Já Li #218 - Rouge, de Mona Awad

 


Não sei definir o gênero literário de "Rouge", escrito por Mona Awad, e também não sei identificar meus sentimentos em relação à obra. Seria um realismo fantástico, uma fantasia ou uma obra sobre insanidade? Vamos discutir um pouco sobre isso neste post.

Publicado em 2023, Rouge acompanha a história de Belle, uma balconista de loja de roupas obcecada por skin care. Após a morte inesperada de sua mãe, de quem estava distante, ela retorna ao sul da Califórnia para o funeral, onde encontra uma misteriosa mulher de vermelho que lhe oferece uma pista sobre a morte repentina de sua mãe. Belle é atraída para o mesmo spa/seita que encantou sua mãe. Lá, ela descobre segredos de família e mergulha ainda mais no lado obscuro da beleza.
Enquanto ela está no apartamento da mãe (Noelle) e começa a investigar sua vida, ela descobre que Noelle acumulou dívidas consideráveis ​​e estava vivendo um estilo de vida que levanta muitas questões sobre sua morte. Ao vestir os sapatos vermelhos que sua mãe amava, Belle é magicamente levada para uma mansão à beira de um penhasco, onde existe um spa/seita de beleza. Belle, então, começa a passar pelos mesmos tratamentos que Noelle fez e, aos poucos, vai perdendo sua sanidade e sua identidade.

Temos espelhos mágicos, águas-vivas vermelhas que parecem ter consciência, figuras vestidas de preto com o rosto coberto por véus, e até um detetive misterioso. 

A escrita de Awad parece um conto de fadas sombrio e psicodélico sobre uma mulher que perde a mãe e então se lança por um caminho perigoso em busca de juventude e beleza. O livro é quase como um sonho ou um delírio, a história é repleta de imagens deslumbrantes em vermelho, branco e preto, e há nuances de Branca de Neve e até mesmo de Tom Cruise (mas não exatamente) em suas páginas. Como leitor, ficamos sem saber o que é real e o que é fantasioso na história de Belle.
Awad nos entrega um conto de fadas gótico surreal, onírico e aterrorizante com Rouge — um livro que inicialmente me fez questionar se era realmente para mim. Eu esperava por uma narrativa direta e personagens críveis e confiáveis, mas não é isso que este romance oferece.

O ritmo do romance pode ser irregular às vezes, com certas seções arrastadas, enquanto outras parecem apressadas. Essa inconsistência no ritmo prejudica o fluxo geral da narrativa e pode fazer com que os leitores se sintam desconectados da história. Este ponto do ritmo somado ao surrealismo que mencionei antes podem fazer muitos leitores desistirem da obra, mas eu segui até o fim curiosa para saber como toda aquela insanidade iria terminar. No fim, Awad traz o livro de volta "à realidade" e oferece respostas concretas sobre o futuro de Belle - o que foi um grande alívio para mim.
Além disso, embora Awad escreva muito bem, às vezes o texto soa pretensioso. Há momentos em que a linguagem parece excessivamente ornamentada, obscurecendo a clareza da narrativa e dificultando a imersão total do leitor no mundo do romance.

Quando cheguei ao final, não consegui decifrar o que tinha lido e nem o que senti a respeito da obra. Na segunda metade da leitura, eu desisti de entender de verdade o que estava acontecendo  decidi apenas me envolver na escrita lírica e nos jogos de palavras - e nas aparições absurdas de Tom Cruise, que não era o Tom Cruise de verdade.

Acho que quem gosta de ficção estranha em geral, principalmente com uma escrita bonita, pode gostar deste livro, mas não é uma leitura que recomendo a todos.
Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 3/5

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