Sugestão de Leitura | Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

Desde que escrevi sobre minhas cinco distopias preferidas, tinha em mente falar um pouco mais sobre umas delas: Fahrenheit 451, de Ray Bradbury. Publicada em 1953, não perdeu o sentido nem a importância mesmo depois de transcorridos 63 anos de sua origem.

O livro se passa em um futuro indeterminado, onde os livros são considerados um perigo para a sociedade. Para combatê-los, existe uma equipe de bombeiros que é responsável por patrulhar a comunidade e verificar se ninguém está praticando o ato mais ilegal de todos: ler. Caso alguém esteja fazendo isso, os bombeiros não só queimam todos os livros e bens materiais daquela pessoa, como também a levam presa - e, em alguns casos, deixam a pessoa em sua casa para morrer queimada.

A sociedade desta distopia, além desta questão dos livros, também é mostrada como cruel e violenta, apresentando trechos breves de atos irracionais que as pessoas cometem nas ruas. O governo, então, para retomar o controle da população, reforça mais ainda a repressão à cultura.

O protagonista do livro é Guy Montag, um bombeiro que não concorda com a prática de queimar os livros. Em uma das "cenas do crime", ele encontra um livro que deseja ler e o esconde em sua própria casa.

Em paralelo a isso, uma nova vizinha chega, chamada Clarisse McClellan. Clarisse é libertária e possui um espírito tremendamente questionador. Quando Montag a conhece, ele começa a rever cada vez mais e mais seu papel de bombeiro naquela sociedade. Além disso, Clarisse é exatamente o oposto de sua esposa, Mildred, que na estória representa o povo dominado, conformado e ignorante - exatamente o que Montag luta para não se tornar.

O enredo, então, se desenvolve a partir da crise existencial de Montag e de seu medo de ser pego com os livros - sua biblioteca aumenta cada vez mais, a cada dia que passa. Vemos a luta dele para se desvencilhar de um estilo de vida que ele não concorda e que não lhe pertence mais e, para isso, ele precisa não apenas largar seu emprego como divorciar-se.

Ao mesmo tempo, Bradbury apresenta, aos poucos, a distopia: as tecnologias que são usadas por aquela sociedade, as formas de dominação do governo, os costumes da época e as leis totalitárias, indo além da questão da queima dos livros. O autor faz isso de uma forma sútil, sem encher o leitor com termos técnicos e tecnologias inalcançáveis como muitas distopias fazem. Por isso, para quem ainda não iniciou neste gênero literário, Fahrenheit 451 é uma boa opção.

Na essência, Fahrenheit 451 é uma crítica ao estilo norte-americano de vida que, segundo Bradbury, não valoriza a cultura nem a intelectualização das pessoas. Falecido em 2012, o autor reiterou o caráter crítico da sua obra em diversas entrevistas ao longo de sua vida. É uma ficção especulativa que, sem dúvidas, vale a leitura.

3 Comments

  1. Quando li esse livro eu me apaixonei completamente! Minha conexão com ele foi enorme, principalmente pela Clarisse. Quero muito reler. E ainda preciso ver o filme. <3

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    1. A Clarisse é ótima, adoro ela! E também preciso ver o filme!!

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  2. Eu amei a sua dica de cinema. Esse é um dos meus livros favoritos! Eu também preciso ver o filme. Fahrenheit 451 se tornou em uma das minhas histórias preferidas desde que li o livro Fahrenheit 451, e quando soube que seria adaptado a tela grande, fiquei na dúvida se eu a desfrutaria tanto como na versão impressa, mas vi o trailer e parece bom!. Considero que um fator que vai fazer deste um grande filme será a atuação de Michael B Jordan, seu talento é impressionante. Já estou esperando ansiosamente.

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