Sugestão de Leitura | Adeus, por Enquanto, de Laurie Frankel


Este livro foi me ganhando aos poucos, muito aos poucos. Tão aos poucos que quase me perdeu no meio do caminho, precisei digerir várias partes ao longo do tempo, mas acabei me surpreendendo quando escolhi "Adeus, por Enquanto, de Laurie Frankel" como sugestão de leitura.

Laurie Frankel faz parte de uma instituição chamada Seattle7Writers, que é um grupo de escritores que se reúnem para levantar doações, criar bibliotecas em abrigos comunitários, prisões e orfanatos. 

"Adeus, por Enquanto", publicado em 2012, tem como protagonista o engenheiro de software Sam Elling. Ele trabalha desenvolvendo um aplicativo de encontros e cria um algoritmo que consegue fazer com que as pessoas, de fato, encontrem suas almas gêmeas. Através de seu próprio aplicativo, Sam conhece o amor de sua vida, uma colega de trabalho chamada Meredith, mas também é demitido quando a empresa começa a perder clientes.

Quando a avó de Meredith, Livvie, morre repentinamente, Sam usa seu amplo tempo livre como desempregado para criar um programa de computador que permitirá a Meredith ter uma última conversa com a avó. Garimpando toda a correspondência digital entre Livvie e Meredith (e-mail, Facebook, Skype, Twitter), Sam constrói uma simulação em computador de Livvie que pode responder a e-mails ou bate-papos por vídeo, como se ainda estivesse viva. Não é nada sobrenatural, é pura ciência da computação. 

Assim, nasce a empresa RePose, com a ajuda de Dash, primo de Meredith (uma personagem incrível que deveria ter sido melhor explorada). Quando esta empresa aparece na trama, fica claro que Frankel está tentando mostrar ao leitor a abrangência da idéia de Sam, a partir dos mais variados clientes, histórias de morte e formas de elaborar o luto. Sam fica surpreso ao presenciar as mais diversas combinações em sua empresa, refletindo os sentimentos do leitor. 

O fato do livro basear-se em uma tecnologia possível e lógica foi algo que me deixou bastante interessada na leitura. A trama quase pode ser qualificada como ficção científica, mas o que me mais me agradou foi o caráter de ficção especulativa que Frankel propõe. Ao longo de todo o livro, ela traz as consequências e os desdobramentos desta tecnologia inventada por Sam, não apenas no nível particular (Meredith), mas também na sociedade como um todo e na simbologia do luto.

O relacionamento entre Sam e Meredith foi muito bem escrito e é possível sentir a química que existe entre eles. Frankel conseguiu fazer com que o relacionamento deles parecesse real, mesmo em meio aos absurdos em que eles estão expostos. Os diálogos entre eles são deliciosos de se ler. Tanto Meredith quanto Sam são muito carismáticos e parecem verdadeiros, autênticos. E esta construção fez toda a diferença quando o enredo encontra o ápice de sua tragédia.

Mas, para mim, foi muito difícil terminar a leitura. Achei o livro muito triste, MUITO, num nível que me deixava angustiada por dias e dias, e eu evitava continuar lendo. Demorei mais do que o normal para chegar ao fim da leitura. Frankel descreve a morte e o luto em um nível de detalhes e de sinceridade que eu nunca tinha visto antes e isso me incomodou, pois me colocou em contato com pensamentos que eu não queria identificar e com sentimentos que eu não sabia lidar. Não quero dar spoilers mas, a parte do meio para o final acabou comigo, e fiquei tão arrasada quanto Sam. 
Por causa disso, quase decidi sequer resenhar este livro. Mas os dias foram passando, deixei a mensagem principal de Frankel assentar um pouco dentro de mim e percebi que "Adeus, por Enquanto" é um livro muito marcante. As reflexões que ele traz ficaram na minha cabeça, apesar da enorme tristeza.
Por isso, é uma leitura que recomendo.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

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