"O Retrato de Dorian Gray" foi escrito por Oscar Wilde em 1890. Fala de um retrato de Dorian pintado por Basil Hallward. Dorian era considerado o jovem mais belo da sociedade e era extremamente idolatrado por homens e mulheres. Através de Basil, Dorian conhece Henry Wotton, um lorde que prioriza o prazer acima de todas as coisas e filosofa sobre a vida e as paixões. Dorian logo se vê encantado e arrastado pelas teorias de Henry e começa a praticar inúmeras "imoralidades". Porém, a cada ato pecaminoso que ele comete, sua imagem na pintura feita por Basil vai se desconstruindo, desfazendo e apodrecendo. Por fora, Dorian não envelhece nunca, mantendo-se jovem e lindo de uma forma mágica.

Além disso, grande parte do livro dedica-se aos discuros filosóficos de Henry, que provocam no leitor e em Dorian profundas reflexões sobre a forma como vemos a moral, os bons costumes e os pecados. O livro não é contravensor nos fatos, e sim, nas idéias. Portanto, quando Dorian diz que vê sua imagem na pintura sendo desfigurada, o leitor não sabe exatamente o quê ele fez, apenas sabe que ele fez alguma coisa "imoral".
No filme de 2013, o diretor Oliver Parker resolveu preencher todas as lacunas que Oscar Wilde deixou para a imaginação. Ou seja, no longa-metragem, mostra-se todos os pecados que supostamente Dorian cometeu e sua transformação é caracterizada de "bonzinho" a "vilão", de um jeito marcado e meio caricato.
O livro ou o filme? O livro.
O filme destrói todas as reflexões em torno do que é moral ou imoral. Ele não dá espaço nenhum ao espectador de pensar e tirar suas próprias conclusões. Com isso, o Dorian do filme é reduzido a um cara libertino, que usa ópio, é bissexual e participa de umas orgias esquisitas. E só. Acontece que esta é a concepção do diretor de "imoralidade", não a do Dorian. Não há profundidade no filme, o que o torna muito ruim. Além disso, no livro, Dorian se transforma ao longo da estória, mas não se torna um vilão, como no filme.
Além disso, o filme fez algumas adições desnecessárias, principalmente no final, que descaracterizam ainda mais Dorian.
Ou seja: o livro faz o leitor pensar e se envolver na trama, enquanto o filme impõe ao espectador noções pré-concebidas e rasas. Vá no livro!
Discussão anterior: Coraline (Neil Gaiman) - O livro ou o filme?
0 Comments