Enrolados, Frozen, A Pequena Sereia, remake de Cinderela, de João e Maria e de A Bela e A Fera. Todas estas novidades cinematográficas levantam uma questão: por que os contos-de-fada ainda são populares?
Foto by Anne Leibovitz |
Porque há uma separação clara entre o Bem e o Mal.
Nos contos-de-fada, não existem áreas cinzas: as personagens podem ser divididas em preto e branco. Com isso, nos sentimos confortáveis, pois sabemos os papéis que as personagens desempenham e o que podemos esperar delas. A previsibilidade do caráter da Princesa e da Bruxa, por exemplo, nos fornece um alívio para o mundo real em que vivemos.
Porque os finais são felizes.
Todas as pessoas, em algum momento de suas vidas, sentiram-se ou irão se sentir frágeis, fracassadas ou perdedoras. São sentimentos que são inerentes à condição humana e à instabilidade das coisas. Quando vemos uma personagem passando por sofrimentos, aventuras, dificuldades e problemas e, no fim de tudo, ela consegue ser feliz, nos transportamos para aquele cenário com a sensação plena de que nós também podemos ser felizes, apesar de tudo.
Porque eles estabelecem um perímetro seguro para nós.
Os cenários e os mundos fantásticos de um conto-de-fadas nos colocam a uma distância segura dos nossos sentimentos e pensamentos. Se assistimos uma relação familiar conturbada em um filme dramático alternativo sueco (!), muitas vezes, quando o filme termina, estamos tomados por uma angústia sufocante e não conseguimos elaborar o que se passou ali. Porém, se a mesma relação familiar conturbada é contada através de seres mágicos e acontecimentos inexplicáveis, o distanciamento nos permite uma aproximação maior. É um paradoxo, eu sei, e paradoxos são lindos.
Porque eles mostram que há problemas, mas também recursos.
Normalmente, em contos-de-fada, o "mundo externo" é mostrado cheio de adversidades e perigos, de montros à brejos venenosos, passando por bruxas e tempestades. Nos identificamos com isso porque os nossos mundos internos, muitas vezes, são assim. No entanto, os contos-de-fada também mostram como aproveitar os recursos que estes ambientes hostis oferecem e dar a volta por cima.
Porque eles redimensionam nossa imaginação.
Expandir a imaginação é como expandir a si mesmo. Quanto mais coisas novas somos capazes de criar em nossos próprios mundos, mais espaço ganhamos para sermos quem somos. Os contos-de-fada não tem limites para a imaginação nem para a realidade e esta noção se transfere imediatamente para nós. Podemos nos reinventar e nos recriar.
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