Perplexidade e Silêncio
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Este post será uma mistura de resenha com reflexão pessoal. Ler o segundo volume dos diários de Virginia Woolf me fez pensar sobre várias coisas da minha própria vida, e quero compartilhar tudo isso com vocês.

Antes de começarmos, aqui no Perplexidade e Silêncio temos muitos posts sobre a obra de Virginia Woolf e vocês podem conferi-los aqui. Se quiserem ler a resenha do primeiro volume de seus diários, ela está disponível aqui.

A primeira reflexão que fiz ao ler sobre seus diários é sobre a chegada dos 39 anos de idade que, consequentemente, li exatamente na semana em que eu mesma fiz 39 anos. Virginia escreve sobre a sensação estranha que é perceber a velhice se aproximando e, ainda pior, a juventude se distanciando, no sentido de que algumas oportunidades perdidas parecem ainda mais definitivas e assustadoras. A chegada desta idade fez Virginia refletir sobre como a vida é trágica e, ao mesmo tempo, linda, e esses sentimentos profundos a deixaram melancólica e distante por vários dias. Tenho passado pelo exato mesmo processo atualmente, e me senti confortada em saber que minha escritora preferida passou pela mesma experiência, há 102 anos atrás. 

Junto com essa reflexão, no ano seguinte, quando Virginia completa 40 anos de idade,  lhe vem a constatação de que "não há mais volta" e ela não será mãe. Comenta sobre sempre ter sido muito consciente da decisão de não ter filhos - imaginem isso em 1920, era realmente muito revolucionário e chocante para a época - e, ao completar os 40 anos, Virginia percebe que dali em diante terá que lidar com as consequências desta decisão, que, para ela, são basicamente ao redor de uma velhice solitária sem ninguém para cuidar dela. Estou passando exatamente pela mesma reflexão, também, e foram trechos que mexeram bastante comigo ao longo da leitura.

Por outro lado, Virginia comenta que sente que encontrou sua própria voz somente aos 40, e dali em diante passa a receber as críticas negativas à sua obra de maneira muito mais leve. Já não busca tanto a aprovação dos críticos e intelectuais com quem convive e, mais que isso, começa a enxergar certa tolice e burrice neles, que antes dominavam seus pensamentos. 
Também me surpreendeu que Virginia, na época destes diários, tinha vendido "apenas" 800 cópias de seu livro "O Quarto de Jacob", o que era considerado muito. Mas é bizarro pensar que uma escritora do calibre de Woolf tenha atingido tão poucas pessoas de sua época, e tenha ficado realmente popular apenas depois de sua morte.
Também vemos ela começando a escrever o conto que daria origem à obra-prima "Mrs. Dalloway" e meu coração se encheu de alegria ao acompanhar o processo de algo que marcou a minha vida pessoal.

Gosto das partes que ela menciona seus contemporâneos Katherine Mansfield e Aldous Huxley. Sobre o diário em si, é um livro para fãs. Há que se dizer que, por vezes, é uma leitura chata, uma vez que Virginia fala de pessoas e coisas que para nós soa irrelevante, sobretudo a avalanche de nomes de nobres intelectuais entediantes. É uma leitura que só vale a pena para quem admira a escritora e quer saber mais sobre sua vida e sobre a forma como ela via o mundo. 

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 3/5

 



A resenha de hoje é a coletânea de contos da escritora argentina Mariana Enríquez, chamada "Os Perigos de Fumar na Cama". 

"Os Perigos de Fumar na Cama", publicado em 2023, reúne doze contos inspirados em clássicos do terror: fantasmas, bruxas, brincadeiras com espíritos, visões e mortos que voltam à vida. Vou falar um pouquinho de cada um deles.

O desenterro da anjinha - O conto de abertura do livro é sobre uma moça que desenterra um esqueleto do quintal da avó, esqueleto este que a avó denominou de anjinha. Depois deste desenterro, o fantasma da anjinha começa a acompanhar a moça em tudo o que ela faz, e passa a fazer parte de sua vida cotidiana.
A Virgem da pedreira - Narrado na terceira pessoal do plural (o que achei incrível), o conto narra a inveja que um grupo de amigas tem da amiga negra deles, que consegue um namorado cobiçado e bonitão. Permeado por racismo, o conto trata de bruxaria e maldições. Bem escrito e interessante.
O carrinho - Depois de uma briga com moradores de um bairro, um homem em situação de rua larga seu carrinho para trás, com todas as suas quinquilharias nele. Imediatamente, o bairro todo começa a cair em desgraça, de assassinatos a suicídios, passando pela miséria extrema e desgraças em sequência. Também interessante. 
O poço - Uma menina faz parte de uma família extremamente medrosa, e ela mesma se torna assim, a ponto de ela não sair na rua nunca, sob nenhuma hipótese. Ela então descobre que este medo é uma maldição que, propositalmente, sua família deixou passar para ela. O começo do conto estava legal, mas achei o desfecho um pouco solto demais.
Rambla triste - Visitando um casal de amigos em Barcelona, uma jovem não consegue ignorar o cheio de podridão que sente pela cidade, que logo depois vem seguido do avistamento de uma criança, que a segue por todos os lados. Um conto sobre os fantasmas de criança que rondam Barcelona. Não sei se foi baseado em fatos reais ou lendas urbanas de Barcelona, e gostei do conto, poderia facilmente ser um livro.
O mirante - Um dos meus preferidos. Uma moça vai para um hotel isolado, em busca de alívio para sua depressão. Lá, ela encontra uma mulher que a leva e a prende em um mirante, até que "morra de loucura". Esta mulher é um fantasma que habita o hotel e que se diverte levando as pessoas ao suicídio. Este conto daria um excelente filme, consegui até imaginar trilha sonora e fotografia.
Onde está você, coração? - O conto sobre o fetiche mais bizarro que já li, e por isso mesmo um dos meus contos preferidos. O fetiche é sobre pessoas doentes e comer corações humanos. É disso para pior, mas vale a leitura.
Carne - Um conto sobre duas fãs de um cantor pop morto, que decidem violar seu túmulo para comer seus restos mortais. Achei mal desenvolvido e não gostei muito do tema.
Nem aniversários nem batizados - Acredito que Enríquez gostaria que este conto fosse sobre outro fetiche bizarro, mas acho que não funcionou muito bem. Um moço é contratado pelos pais de uma adolescente para filmarem o momento em que ela é abusada por espíritos. Deveria ser sobre voyeurismo, acho eu, mas não funcionou muito bem. Não gostei.
Garotos perdidos - Este conto também daria um ótimo filme! Crianças desaparecidas de Buenos Aires começam a aparecer espalhados pela cidade, ao mesmo tempo, sem que o tempo tenha passado para eles desde o dia do desaparecimento. Ninguém sabe o motivo deste fenômeno. Gostei muito, o meu favorito de todo o conto.
Os perigos de fumar na cama - Por ser o conto que dá nome ao livro, esperava mais. É sobre uma senhora que morre depois de um incêndio causado por seu cigarro, enquanto fumava na cama, e tudo indica que ela o fez de propósito. 
Quando falávamos com os mortos - Meninas adolescentes se juntam para brincar de ouija e invocam espíritos. O conto estava indo bem, mas terminou antes do que deveria, e eu não entendi muito bem o final. 

Mariana escreve muito bem. A forma como ela cria cenários e personagens complexos em tão poucos caracteres é louvável, e eu fiquei muito imersa nos mini-universos que ela criou, mesmo naqueles contos que não gostei tanto. É uma leitura simples, rápida, que eu recomendo. 

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 3/5

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A Escritora

Escritora há 25 anos e psicóloga de formação. Procura os detalhes da vida que passam desapercebidos e as bonitezas que ninguém vê. Faz perguntas incômodas porque gosta de uma boa reflexão. Não caminha pelos lugares-comuns e, quando o faz, faz com convicção. Imagina, sonha e pensa demais. Fala pouco, mas quando fala, por favor preste atenção.

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