida, do mundo e de si mesmas. Elas se encontram e desencontram, questionando valores morais e éticos e vivendo cada dia como se fosse o último, sem perspectivas futuras.
Aqui no Perplexidade e Silêncio tenho uma categoria dedicada ao Wanderlust, que nada mais é do que esta vontade incontrolável de conhecer o mundo e andar por aí, sem eira nem beira, descobrindo o que existe lá fora. Como seria sair por aí, sem contas para pagar ou trabalho para nos prender, fazendo pequenos planos somente para um futuro mais imediato, sem grandes preocupações com o futuro de longo prazo? Jack Kerouac fez isto e, de carona, saiu percorrendo os EUA, inclusive chegando ao México, e atravessou o país de norte a sul duas vezes. Com isso, acumulou histórias, dois casamentos, conheceu diversas pessoas e se enriqueceu - não com dinheiro, mas com vida.
Vira e mexe a idéia de repetir os passos dele me vem à mente, muito tentadora.
(...) Gargalhadas retumbavam, vindas de todos os lados. Eu me perguntava o que o Espírito das Montanhas estaria pensando, e olhei para cima e vi pinheiros ao luar, fantasmas de velhos mineiros, e fiquei assombrado. Em todo o sombrio lado leste da cordilheira, reinava o silêncio e o sussurro do vento, exceto na ravina onde berrávamos; do outro lado da cordilheira, viam-se o grande talude ocidental e o imenso platô que se prolongava até Steamboat Springs, baixando depois em direção ao deserto do leste do Colorado e para o deserto de Utah; tudo agora envolto pela escuridão, enquanto gritávamos e enlouquecíamos em nosso retiro montanhoso, americanos loucos e bêbados numa terra majestosa. Estávamos no topo da América, e tudo o que podíamos fazer era gritar, acho eu — através da noite, em direção ao leste, sobre as planícies onde provavelmente, em algum lugar, um velho de cabelos brancos estava caminhando com o Verbo em nossa direção, e chegaria a qualquer momento e nos faria calar.
(...) Podia-se sentir o cheiro de erva, de baseado, quer dizer, maconha, flutuando no ar, misturado com o odor de feijão, chili e cerveja. Aquele incrível e louco som de bop saía flutuando das cervejarias; o som embaralhava ainda mais aquela confusão de cowboys de todas as espécies e boogie-woogie dentro da noite americana. Todos se pareciam com Hassel. Negros muito loucos, com doidos bonés e cavanhaques, passavam às gargalhadas, depois vinham hipsters cabeludos e deprimidos, recém-saídos da Rota 66 de Nova York; (...)"
On The Road é um daqueles livros que nos fazem refletir nossa forma de ver o mundo. Trata-se da narração das andanças das personagens pelo mundo, enquanto elas tentam descobrir o sentido da vida, do mundo e de si mesmas. Elas se encontram e desencontram, questionando valores morais e éticos e vivendo cada dia como se fosse o último, sem perspectivas futuras.
Aqui no Perplexidade e Silêncio tenho uma categoria dedicada ao Wanderlust, que nada mais é do que esta vontade incontrolável de conhecer o mundo e andar por aí, sem eira nem beira, descobrindo o que existe lá fora. Como seria sair por aí, sem contas para pagar ou trabalho para nos prender, fazendo pequenos planos somente para um futuro mais imediato, sem grandes preocupações com o futuro de longo prazo? Jack Kerouac fez isto e, de carona, saiu percorrendo os EUA, inclusive chegando ao México, e atravessou o país de norte a sul duas vezes. Com isso, acumulou histórias, dois casamentos, conheceu diversas pessoas e se enriqueceu - não com dinheiro, mas com vida.
Vira e mexe a idéia de repetir os passos dele me vem à mente, muito tentadora.
Trechos do livro "On The Road", de Jack Kerouac
"(...) Eles percorriam as ruas juntos, sacando tudo com aquele jeito que tinham nesses primeiros anos, e que mais tarde se tornaria mais amargurado, penetrante e vazio. Mas, nessa época, eles dançavam pelas ruas como piões frenéticos, e eu me arrastava na mesma direção como tenho feito toda a minha vida, sempre rastejando atrás de pessoas que me interessam, porque, para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo, aqueles que nunca bocejam e jamais dizem coisas comuns, mas queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício, explodindo como constelações em cujo centro fervilhante.
(...) Podia-se sentir o cheiro de erva, de baseado, quer dizer, maconha, flutuando no ar, misturado com o odor de feijão, chili e cerveja. Aquele incrível e louco som de bop saía flutuando das cervejarias; o som embaralhava ainda mais aquela confusão de cowboys de todas as espécies e boogie-woogie dentro da noite americana. Todos se pareciam com Hassel. Negros muito loucos, com doidos bonés e cavanhaques, passavam às gargalhadas, depois vinham hipsters cabeludos e deprimidos, recém-saídos da Rota 66 de Nova York; (...)"
Recomendações extras: O filme "On The Road" (2012 - com Kristen Stewart, Sam Riley e Garret Hedlund e dirigido pelo brasileiro Walter Salles) dá uma boa noção do que é o livro. Claro que, como toda adaptação, existem alguns buracos no roteiro, mas mesmo assim, é válido. Além disso, há também o filme "Kill Your Darlings" traduzido para "Versos de um Crime" (2013 - com Daniel Radcliffe) que conta a história de Allen Ginsberg, amigo de Jack Kerouac e uma das personagens principais de On The Road.
1 Comments
Olá
ResponderExcluirMuito legal a sua sugestão, quero muito ler este livro. Bjuss!
http://magisbook.blogspot.com.br/