Já Li #188 - Nas Montanhas da Loucura, de H.P. Lovecraft

 

Faz anos que venho adiando o plano de ler H.P. Lovecraft, considerado por muitos como o melhor escritor de terror. Finalmente me rendi e, nesta resenha, falarei um pouco sobre "Nas Montanhas da Loucura". 

H. P. Lovecraft é um escritor do início do século 20, falecido em 1937. O que eu mais gosto da biografia de Lovecraft é que ele é considerado um escritor de "weird fiction", ou seja, "ficção estranha", já que os temas que ele aborda navegam entre terror, ficção-científica e fantasia. Ele criou todo um universo muito próprio, onde as histórias se conectam, e este conto é só uma pequena parte dele.

A história de "Nas Montanhas da Loucura" é narrada em primeira pessoa, pela perspectiva de William Dyer. Dyer e seus colegas cientistas organizaram uma expedição para a Antártica, e coisas muito esquisitas começaram a acontecer aos cientistas - como desaparecimentos, mortes violentas, instrumentos quebrando de repente, etc. Depois de todos os eventos, Dyer resolve registrar o que viu nesta expedição, para alertar outros cientistas a não irem para a Antártica.

Infelizmente, esta foi uma das leituras mais chatas da minha vida. 
O primeiro ponto foi o rebuscamento ridículo do vocabulário. Eu entendo que, sendo um escritor do século passado, obviamente seu estilo de escrever refletiria este período, mas eu também já li Jane Austen e não quis morrer depois de um capítulo. O rebuscamento me pareceu pedante, esnobe, como se H. P. Lovecraft, de propósito, quisesse afastar as pessoas de sua literatura, e torná-la algo apenas acessível para poucos. Num dado momento, o vocabulário estava tão absurdo que eu comecei a grifar as palavras que eu nunca tinha visto na vida só para ter um pouco de diversão. Trago aqui alguns exemplos para vocês passarem raiva comigo: denodo - cártulas - comancheana - báratros - orográfico - ignaros - nefando - antigualhas, e muitas, muitas outras palavras assim. Insuportável.

Outro ponto entediante da leitura são as incontáveis descrições de blocos de gelo, paisagens e montanhas, ângulos da luz refletindo nas geleiras, e assim por diante. Eu entendo que Lovecraft talvez quisesse comunicar a atmosfera estranha e misteriosa da narrativa, e demonstrar, através dos relatos de Dyer, como tudo aquilo era alienígena e primitivo. Mas uma descrição já seria o suficiente, não era necessário repeti-la em todos os capítulos até o final do conto. Num determinado momento da leitura, esse excesso de descrições somado ao vocabulário me fez não dar a mínima para Dyer, ou para a expedição.

Além disso, temos também a menção aos seres alienígenas que, aparentemente, ainda vivem por ali e mataram quase todo o grupo de expedição. A ideia destes seres é algo interessante, a princípio, mas obviamente a forma de escrever de Lovecraft estragou tudo. Para mim, não despertou curiosidade e muito menos engajamento com a leitura, e eu quase desisti várias e várias vezes.

Em suma, no final, ele não mencionou nada que se assemelhe a uma história: nenhum senso de personagem, psicologia, ritmo, tom, enredo, estrutura, tema, clímax, cenas cruciais, conflito, tensão, estilo, linguagem, diálogo. A narrativa não contém nenhum elemento. E, por isso, definitivamente não é uma leitura que eu recomendo.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 1/5

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