Já Li #138 - A Livraria dos Finais Felizes, de Katarina Bivald

No post de hoje, falarei sobre um livro feito para quem gosta de livros. Em "A Livraria dos Finais Felizes" de Katarina Bivald, acompanhamos a linda (e esquisita) amizade entre Sara e Amy, uma amizade que venceu distâncias por causa da paixão pela literatura.

Katarina Bivald é uma escritora sueca que trabalhava meio período em uma livraria quando resolveu escrever este livro, que é seu primeiro romance. Assim, logo de cara, já sabemos que Sara, a protagonista da obra, é deliberadamente baseada em si mesma, o que não é em si algo ruim (mas fico curiosa para saber se Katarina foi capaz de escrever personagens diferentes em seus outros livros).

"A Livraria dos Finais Felizes" foi publicado em 2016 e conta a história da sueca Sara, que decide passar suas férias em uma cidadezinha americana "perdida no fim do mundo" chamada Broken Wheels, para conhecer sua amiga por correspondência Amy. Porém, quando Sara finalmente chega ao seu destino, ela descobre que Amy morreu há apenas algumas horas e, desconcertada, Sara decide permanecer na cidade até pensar o que fazer. Os habitantes de Broken Wheels insistem para que ela fique na casa de Amy e, aos poucos, Sara se acostuma com o lugar e decide ficar. Em paralelo, Sara relembra a vida que deixou para trás na Suécia e percebe que não tem absolutamente nenhum motivo para voltar, o que a deixa triste e livre ao mesmo tempo.

Eu não sei se é porque a leitura foi meio chata (como explicarei abaixo), mas eu perdi a explicação de como Sara e Amy se conheceram. Ou vai ver Katarina só deu pistas disso nas cartas que elas trocavam e eu estava distraída quando li. Fato é que, se a autora não é capaz de entreter o leitor com a premissa de toda a história, tem algo errado. Em um dado momento, eu só aceitei que as duas ficaram amigas por correspondência e segui adiante. Mas, ainda assim, o vínculo entre elas não me pareceu forte o suficiente para fazer Sara despencar de outro país só para conhecer Amy. Amy, de fato, foi descrita como uma senhora incrível, mas é difícil engolir isso quando só o que temos são meia dúzias de cartas curtas ao longo de um livro de quase 400 páginas.

Acho que o livro teria funcionado melhor se a história tivesse sido narrado em primeira pessoa por Sara. Com uma perspectiva assim, seríamos capazes de nos apegar mais à protagonista, pois saberíamos seus pensamentos e reações aos eventos de um jeito mais profundo. Além disso, Katarina teria sido capaz de colocar mais de Sara em primeira pessoa, pois Sara parece ter uma personalidade incrível que foi mal aproveitada durante o enredo. Imaginei algo como "Eleanor Oliphant Está Muito Bem" de Gail Honeyman, em que a protagonista é totalmente fora dos clichês femininos e ganhou minha conexão logo nas primeiras páginas. Vai ver a proximidade de Sara com a vida real de Katarina impediu a autora de explorar mais sua personagem. 

O que conecta com outro ponto que não gostei. Katarina, de forma geral, teve dificuldade de desenvolver seus personagens, e os únicos que tem algum tipo de identidade mais forte caem em estereótipos ou clichês. Em vários momentos da leitura, quando o nome de algum habitante de Broken Wheels aparecia ou uma subplot se desenrolava, eu me pegava pensando "Quem é esse(a) mesmo?". E como Katarina não tinha personagens fortes para se ancorar, as subplots - que poderiam ter enriquecido muito uma história, de forma geral, chata - eram tão lineares quanto todo o resto da narrativa. Não há um ápice/clímax, nem suspense, nem algo que você espere acontecer na trama, e ninguém aparece para sacudir essa mesmice.

A única parte da história que me atraiu foi quando Sara resolve abrir a livraria em homenagem a Amy e George, um alcóolatra em recuperação, a ajuda e começa a se interessar por ler chick lit. Eu estava achando muito divertido (e recompensador) acompanhar o arco de George mas, assim como todo o resto, o enredo não foi muito longe. 

Concluindo, o livro todo foi meio brochante. Não chega a ser ruim, mas está longe de ser uma leitura que eu recomendo. Infelizmente, porque a história tinha muito potencial e, os personagens, mais ainda. 

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

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