Já Li #212 - Mansão Gallant, de V. E. Schwab

 


Acho que, depois de várias leituras, enfim encontrei uma obra de V. E. Schwab que não gostei. Nesta resenha, falarei sobre "Mansão Gallant".

Para ver as resenhas de outras obras de V. E. Schwab, dê uma olhadinha aqui.

Publicado em 2022, a protagonista de "Mansão Gallant" é Olivia Prior, uma menina orfã que cresceu na Escola de Merilance. Ela não fala e vê espectros à noite, e, por causa disso, as outras meninas da Escola não gostam dela. Um dia, Olivia recebe uma carta de um tio que não sabia que tinha, Arthur, que a convida à voltar para sua família. Feliz com a notícia de que irá ganhar um lar, Olivia vai para a Mansão Gallant, onde não é bem recebida por Matthew, filho de Arthur, e ela também descobre que Arthur já morreu.
A primeira coisa que me chamou a atenção foi que a escrita de Schwab não está na mesma altura de seus outros livros. Há partes da narrativa que mereciam uma revisão adicional, e outros trechos que não estavam refinados o suficiente. Fiquei com a impressão de que apressaram a publicação do livro e deixaram alguns detalhes de lado. 

Meu principal problema com o enredo foi o universo mágico mal construído. Em linhas gerais, nos terrenos da Mansão Gallant, existe um portão que dá acesso a uma outra dimensão, que comporta a Morte e seus soldados. Os detalhes ficaram confusos para mim, mas, se entendi bem, os Prior são amaldiçoados com pesadelos devido à proximidade ao portão, e tem a obrigação de selar o portão com seu sangue, para impedir que a Morte invada o nosso mundo. Os detalhes são mal explicados ao longo da narrativa e chegam quase todos somente no final, de uma vez, como se Schwab tivesse percebido que esqueceu de explicar seu universo aos leitores.

Outro ponto cansativo são os diários. A mãe de Olivia, antes de morrer, deixou dois diários para trás e, em um deles, ela enlouquece progressivamente, registrando pensamentos cada vez mais desconexos. Schwab exagera na repetição das entradas deste diário, que não são tão interessantes assim. 
Através dos diários, Olivia descobre quem é seu pai, que foi outro ponto da narrativa que não me agradou. A mãe de Olivia se apaixonou por um dos soldados da Morte e eles tiveram um relacionamento, até que a Morte descobriu e os separou. Foi uma descoberta mal explicada, na minha opinião.

Achei o final horroroso. Basicamente, o que acontece é que o sangue de Matthew não estava sendo absorvido pelo portão porque este estava enferrujado, e isso permite que a Morte atravesse o portal. Que explicação preguiçosa! Fiquei inconformada enquanto lia o desdobramento dos eventos. Jura mesmo, Schwab, que a resolução que você encontrou foi a falta de manutenção de um portão de ferro? Muito bobinho.

A ideia de uma família inteira presa entre as duas dimensões, a dos vivos e da dos mortos, é boa, mas a execução deixa muito a desejar. Olivia não é interessante de ler. Matthew é mal aproveitado e não um arco de desenvolvimento digno. Edgar e Hannah, que moram na Mansão, são dispensáveis e sem personalidade. Os soldados da Morte sequer ganharam nomes. 
Uma obra infantojuvenil não precisa ser rasa. É quase como se Schwab e os editores subestimassem o público deste livro, acreditando que eles não poderiam entender nem gostar de uma história mais aprofundada.

Não é uma leitura que recomendo.
Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 2/5

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