Já Li #86 - O Milésimo Andar, de Katharine McGee


O post de hoje é dedicado a um livro que me conquistou pela capa e que promete um universo de ficção-científica misturado com um enredo Young Adult. Falo de "O Milésimo Andar", primeiro volume da trilogia de mesmo nome e escrito por Katharine McGee.

O cenário de "O Milésimo Andar" foi inspirado no edifício chinês Sky City (Changsha), ainda em processo de aprovação e planejamento que contará com quase 900 metros de altura e abrigará a infraestrutura de toda uma cidade em seu interior.

A premissa da estória é muito interessante. Num futuro não muito distante, apenas cem anos adiante, Nova York se transforma em uma cidade vertical. O edifício que mais se destaca é a Torre, que tem exatos mil andares. Cada andar tem ruas, mercados, shoppings, escolas, hospitais, etc, como se fossem "mini cidades". O transporte coletivo são os elevadores, que tem linhas e funcionamento parecido com o metrô, além de hovers, veículos movidos a eletromagnetismo e que se movimentam verticalmente. Embora, no começo do livro, McGee tenha deixado a desejar na profundidade das descrições, conforme a leitura evolui, o que ela imaginou fica mais claro e mais gráfico para o leitor. É uma idéia muito interessante e que me fisgou logo de cara.

Além disso, o edifício também tem sua divisão de classes. Quanto mais baixo o andar que a pessoa mora, mais pobre ela é. Logo, quanto mais alto o andar, maior é o status de seu residente. Isso também se aplica à estrutura dos andares pois, nos mais baixos, falta limpeza, transporte, comida, água e luz elétrica, recursos que são reservados aos andares superiores.

O livro é escrito em terceira pessoa e cada capítulo é reservado a uma personagem e os acontecimentos são contados a partir de seu ponto-de-vista. Eu adoro quando o livro é estruturado desta forma e, por isso, gostei bastante da estrutura deste.

No milésimo andar, mora a família Fuller que, claro, é a família mais rica e mais poderosa de Nova York. Sua filha, Avery, foi "encomendada" geneticamente para que saísse a menina mais bonita e mais saudável possível. Na minha cabeça, a imaginei perfeita como a atriz Blake Lively. Avery tem um meio-irmão, chamado Atlas, que foi adotado pelos seus pais quando ela tinha seis anos de idade. 

Além de Avery e Atlas, também faz parte da elite da Torre sua melhor amiga Leda Cole. Leda passou o verão internada em uma clínica de reabilitação por causa de seu vício em drogas, mas não quer contar isso para ninguém. Assim, ela mente para todos dizendo que passou férias nas casas dos avós no litoral.

Fora estas personagens, também temos: Rylin, que mora no 32º andar e tem uma relação esquisita com Coler, um riquinho dos andares superiores; Watt, um hacker que é contratado por Leda para vigiar Atlas, e alguns outros amigos de um e de outro.

O livro é cheio de plots paralelas e, por mais que eu tenha planejado evitar o clichê de comparar este livro com Gossip Girl, não vou conseguir escapar dele. Li várias resenhas dizendo que a estória parece Gossip Girl no futuro e é verdade. Atlas, Leda e Avery formam um triângulo amoroso típico do seriado.

A personagem mais interessante na estória, na minha opinião, é Eris Dodd-Radson. Embora Avery tenha jeitão de protagonista, para mim, quem roubou a cena foi Eris. No início do livro, Eris é uma das amigas de Avery e mora no 985º andar. Porém, no seu aniversário de dezoito anos, ela e seu pai descobrem que Eris não é sua filha e, sim, filha de um amante de sua mãe. Ambas são expulsas de casa e vão morar no andar 200-e-alguma-coisa, o que é uma tremenda humilhação para a família. Em paralelo, Eris se apaixona por uma garota do andar e tenta descobrir quem é seu verdadeiro pai.

Porém, as demais plots foram me deixando entediada ao longo da leitura. Avery não me conquistou e, pela sua presença maciça ao longo da trama, isso começou a me incomodar do meio para o final.  Leda tinha tudo para ser uma personagem feminina badass mas, infelizmente, acaba tornando-se o estereótipo da garota adolescente que, uma vez rejeitada pelo seu crush, entra em crise. Atlas possuía potencial para virar um amor imaginário, mas é chato, egoísta e meio babaca. Mesmo a introdução de Rylin e Watt, que poderiam ter adicionado conflito e profundidade à trama, deixaram a desejar.

Assim, o que me manteve presa à leitura foi Eris, como mencionei acima, e o cenário futurista da obra. A única coisa que me incomodou, neste sentido, é que a ambientação de ficção-científica da estória não faz muita diferença na trama. Parece mais um enfeite, ou algo para diferenciar este livro da tonelada de Young Adult que existe por aí. Por isso, nem cheguei a colocar esta resenha como "ficção-científica" aqui nas categorias do blog, pois a mim soou como algo avulso, meramente decorativo, embora muito criativo e divertido de ler.

É uma leitura que recomendo, mas que não pretendo seguir na trilogia.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

0 Comments