O livro ou o filme? | Os Instrumentos Mortais, vol.1: Cidade dos Ossos, de Cassandra Clare


Estou uns sete anos atrasada mas, finalmente, li (e assisti) "Cidade dos Ossos", de Cassandra Clare, primeiro volume da série Os Instrumentos Mortais. Neste post, falarei um pouquinho da minha opinião sobre o livro, o filme e a comparação entre ambos, já tradicional da sessão "O livro ou o filme?" aqui no blog.

Confesso que sempre tive um pouquinho de preconceito com esta série de Cassandra Clare, principalmente por causa de todo o hype que surgiu lá nos idos de 2007-2008 que me causou um certo ranço. Mas, mais de dez anos depois do lançamento do primeiro livro, "Cidade dos Ossos", e sete anos depois do lançamento do filme, resolvi dar uma chance para Clare.
Já aviso de antemão que este post tem vários spoilers, por isso, se não quiser lê-los, sugiro navegar em outras resenhas aqui do Perplexidade e Silêncio.
A protagonista de "Os Instrumentos Mortais" Clary Fray descobre que sua mãe era uma Caçadora das Sombras, seres metade humanos e metade anjos que batalham contra os mais diversos demônios existentes em uma infinidade de dimensões paralelas à nossa. Ao tentar encontrar sua mãe desaparecida, a própria Clary se decobre uma Caçadora, juntando-se a outros Caçadores para impedir que seu próprio pai, Valentim, traga o Apocalipse. 

Publicado em 2007, "Cidade dos Ossos" mostra o início da jornada de Clary que, ao lado de seu melhor amigo de infância Simon, vão descobrindo, gradativamente, que o mundo real é muito diferente do que eles imaginavam a princípio. 
O primeiro ponto que me chamou a atenção quando li a história foi o final apressado que a escritora deu a Jace. Ao longo da leitura, gostei bastante não apenas dele mas também da química/tensão criada com Clary, achei que estava bastante convincente e interessante de ler. Jace é um ótimo herói relutante e cínico e estava gostando de acompanhar seu crescimento no enredo. Contudo, no final da história, ele descobre um monte de mentiras - um monte! - e se adapta rapidamente a todas elas, o que achei um trabalho preguiçoso de Clare. Jace descobre que seu pai não é Michael, depois que é Valentim (o maior vilão de todos os tempos), depois que sua mãe ainda está viva e que Clary é sua meia-irmã. De cara, ele aceita Valentim, o que foi esquisitíssimo e depois, tão rápido quanto, o rejeita. Em questão de 1 a 2 capítulos, Cassandra consolidou um enredo que deveria ter sido desenvolvido em, pelo menos, metade do livro. Não gostei disso e achei que Jace merecia mais.
Cassandra Clare construiu um mundo paralelo vívido e crível, com grandes personagens, diálogos bons e uma mistura de humor, emoção e ação. Gostei da forma como ela misturou bruxos, vampiros e lobisomens, à vida urbana normal de Nova York. Clary Fray é uma protagonista simpática, embora eu tenha sido igualmente atraído pelo elenco de apoio. Eu gosto especialmente que os vilões sejam tridimensionais. Mesmo quando você não os apoia, entende o que os motiva. Não há dicotomia fácil em preto e branco, bem e mal e foi por estes pontos positivos que minha leitura fluiu.

No filme, Clary Fray é interpretada por Lilly Collins e achei que ela estava muito bem no papel, me convenceu. Já o Jace de Jamie Campbell Bower, não. Achei o ator bem fraquinho para o papel e senti que ele não entregou todas as camadas que existem em Jace.
Existem várias diferenças entre o livro e o filme que foram muito bem explicadas e elencadas aqui (em inglês). Para este post, resolvi separar aquelas que mais chamaram minha atenção.

O mundo dos demônios. Conforme fui lendo a história, tive a sensação de estar imersa em um universo fantástico muito maior e mais rico, algo parecido com a série de TV "Supernatural", o que achei ótimo (sou muito fã de "Supernatural"). Conforme Clary ia descobrindo os mistérios dos Caçadores de Sombra, fiquei com mais e mais vontade de me aprofundar nos elementos fantásticos da saga. No entanto, no filme, não senti a mesma coisa, e achei que o roteiro deixou este universo de Cassandra Clare mais limitado e menos interessante de ser explorado.
Simon não vira um rato no filme e isso é bom. No livro, Simon é transformado em um rato na festa na casa de Magus Bane. Essa cena soou forçada e desnecessária, até um pouco ridícula, e achei que a alteração que fizeram para o filme ficou bem melhor e entregou a mesma mensagem ao leitor.
Simon vampiro? Foi só quando terminei de ler o livro que me percebi decepcionada que Simon ainda não tenha virado um vampiro (isso acontece apenas no segundo volume). No filme, ele já começa a se transformar e eu adorei. A tensão entre ele, Jace e Clary fica ainda mais interessante com esse fator.
Luke e seus lobisomens. Na verdade, eu queria ter tido mais de Luke nas duas obras, filme e livro. Luke é uma das personagens mais interessantes do enredo e fiquei ressentida que ele não recebeu a atenção que merecia. 
O uso dos Portais. Para mim, fez mais sentido como eles colocaram no filme, ou seja, que o uso dos Portais requer treino e tempo. No livro pareceu fácil demais e achei que não estava coerente com a complexidade do universo fantástico existente.
A reação de Jace ao pai. No filme, ele fica relutante, descrente, negando a realidade. Essa sim é a reação que eu esperava dele no livro.

O livro ou o filme? Eu tive que refletir bastante e acabei optando pelo livro, mas devo mencionar que o livro ganhou essa batalha por pouco, já que não achei o filme ruim.
Optei pelo livro por causa da possibilidade de ampliação e de aprofundamento que ele sugere quando terminamos a leitura. Cassandra Clare me deixou curiosa para entender todo o funcionamento do seu sistema mágico, bem como sobre as implicações de tudo o que ficou "inacabado" deste primeiro volume. Me importei, sobretudo, com o futuro de Jace e Luke e também quero saber o que vai acontecer com Clary e Simon.
O filme não me despertou a mesma vontade. Por exemplo, se houver um segundo filme, não sei se o assistiria, mas sem dúvida leria o segundo volume da saga. Foi essa distinção que me fez decidir o placar desta vez.

E vocês, o que acharam do livro e do filme? Deixem aí nos comentários que vou adorar saber!

1 Comments

  1. Li toda a saga e sinceramente detestei o filme, achei fraquíssimo. O vilão chega a ser canastrão no mínimo. Já o livro é bem interessante.

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