Outro dia, fiz um post sobre "O que são os gêneros literários" e percebi que seria um assunto que prometia uma maior exploração. Por isso, hoje resolvi falar um pouco sobre alguns dos subgêneros da ficção-científica: cyberpunk, steampunk e outros.
Uma obra é caracterizada como cyberpunk quando o mundo dela é baseado em tecnologia, tecnologia esta que é extrapolada ao nível mais avançado possível, de preferência ainda não alcançado na vida real. Normalmente, as personagens vivem em um estilo urbano surreal, chamado de transrealismo, ou seja, incorpora elementos de ficção-científica para ressaltar o tédio e o vazio da existência daquelas personagens. O leitor se depara com megacorporações, hackers, sociedades digitais, roubo de dados e inteligência artifical.
O cyberpunk também é conhecido por explorar as consequências sociais dos avanços da tecnologia e como tais avanços afetam as relações interpessoais, a política, a economia e a sociedade. No entanto, os enredos deste estilo não costumam aprofundar as emoções dos indivíduos e as personagens, geralmente, ficam em dois extremos: ou são revolucionárias ou são apáticas.
A primeira obra literária oficialmente catalogada como cyberpunk é o conto de Bruce Bethke entitulado "Cyberpunk". No conto, adolescentes punk entediados resolvem hackear sistemas de computador. Era início dos anos 80 e este tipo de conhecimento era raro e, até mesmo, anárquico. A publicação do conto passou por vários problemas legais entre Bruce e seu editor e, atualmente, está disponível para ser lido online aqui (em inglês).
Algumas obras populares deste estilo: "Neuromancer" de William Gibson e "Ghost in the Shell" de Masamune Shirow.
O steampunk incorpora tecnologia e estilo de vida do século 19, criando um cenário a partir da Era Pré Industrial e extrapolando o uso da tecnologia a vapor. As obras são ambientadas no passado, e não no futuro como no cyberpunk, mas este passado é re-imaginado com o uso avançado da tecnologia disponível naquela época. Como exemplo, há computadores feitos de madeira, aviões movidos a vapor, e assim por diante.
As personagens, a exemplo do cyberpunk, são predominantemente revolucionárias, pois sentem-se oprimidas por um Estado que detém o poder da tecnologia.
Assim, a ambientação das estórias se passa em um mundo vitoriano, com costumes relacionados à esta época, mas com avanços tecnológicos imaginados.
A primeira obra caracterizada como steampunk é o filme de 1902, "Viagem à Lua", de Georges Méliès. O filme foi baseado em dois livros, "Da Terra à Lua" de Júlio Verne e "Os Primeiros Homens da Lua" de H. G. Wells. Cinco astrônomos viajam à Lua lançados por um canhão movido a vapor, o que foi considerado um grande esforço de imaginação e de inovação para a época.
Algumas obras populares deste estilo: "A Máquina Diferencial" de William Gibson e Bruce Sterling e as obras de Júlio Verne.
Dieselpunk é um estilo onde a sociedade e o mundo foram re-imaginados tendo o diesel como tecnologia predominante. Normalmente, as estórias se situam no pós-Guerra dos anos 50 com incorporação de algumas características do futuro. Assim como nos exemplos anteriores, o sufixo
-punk está aí para mostrar que as personagens irão se rebelar contra o Governo ou irão sofrer de angústia e apatia.
A primeira obra oficialmente categorizada como dieselpunk é o RPG "Children of the Sun", criado em 2002.
O dieselpunk também faz críticas ao uso irrefreado de combustível e os impactos ambientais disso na vida cotidiana, bem como mostra as consequências de uma era industrial descontrolada e sem uso ético.
Algumas obras populares deste estilo: os filmes "Mad Max: Fury Road" e "Sucker Punch".
Atompunk é uma versão do dieselpunk com cenário e estilo de vida baseados na União Soviética. Decopunk é uma variação do dieselpunk com estética inspirada na Arte Deco.
Particularmente, gosto mais do estilo dieselpunk. A literatura de cyberpunk não me atrai, pois não consigo criar um vínculo com as narrativas repletas de códigos de programação e comandos em sistemas operacionais, fico entediada e perco o interesse; porém, quando se trata de um filme, que é mais visual e menos explicativo, acabo me entretendo. Já o steampunk gosto da estética e do conceito, mas não encontrei - ainda - um livro que eu gostasse neste estilo.
Se você tiver recomendações de literatura nestes subgêneros, deixe aí nos comentários.
9 Comments
Que interessante, desses eu só conhecia o Cyberpunk (que não faz o meu tipo) e o steampunk (que simplesmente amo). Legal saber que existem mais variações. Fiquei interessada no Atompunk.
ResponderExcluirToca da Lebre
Eu prefiro o Cyberpunk, que seria mais avanço, mais tecnologia, mas o Brasil é uma verdadeira CAVERNA quando se trata de tecnologia
ExcluirEu gosto bastante da estetica de cyberpunk por causa dos filmes como Ghost in the shell e Blade runner mas nunca li um livro nesse estilo,também acho que seria um pouco entediante como você disse. Ja o steampunk e o dieselpunk acho mundo legal e adoraria ler livros nesses temas. Tem um livro que eu gosto muito que é a Rainha vermelha que eu acho que se encaixa no estilo de dieselpunk.
ResponderExcluirLeia a coletânea dieselpunk publicada pela editora Draco. Tem ótimos contos.
ResponderExcluirAgora resta saber se surgiram novos "punk", tipo: Biopunk, electropunk, underpunk, soccerpunk... sei lá viajei nisso kkkkk
ResponderExcluirTbm tem o gênero biopunk, é um gênero que fala sobre biologia sintética
ResponderExcluirEsqueceu do Teslapunk.
ResponderExcluirTem o nanopunk, gostaria de ver uma listagem em ordem evolutiva de todos os punk existentes.
ResponderExcluircara, meu favortito ainda é steampunk.
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