Já Li #40 - Trilogia Shannara, vol 1: A Espada de Shannara, de Terry Brooks


Para quem gosta do gênero de Alta Fantasia, ler algum livro de Terry Brooks é essencial. Ele é considerado um dos escritores com maior expressão em vendas de obras do gênero de fantasia épica e 23 livros seus foram parar na lista de bestsellers. Por isso, resolvi ler o primeiro volume da Trilogia Shannara, chamado "A Espada de Shannara".

Terry Brooks começou sua carreira de escritor enquanto estudava Direito na Wahington and Lee University. Ele conta que, em um determinado período da sua vida, quis largar tanto a faculdade quanto a carreira como advogado, mas seus pais e amigos da época o aconselharam a fazer as duas coisas ao mesmo tempo (ser advogado e ser escritor), até que uma das profissões "vingasse". Por muitos anos, Terry Brooks escrevia seus livros após o expediente de trabalho ou entre aulas da faculdade e isso me inspirou, afinal, minha vida de escritora é exatamente assim.

A Trilogia Shannara começou a ser escrita em 1977, quando o primeiro volume, "A Espada de Shannara", foi publicado. Terry Brooks abertamente se inspirou em "O Senhor dos Anéis" para escrever sua primeira trilogia de fantasia e as referências à obra de J. R. R. Tolkien são visíveis por toda a obra. 

O cenário da trilogia se passa após um holocausto que dizimou a Terra como a conhecemos, devido à radiações químicas e nucleares do que Terry chamou de A Grande Guerra. Depois deste evento, o planeta voltou para uma era pré-industrial, muito parecida com a Idade Média. Assim, o planeta foi dividido em quatro partes e cada uma destas partes abrigou um povo específico depois da Grande Guerra, de acordo com os hábitos e vida e biologia de cada um. Assim, temos predominantemente quatro habitantes do mundo: elfos, anões e gnomos, trolls e os humanos.

O protagonista deste livro é Shea Ohmsford. Ele, mestiço de humanos com elfos, vive tranquilamente em uma aldeia com seu irmão completamente humano, Flick, e o pai deles. Um dia, um estranho misterioso chamado Allanon intercepta Flick na estrada da aldeia e exige que seja levado a Shea. Lá, os dois irmãos descobrem que Shea é o último descendente da família élfica Shannara e, por isso, tem o dever de proteger a Espada de Shannara.

A dinâmica entre Shea e Flick é inegavelmente parecida com a existente entre Frodo e Sam. Assim como Frodo, Shea aceita sua missão sem muito planejamento e age conforme os eventos lhe são apresentados. Assim como Sam, Flick é uma personagem coadjuvante, por vezes, mais atuante e mais relevante do que o próprio protagonista, permitindo e facilitando que este último alcance seus objetivos na trama. 

A primeira parte do livro, para mim, foi cansativa. Allanon é um historiador e, quando encontra Flick e Shea, resolve contar a eles todos os eventos da Grande Guerra, para contextualizá-los da importância de Shea resgatar a Espada de Shannara na cidade élfica de Paranor. Contada em forma de diálogo, a história de eras de duração tornou-se monótona. Além disso, Allanon não responde perguntas e é grosseiro o tempo todo, o que também acaba tornando-o cansativo a princípio.

Passada esta parte, a narrativa torna-se ainda mais parecida com "O Senhor dos Anéis" pois os dois irmãos saem em sua missão de encontrar a Espada e rumam para a distante Paranor. Para isso, eles contam com a ajuda do amigo de Shea, o príncipe Menion. Menion e Flick não se gostam e isto provoca ora momentos divertidos da leitura, ora momentos repetitivos. Menion, no entanto, é uma personagem carismática, divertido e sarcástico, um ótimo contraponto à teimosia e desconfiança de Flick.

A Espada de Shannará servirá para combater Warlock, um mago poderoso que quer destruir a todos os povos (as semelhanças com Saruman também são diversas). Warlock se vale de seres alados noturnos assustadores para atrasar Shea (também muito similares aos Nazgûl). Como proteção, Shea e Flick tem as instruções esparsas e misteriosas de Allanon e as Pedras Élficas, que serão mais exploradas no segundo volume da Trilogia.

Ao longo da narrativa, os dois irmão acabam se separando de Menion, que adquire uma trama própria correndo em paralelo à trama do protagonista. Ambas as estórias focam na necessidade deles de fazerem aliados e recrutarem um Exército para combater Warlock e seus maléficos trolls. Assim, Shea e Menion correm atrás do apoio de elfos, anões e gnomos, bem como se outros humanos.

Para mim, a leitura foi agradável, porém, não extraordinária. As semelhanças com a obra de Tolkien foram tantas que, em um dado momento, senti como se estivesse lendo um spin-off de "O Senhor dos Anéis" e não uma obra, teoricamente, original. Os elementos épicos em si me agradaram - a busca pela Espada, a estória perdida dos elfos, a Grande Guerra, etc. - mas os acontecimentos da trama não, pois os achei óbvios e esperados. A leitura vale pelas personalidades de Shea, Flick e Menion, que foram personagens bem escritas e interessantes, ainda que sem um grande aprofundamento de suas características.

Terry Brooks, posteriormente, escreveu os eventos cronologicamente anteriores aos eventos de "A Espada de Shannara", em três livros publicados a partir de 2006: "A Gênesis de Shannara", "Lendas de Shannara" e "O Primeiro Rei de Shannara". Existem, também, contos sobre o mesmo tema que são pequenas estórias paralelas aos livros e uma série de TV baseada no segundo livro, "As Pedras Élficas de Shannara". Ou seja, para quem gostar deste universo de Terry Brooks, conteúdo não faltará.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

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