Ando
bastante silenciosa nos últimos dias. O barulho ao meu redor me incomoda, as
conversas vazias, as vozes altas, os sons que vem de fora. É como se os outros
me invadissem e não respeitassem os limites invisíveis que estão ao meu redor.
Já sou silenciosa por natureza, mas quando percebo que não estou conseguindo
lidar direito com o mundo, fico ainda mais emudecida, perplexa.
O meu
silêncio abriga: medos, ansiedades, dores, confusões, dificuldades. Mas,
principalmente, meu silêncio fala da minha incapacidade. Dói descobrir quais
são os meus limites, assim como dói perceber que não consigo
ir mais além. É como se eu tivesse me ampliado o máximo possível até aqui e o
mundo achasse que não é o suficiente - nem de perto! - e me forçasse ainda mais.
O meu silêncio
é uma tentativa de descanso e de reparo das partes machucadas. Um tempo para os
meus pensamentos e para o meu coração. Acho que quebrei uma peça importante da
minha essência e percebi que, sem ela, sou fria e amarga, de uma indiferença
desapegada que não me pertence. Agora, preciso me reencontrar e me reconstruir –
mais uma vez.
Busco pela minha doçura perdida, pelas tardes de domingo ensolaradas, pela alma tola de criança: está tudo aqui, perdido e meio sem cor, mas sei que continua aqui. Tem que continuar aqui!
Não consigo
encontrar as respostas certas, e talvez eu esteja partindo das perguntas
erradas. Talvez seja melhor nem perguntar, então, e permanecer silenciosa dentro de mim,
até que os pensamentos se reorganizem em conclusões que me tragam paz e
conforto.
Enquanto
isso não acontece, vivo no mundo sem fazer parte dele, desempenho meu papel sem
me conectar completamente e busco alívio nas pequenas coisas, que são sempre as
mais bonitas. Sempre vejo beleza na vida, de um jeito ou de outro, e logo logo
conseguirei vê-la novamente.
Vai sair algo bonito do meu silêncio, tenho certeza.
1 Comments
*passa a garrafa de vinho*
ResponderExcluiré...