Por trás das estórias que nos encantam, reside muitas técnicas de escrita e alguns padrões, como estruturas narrativas, tipos de clímax e de enredo, e assim por diante. Neste post, quero falar sobre os sete tipos de heróis que existem na Literatura.
1) O Herói Que Vence (ou Herói Épico)
Este é o tipo clássico de herói, que estamos mais acostumados a ler. São aquelas personagens que, desde o início da estória, mostram-se confiantes e poderosas, conquistam o respeito e a admiração do leitor e, no final, claro, vencem suas conquistas, depois de passar por uma ou outra penúria. Como exemplo deste herói clássico, temos o Rei Arthur. Também podemos citar Aragorn, de "O Senhor dos Anéis" (J.R.R.Tolkien), em uma versão mais contemporânea do rei de Camelot.
2) O Herói Relutante
O herói relutante é aquele que não se vê como a estória o vê. Ou seja: por mais que a narrativa gire ao redor de seu valor moral, de sua força ou de sua coragem, ele mesmo não se vê como um herói, nem possui a auto-confiança de um. E essa característica de vulnerabilidade faz nós, leitores, adorá-los ainda mais e torcer por eles. Normalmente, ao final do enredo, este tipo de herói finalmente percebe quem é, e esse momento de epifania é, geralmente, o clímax da estória. Um exemplo de herói relutante é Peter Parker, da HQ Homem-Aranha (sim, HQ também é Literatura).
3) Anti-Herói Cínico
Grande parte das pessoas adoram este tipo. Vejam a comoção que o Loki, de Os Vingadores, causa. Este tipo de herói conquista o leitor pela imprevisibilidade. Às vezes, age de forma mesquinha e cínica, à margem da maldade. Porém, no clímax da estória, quando todos esperam que ele, enfim, vá tornar-se o vilão, ele faz algo inesperado e age bondosamente, resolvendo algum conflito importante da trama. Não deixa a amargura de lado, nem o sarcasmo, o que lhe confere uma maior profundidade do que um Herói Que Vence. E aqui eu faço uma reverência profunda e emocionada ao MEU ANTI-HERÓI PREFERIDO DESTA E DE TODAS AS MINHAS VIDAS: Roland Deschain, de "A Torre Negra" (Stephen King). Se você não leu e não sabe quem ele é, trate de corrigir isso imediatamente porque ele é SENSACIONAL.
4) O Anti-Herói Trágico
A diferença deste tipo para o anterior é que, ao contrário do Cínico, o Trágico não tem um final feliz na estória. Normalmente, em vez de sarcasmo e amargura, este tipo de herói é depressivo ou angustiado. Podemos detectar rapidamente um anti-herói trágico caso ele use drogas, abuse de álcool ou tenha algum comportamento auto-destrutivo. Em geral, ele se destrói mesmo, ao longo da narrativa. Pensem em Shakespeare, por exemplo, ou no Lestat de "Entrevista com o Vampiro" (Anne Rice).
5) O Herói de Grupo
Geralmente, no início da estória, este tipo de herói faz parte de alguma tribo, comunidade ou sociedade. Ao longo da narrativa, ele se lança rumo a algum lugar distante, em uma viagem arriscada, sem medo do desconhecido. No final do enredo, ele emerge deste mundo novo ao qual se lançou, se reintegrando com a antiga comunidade onde vivia, trazendo bem aventurança para todos. Como exemplos, temos A Pequena Sereia, de Hans Christian Andersen, Bilbo Baggins, de "O Senhor dos Anéis" e Katniss Everdeen, de "Jogos Vorazes" (Suzanne Collins).
6) O Herói Solitário
Este tipo é sedutor: misterioso, não faz parte de nada, está sempre à margem da moral e dos bons constumes e parece não ter nada a perder, nem a temer. Depois do Anti-Herói Cínico, este é meu tipo preferido. Em geral, ele enfrenta os desafios da estória sem auxílio de ninguém e seu pior inimigo é si mesmo: seus medos, limitações e frustrações. Meu exemplo preferido é A Esposa, de "Ensaio Sobre a Cegueira" (José Saramago). Fiz uma homenagem a ela aqui.
7) O Herói Mentor
Este tipo de herói aparece na estória como um mentor, tutor ou professor de outro herói. É uma personagem secundária no sentido de que o enredo não gira ao redor de si, mas, sem ele, a estória ficaria incompleta. São sábios e, às vezes, intimidadores. Eles não mudam ao longo da estória, porque eles já são "vitoriosos". Sua função é mudar o herói principal, ajudá-lo e desenvolvê-lo. Como exemplo, temos o Dumbledore, da saga Harry Potter (J.K. Rowling).
E aí, qual seu tipo de herói preferido?
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2 Comments
Anti herói cínico - obvio! rs* <3
ResponderExcluirMELHOR POST EVER! <333
ResponderExcluirNão que eu seja do tipo de torcer sempre para o vilão, mas, às vezes, os mocinhos são tão BURROS que eu largo mão de torcer pra eles. O Harry é um GRANDE exemplo disso. No último livro eu já estava quase dando na cara dele de tanta raiva HAHAHAHA. E lembro que senti muita raiva da Katniss também ao longo da trilogia, embora ela seja bem mais forte e corajosa do que o Harry. Digamos que o Harry é só uma peça do jogo que, ocasionalmente, se tornou a peça principal, pois ele recebe muita ajuda ao redor. E a Katniss é muito autossuficiente, tudo acontece POR CAUSA dela, ou seja, ela é a peça principal desde o início. Mas vou parar com essa minha teoria e voltar a falar de vilões! o/
Não gosto de Os Vingadores (porque nunca gostei dessas histórias de heróis), mas confesso que tenho curiosidade de ler/ver por causa do Loki. Tanta gente fala dele que eu fico com vontade de conhecê-lo. O anti-herói que mais me marcou foi o Snape. Cresci odiando-o para, no final do sexto livro, mudar a minha opinião sobre ele. Acho que esse personagem é o mais próximo de uma pessoa real que a J. K. criou, pois ele tem qualidade e defeitos e teve escolhas a quanto expor seu caráter. Acho-o genial <3
Obrigada pelo post incrível! Amei demais! :)
Love, Nina.
http://ninaeuma.blogspot.com/