"Me Chame Pelo Seu Nome" é um filme que assisti logo no lançamento, em 2017, e ficou comigo desde então. Resolvi ler o livro de André Aciman, o que o fiz em apenas um dia, e o romance de Elio e Oliver se consolidou ainda mais na minha memória. Neste post, falarei sobre ambas as obras, livro e filme.
O livro "Me Chame Pelo Seu Nome", publicado originalmente em 2007 por André Aciman, fala do romance entre o adolescente de 17 anos Elio e Oliver, um estudante americano de 24 anos que está visitando a Itália e é hóspede na casa de Elio. Os pais de Elio costumam abrigar um estudante a cada verão, hóspede estes que dormem no quarto de Elio enquanto ele se muda temporariamente para o quarto ao lado.
A narrativa se passa no verão de 1983. Oliver é despreocupado e desapegado , às vezes até mesmo arrogante, num forte contraste com a introversão de Elio. Elio escolheu Oliver como convidado na esperança de afinidades instantâneas entre eles e atua como seu guia turístico, embora as tentativas de Elio de impressionar Oliver sejam recebidas com indiferença. Quando Oliver agarra o braço de Elio após uma partida de vôlei, Elio se retrai de medo. Elio então reconhece sua própria bissexualidade e sua atração por Oliver e duvida que Oliver retribua seus sentimentos.
O filme foi lançado dez anos depois, em 2017, com Timothée Chalamet no papel de Elio e Armie Hammer como Oliver. Não consigo imaginar dois melhores atores para os protagonistas. Me envolvi completamente com a química e a dinâmica entre os dois e acho que ambos captaram muito bem a essência de seus personagens. E a ambientação na Itália dos anos 80 deu vida àquele verão, e senti inveja de Elio e Oliver. Queria ter vivido aquilo tudo também.
As principais diferenças que percebi entre o livro e o filme foram:
1- A presença de Vimini foi excluída do filme. No livro, Vimini é uma garotinha de dez anos que tem leucemia e cria um forte vínculo com Oliver. Embora ela apareça pouco na narrativa, a personagem serve como uma ponte entre Oliver e Elio, pois ela enxerga o relacionamento entre eles antes mesmo dos dois confessarem seus sentimentos um pelo outro. Não senti falta de sua presença no filme, mas gostava de suas poucas aparições no livro.
2- O filme encerra a narrativa com a icônica e maravilhosa cena de Elio chorando enquanto pensa em Oliver, olhando para a lareira. Timothée Chalamet me conquistou de vez naquele momento, que acho uma das cenas mais lindas do cinema. No livro, no entanto, há ainda alguns reencontros entre Elio e Oliver sete, quinze e vinte anos depois do verão de 1983. Não gostei muito destas cenas do livro e preferia que ele tivesse terminado como o filme.
3- No livro, os conflitos adolescentes de Elio ficam mais destacados, pois temos acesso aos seus pensamentos, uma vez que a estória é narrada por ele. Assim, o leitor tem mais contato com sua angústia e sofrimento, assim como a profundidade e complexidade dos seus sentimentos por Oliver.
4- O livro também faz menções a possíveis outras experiências homossexuais de Elio antes da chegada de Oliver, mas elas não são exploradas com detalhes. No filme, o enredo faz parecer que Oliver é o primeiro contato de Elio com um outro homem.
Existem outras modificações como, por exemplo, Elio telefonando para sua mãe para que ela o busque no terminal após a viagem para Roma com Oliver, mas não acredito que estas outras alterações tenham feito uma grande diferença na ordem geral das coisas.
O livro ou o filme? Para mim é impensável escolher um dos dois e, por isso, desta vez, vai dar empate.
Gostei muito do erotismo de ambas as obras. O livro, na minha opinião, é menos sutil, e as cenas de sexo e de intimidade entre Elio e Oliver são mais gráficas e mais intensas, ainda mantendo uma certa delicadeza, fruto da personalidade de Elio. O filme é também muito erótico, mas o tom dele é mais leve e até um pouco mais romântico. Na minha opinião, funcionou dos dois jeitos e ambos os formatos transmitiram bem o relacionamento deles.
Me identifiquei muito com Elio. Os pensamentos e sentimentos dele são tortuosos, às vezes chatos, às vezes repetitivos, mas sempre muito humanos. Gosto de sua fragilidade, vulnerabilidade, insegurança e introversão. E claro que o Timotheé teve muito a ver com meu crush pelo personagem, não há como negar.
Tanto o livro quanto o filme me despertaram muitas emoções e afloraram muitos sentimentos. Não passei ilesa por nenhum deles. Chorei no final de ambos e fiquei com um nó na garganta, lamentando não apenas por Elio, mas pela condição do amor, como um todo: é sempre passageiro, afinal de contas, e sempre vale a pena ser vivido.
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