O livro ou a série? Sombra e Ossos, de Leigh Bardugo


Teve uma época que, para onde quer que eu olhasse, eu via o nome da Leigh Bardugo. Parecia que todas as pessoas do mundo estavam lendo seus livros e eu era única que não sabia do que se tratava. Aí, quando saiu a série na Netflix de "Sombra e Ossos", resolvi ceder ao hype e, ainda bem, não me arrependi. No post de hoje, falarei sobre ambas as obras, livro e série, e as principais diferenças entre elas.

Vou começar falando um pouquinho sobre o livro. "Sombra e Ossos" é o primeiro volume da Trilogia Grisha, publicado em 2012. O livro é narrado em primeira pessoa por Alina Starkov, uma orfã que cresce na cidade de Keramzin ao lado de Mal, também orfão. Ela se torna a cartógrafa do Exército Real enquanto Mal é um rastreador, e o livro começa com eles aguardando para executar a missão aterrorizante de atravessar a Dobra. 
A Dobra é uma espécie de "túnel" mágico, originado por forças malignas, que abriga os volkras, criaturas monstruosas que são atraídas pela luz e pelo calor dos corpos dos humanos. Toda a dominação do Império é baseada em de que lado da Dobra você está.
Outra cidade de Ravka é Os Alta, onde vivem os Grishas. Eles são pessoas capazes de dominar os elementos (fogo, água, ar, terra) através da Pequena Ciência, e são considerados os seres mais poderosos do Império. Enquanto atravessa a Dobra, Alina descobre que não somente é Grisha, como é a Grisha mais poderosa de todos os tempos. Ela então é sequestrada pelo Darkling, que é a figura de autoridade dos Grishas, e levada para longe de Mal.

A primeira diferença entre o livro e a série da Netflix é que. embora a protagonista seja Alina, a narrativa não é inteiramente baseada nela - o que é algo bom. Alina é uma personagem interessante, mas eu prefiro como a série trouxe outros personagens com destaque ao longo da história, para balancear um pouco os acontecimentos e, também, adicionar mais ação e movimento à trama.

E, nessa linha, eu adorei os personagens de Kaz Brekker, Inej Ghafa e Jesper Fahey, que não aparecem no livro (pelo menos não no primeiro). Na verdade, para ser sincera, na série eu me interessei mesmo pelo núcleo deles e não estava dando a mínima para Alina. O trio tem uma vibe meio Peaky Blinders/meio Brandon Sanderson que eu me apaixonei imediatamente, e achei as narrativas de todos muito bem construídas. Inej, inclusive, ganhou o posto de crush.
Eu li que fizeram isso de propósito porque querem fazer um spin-off com o trio e tudo o que tenho a dizer é ONDE EU ASSINO.

Outra diferença que eu percebi foi o tom de romance entre as obras. No livro, eu fiquei um pouco entediada em alguns momentos quando Alina tinha pensamentos românticos ora sobre Mal, ora sobre o Darkling. Se fosse eu ali, descobrindo que sou a Grisha mais poderosa de todos os tempos, que estou sendo feita de otária pelo Darkling e que tenho a responsabilidade de salvar o Império, a última - última! - coisa que ia passar pela minha cabeça é dar uns amassos no Mal numa noite fria de inverno fugindo do Darkling. Eu até achei meio ridículo.
A série diminuiu um pouco esse tom, o que foi ótimo, mas ainda assim me vi revirando os olhos quando Alina se apaixona pelo Darkling. Eu entendo, ele é o Ben Barnes, ele é misterioso e poderoso, mas por favor, não seja essa garota clichê da literatura.

Além disso, eu gostei da Alina do livro mas não gostei da Alina da série, e acho que o problema foi a interpretação da atriz Jessie Mei. Fiquei com a sensação que ela demorou para engrenar na personagem e só lá perto do final da primeira temporada que me afeiçoei com ela.
O que conecta com outra diferença que é a raça de Alina. Na série, ela é uma shu, algo equivalente aos asiáticos, e sofre bastante preconceito por ser diferente. No livro, não há nenhuma menção a isso e, quando os shus são mencionados, é somente no contexto de que o Darkling visa dominá-los através da Dobra. 

Um ajuste que a Netflix fez foi "dar um nome" ao Darkling, para que a audiência se conectasse melhor com o personagem. Assim, ele começa sendo o General Kirigan, e só depois Alina descobre que ele é o Darkling e, por último, que é o Herege. 

Por fim, literalmente, o final da série é melhor do que no livro. No livro, Alina é movida pelo seu amor por Mal e descobre o tamanho do seu poder quando tenta salvá-lo dos volkras, ou seja, meh. Na série, fiquei com a sensação de que aprofundaram um pouco a jornada de autodescoberta dela (soei como a Lumena agora, não?) e achei muito mais interessante.
Assim, de forma geral, depois de pensar um pouco, o veredito é: eu prefiro a série, mas o livro é bom também. Acho que vale a pena ler o livro só se você gostou muito da série, como que para matar as saudades da história, mas o livro em si mesmo não me motivaria a continuar a trilogia.

E você, o que acha dessas obras? Deixe aí nos comentários que vou adorar saber! (:


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