Já Li #214 - O Caso Alaska Sanders, de Joël Dicker

 

Fazia tempo que eu queria voltar a ler Joël Dicker, e finalmente tive a oportunidade de ter acesso à sua obra "O Caso Alaska Sanders". Neste post, falarei um pouquinho sobre a leitura.

Também temos resenha de "A Verdade sobre o Caso Harry Quebert", que você pode ler aqui.

Publicado em 2024, "O Caso Alaska Sanders" é, de certa forma, uma continuação do livro "A Verdade sobre o Caso Harry Quebert". Isso porque o protagonista, uma vez mais, é o escritor Marcus Goldman que, depois de ficar famoso com o livro sobre Harry Quebert, após doze anos, reencontra o detetive Peter Gahalowood para desvendar outro assassinato, agora da garota Alaska Sanders. Por isso, caso você não tenha lido "Harry Quebert" ainda, recomendo começar por ele.

Alaska, uma modelo aspirante a atriz, aparece morta na cidadezinha de Mont Pleasant. Na ocasião da investigação do homicídio, seu namorado, Walter, confessou o crime junto com seu melhor amigo, Eric, e o caso foi fechado. Porém, onze anos depois deste episódio, desesperadamente em busca de uma nova história para um livro, Marcus Goldman encontra este caso e resolve ir investigá-lo. Para isso, ele decide envolver seu amigo, Gahalowood que, agora viúvo, precisa encontrar um propósito para sua vida. Gahalowood recebe uma carta anônima dando a entender que ele prendeu a pessoa errada, e que o real assassino de Alaska continua solto. 
Gostei bastante do aprofundamento do relacionamento entre os dois, e achei que Gahalowood ganhou um arco muito interessante neste livro. A impressão que eu tive foi que, neste, me apeguei mais a ele do que em "Harry Quebert"

No que se refere ao caso de Alaska em si, a narrativa é interessante e há uma boa dose de suspense. A dupla descobre que a confissão de Walter foi forjada por outro policial, e que Eric foi acusado como cúmplice de maneira injusta, pois o real assassino plantou as pistas que levaram a investigação a ele e Walter. A primeira parte da investigação me deixou entretida na leitura, pois fiquei curiosa para entender se Eric era ou não inocente.
Na segunda parte do livro, quando os eventos começam a desencadear para o fim, gostei um pouco menos - mas ainda gostei. Dicker realmente trouxe uma personagem inesperada como o real assassino, mas achei a história toda muito enrolada. A sensação que tive foi que, primeiro, Dicker pensou quem seria o assassino, e depois se virou para amarrar as pontas soltas. Não gostei muito de como o real assassino contou sua versão, achei meio sem criatividade - ele (ou ela) confessou tudo em um monólogo um pouco entediante.

Por outro lado, o livro também é sobre Marcus Goldman, e sua vida - e acho que demorei um pouquinho para perceber isso. Não acho ele um personagem interessante, então vai ver que é por isso que não me importei muito com ele. Aqui vemos sua dificuldade de estabelecer um relacionamento amoroso duradouro, e também sabemos o que acontece entre ele e Harry Quebert após os eventos do livro anterior. 

Apesar de estar no título, Alaska é a personagem menos relevante do livro. Só sabemos sobre ela de maneira indireta, ou seja, através dos depoimentos das pessoas relacionadas ao seu caso. Eu gostaria de ter sentido mais curiosidade sobre ela, ou de ter sentido falta de não escutar o seu ponto-de-vista, mas isso não aconteceu. Ela é descrita como uma moça perfeita, por dentro e por fora, e senti falta de maior profundidade de sua personalidade.
Quando Eleonora entra na narrativa, fiquei pensando que eu preferia ter lido a história sobre a morte dela e da perspectiva de sua vida, pois acho que, como personagem, ela tinha mais a oferecer.

Mas tenho que dizer que fiquei confusa várias vezes, porque existe um livro dentro do livro, ambos com o mesmo nome, e a narrativa vai e volta no passado de Goldman o tempo todo, abrindo várias histórias em paralelo, sem, necessariamente, concluí-las. Por exemplo, ficamos sabendo da ex-namorada de Goldman, Alexandra, e de seus primos de Baltimore, mas Dicker não aprofunda essas histórias, pois elas fazem parte de outro livro chamado "O Livro dos Baltimore".

De forma geral, é uma leitura que recomendo, sobretudo para quem gosta de tramas policiais. A leitura entretém, e sigo achando Dicker um bom escritor, e que pretendo ler mais obras suas.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 3/5

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