Ao longo do seriado Gilmore Girls, são mencionados 340 livros e este desafio é sobre ler todos eles. Para saber quais livros do desafio o Perplexidade e Silêncio já leu, clique aqui (alguns posts são feitos para outras sessões do blog, mas fazem parte da lista de livros da Rory).
Dostoiévski, além de escritor, também era filósofo e transpôs muitas de suas reflexões sobre o homem e a sociedade em seus livros. Normalmente, ele explorou questões políticas, sociais e religiosas da Rússia de sua época (por volta do século 19).
"Crime e Castigo" foi publicado em 1866 e narra a estória do protagonista Rodion Romanovitch Raskólnikov que é atormentado pela culpa e pelo arrependimento de ter cometido um assassinato. Para facilitar as menções a ele neste post, irei rebatizá-lo carinhosamente de RôRô.
RôRô estuda Direito e é muito pobre. Desde o começo da estória, ele é atormentado pela frustração e pela miséria e, por isso, vive angustiado e sozinho. Não consegue progredir na carreira de advogado e também não consegue dar conta dos estudos na faculdade, pois a angústia o atrapalha em todas as atividades.
Seus pensamentos perturbadores vão ficando cada vez maiores e mais fortes, até que ele começa a dividir todos as pessoas que conhece em "ordinários" e "extraordinários" e RôRô conclui que apenas os "extraordinários" devem viver. Depois de analisar muitas variáveis e características dos "ordinários" com quem convive, ele decide matar uma agiota.
RôRô justifica seu ato consolando-se pelo fato da agiota ser uma idosa de saúde relativamente frágil e reforça, o tempo todo, que este ato não é motivado pela dívida que tem com ela. Porém, logo após assassinar a agiota, a irmã mais velha dela, Lizavieta, o surpreende, e ele acaba matando as duas.
Em pararelo às descrições super detalhadas do estado mental do protagonista - característica principal da escrita de Dostoiévski - a polícia investiga o assassinato das duas idosas e acaba incriminando um inocente. RôRô também se envolve em um relacionamento amoroso com Sônia, ex-prostituta, que se aproveita da natureza vulnerável e frágil dele. Diante de tudo isso, RôRô começa a perceber que faz parte dos "ordinários", e não dos "extraordinários" como gostaria.
O enredo reforça que são as idéias que movem a Humanidade, e não a Humanidade que move as idéias. RôRô acredita que, assim como Napoleão Bonaparte não precisou responder pelas mortes que cometeu por ter ideais grandiosos, ele próprio poderia se safar da acusação de assassinato por causa da sua teoria de "ordinários" e "extraordinários". Assim, a leitura torna-se cansativa, em muitos momentos, pois os monólogos de RôRô são arrastados e repetitivos.
Outro fator que deixou a leitura maçante são os interrogatórios da polícia. Eles servem, na narrativa, para pontuar a pressão psicológica da culpa que RôRô sente mas, a meu ver, isto já estava mais do que estabelecido pelos trechos anteriores.
Na essência, "Crime e Castigo" é uma obra cheia de camadas para aprofundamento: fala de psicologia, religião, classes sociais, política e estrutura da sociedade. Também explora como as leis e condutas ditadas pela sociedade interferem diretamente na forma de ver o mundo das pessoas. É uma obra que tem um enorme mérito e relevância, mesmo depois de mais de cem anos de sua publicação, mas, infelizmente, não gostei da leitura.
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