Ao longo do seriado Gilmore Girls, são mencionados 340 livros e este desafio é sobre ler todos eles. Para saber quais livros do desafio o Perplexidade e Silêncio já leu, clique aqui (alguns posts são feitos para outras sessões do blog, mas fazem parte da lista de livros da Rory).
Este é o segundo livro de Charles Dickens a fazer parte do Rory Gilmore Book Challenge. O primeiro foi "Grandes Esperanças", cuja resenha pode ser lida aqui.
Dickens foi um escritor do século 19 e tido como um crítico social de sua época. Suas obras são consideradas clássicos da literatura, pois descrevem a sociedade e os costumes da era vitoriana. Dickens era de uma família da classe operária, e precisou começar a trabalhar em fábricas ainda criança, pois seu pai foi preso por não pagar dívidas. Sem nenhuma educação formal, Dickens resolveu tornar-se escritor para falar sobre as injustiças e problemas sociais que via ao seu redor.
"Um Conto de Natal" foi publicado em 1843. O protagonista da estória é Ebenezer Scrooge, um homem de meia-idade avarento que é assombrado por quatro fantasmas: seu antigo colega de negócios Jacob Marley, o Espírito de Natal, o Presente e o Futuro. O livro é dividido em cinco partes.
Na primeira, Scrooge é apresentado como um velho ranzinza que odeia Natal e que recusa o convite para a ceia de seu sobrinho. Ele ignora dois mendigos que pedem dinheiro em meio a uma nevasca particularmente forte. De noite, a primeira visita de Jacob Marley acontece, sete anos depois de sua morte. Jacob sofre perambulando pela Terra, pois era muito preso às posses materiais, e vem para alertar Scrooge de que ele pode sofrer do mesmo mal quando morrer.
Na segunda parte, o fantasma do Espírito de Natal aparece, levando Scrooge para as lembranças de sua infância. Assim, o leitor fica sabendo que ele teve foi uma criança bastante solitária e tinha vínculos afetivos apenas com sua irmã, Fan. Ele também reencontra sua primeira namorada, que o largou por ele gostar mais de dinheiro do que dela, e a vê com seu esposo e filhos.
Na terceira parte, o fantasma do Presente surge. O fantasma coloca Scrooge em meio aos preparativos de Natal, no meio das multidões que fazem compras em mercados e ruas comerciais. O fantasma também o leva até a casa de seu sobrinho, onde o restante da família está feliz e animada em meio às decorações natalinas, ressaltando a exclusão e a solidão de Scrooge.
Na quarta parte, o Futuro mostra para Scrooge como será um Natal de seu futuro. Scrooge morre e ninguém comparece ao seu funeral. O fantasma também mostra que a casa de Scrooge foi saqueada por comerciantes locais que sentiram-se prejudicados pela sua avareza e foram atrás de vingança. Por fim, o fantasma mostra um casal de idosos contente com sua morte, pois ela os livros de pagar uma dívida.
Caso você não queira spoilers, sugiro pular este parágrafo. Por fim, Scrooge fica horrorizado com tudo o que os fantasmas lhe mostram e decide aceitar o convite de seu sobrinho para a ceia de Natal. Além disso, o protagonista começa a fazer pequenas ações de caridade aos pobres de seu bairro, e começa a ser conhecido como um senhor bondoso e gentil.
Celebrar o Natal da forma como conhecemos hoje foi algo que se iniciou na Era Vitoriana, na Inglaterra. Por isso, este tema era algo novo na época na qual o livro foi lançado, causando uma grande comoção entre o público. A população começou a copiar os costumes natalinos da Rainha Vitória e do Príncipe Albert e as tradições se propagaram rapidamente. A noção de espírito natalino também era nova e pouco compreendida e, desta forma, a obra de Dickens serviu para disseminar este conceito. Por isso, o livro foi um grande sucesso na época, mas hoje soa como um clichê.
Outra inovação para a época foi o arco de evolução do protagonista, que inicia a obra como um velho avarento e amargo, e termina a obra como um homem nobre e amoroso. No século 19, grande parte da literatura retratava personagens lineares e o ponto central das estórias era os conflitos interpessoais entre elas. Dickens trouxe uma nova forma de abordar o protagonista, lhe dando maior profundidade e complexidade.
A leitura é recomendada para quem gosta do ambiente da era vitoriana, bem como para aqueles leitores que não se incomodam com uma linguagem rebuscada e uma certa falta de ação nas cenas. Também recomendo para quem gosta do Natal e da atmosfera que vem com ele. Para leitores que preferem cenários e linguagem mais modernos, a leitura pode ser maçante.
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