Já Li #156 - Pássaro e Serpente, de Shelby Mahurin

 


Com uma capa linda dessas, foi difícil passar despercebida pela obra Pássaro e Serpente, de Shelby Mahurin. No post de hoje, falarei sobre o primeiro volume, que tem o mesmo nome da série, e darei minha opinião sobre a leitura.

Publicado em 2019, o livro alterna capítulos nos pontos-de-vista de Lou e Reid. Lou é uma bruxa que fugiu de sua comunidade para morar na cidade de Cesarine, onde precisa esconder-se dos caçadores de bruxas e viver do que consegue roubar. Reid, como você já deve ter imaginado, é um caçador de bruxas que se depara com Lou e, num acordo que benefícia a ambos, um casamento é arranjado entre os dois.

Lou, na teoria, seria uma ótima protagonista feminina, e até é, mas é uma pena que o restante da história não sustente nem permita que ela cresça como deveria. Lou é bocuda, imoral, pervertida e ladra, o que para mim seria a combinação perfeita para amá-la, mas ela não engrena porque Shelby não soube construir o universo ao redor dela. Senti que ela mirou em Cealena e errou.
Reid, que foi escrito propositalmente como o oposto de Lou, também não entrega o que se propõe. Ele não tem o carisma de Chaol, por exemplo, e nem tem seu background de órfão explorado como poderia.
Mas o mais brochante deste livro é quão rápido e fácil estes dois se apaixonam. Eu fiquei pasma quando vi que, apenas alguns capítulos depois, eles já estavam trocando juras de amor, Reid renunciando à sua moral que, teoricamente, era férrea, e Lou superando o fato de que ele já matou bruxas como ela. 
Eu tinha certeza que eles iriam se entender, infelizmente, deu para notar que o enredo estava se encaminhando para este mega clichê logo de cara, mas Shelby do céu, pelo menos tenta se esforçar para trazer um suspense ou um conflito. 
Além disso, tem um feminismo muito forçado na trama, que a mim soou como um jeito de atrair o público feminino jovem. A igreja que acha que as mulheres são impuras, Lou que é sensacional porque "usa calças e fala palavrões", a pseudo liberdade sexual da protagonista que, na verdade, é um puritanismo disfarçado. Só tenho uma palavra: afe.

Assim, tentei me ancorar no mundo mágico criado para a série, na expectativa de encontrar alguma coisa que me mantivesse atenta à leitura. 
Em termos de outros personagens, outra oportunidade perdida para Shelby. Ela poderia ter desenvolvido uma trama onde o grupo é mais importante que o(a) protagonista, como Brandon Sanderson faz como ninguém, mas adivinhem só? Mais frustração. Para ser sincera, eu sequer lembro quem são os outros personagens, tamanha a ausência de construção. Tinha uma dupla de ladrões que trabalhava com Lou... André, acho?... que não servem a nenhum propósito específico na trama. Tinha Coco, que poderia ter sido tão mais do que foi. E acho que é isso.

E, por fim, eu quase achei que a previsibilidade da trama ia ser interrompida quando a mãe de Lou, uma bruxa-mor, aparece destruindo tudo o que vê pela frente como vingança pela morte das bruxas. Ela é pintada como uma vilã horrível, mas eu bem fiquei pensando que ela deveria ser a protagonista, que o livro deveria ser sobre ela se vingando dos caçadores. Aí sim teríamos um livro que eu leria com gosto.

Chegando quase no fim da leitura, a única coisa que consegui extrair do mundo mágico desta obra é que existem bruxas que fazem magia a partir do sangue, e elas sofrem preconceito das outras bruxas porque praticam uma magia "suja". Mas Shelby joga isso à esmo no enredo e prefere perder tempo com os diáologos pobres entre Lou e Reid.

Não é uma leitura que recomendo. Leia Sarah J. Maas em vez desse.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 2/5

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