Uma das melhores coisas da série Gilmore Girls era a Lorelai Gilmore, também conhecida como Rory. Inteligente, estudiosa, sem paciência para relacionamentos amorosos adolescentes e criada pela mãe solteira, Rory é uma daquelas personagens femininas que nos inspiram até os dias atuais. Ao longo da série, ela menciona 340 livros e este desafio é sobre ler todos eles. Para saber quais livros do desafio o Perplexidade e Silêncio já leu, clique aqui (alguns posts são feitos para outras sessões do blog, mas fazem parte da lista de livros da Rory).
Me interesso muito em conhecer escritoras de ficção-científica, pois é um gênero literário ainda muito dominado pelos homens e que precisa de uma maior representatividade. Com isso, já conheci os incríveis trabalhos de Ursula K. Le Guin (A Mão Esquerda da Escuridão e O Ciclo Terramar) e Margaret Atwood (Oryx e Crake). Daí surgiu meu interesse em ler Joan D. Vinge, que inclusive já ganhou um dos prêmios mais importantes de literatura scifi, o Hugo Awards.
O livro “A Rainha de Gelo”, de 1980, foi inspirado no conto de mesmo nome do escritor de contos-de-fada Hans Christian Andersen. Deste conto, Joan tirou a noção de uma Rainha que governa e controla o Inverno, feita de gelo e dotada de uma personalidade cruel e fria. A partir disso, Joan criou o pano de fundo de ficção-científica da estória, onde existe um planeta feito de oceano, chamado Tiamat, que fica dentro de um buraco negro. Para comunicar-se com o restante da galáxia, Tiamat tem um buraco de minhoca que funciona como um portal para a Hegemonia (os outros planetas).
Em Tiamat, o planeta demora 150 anos para completar uma volta ao redor da própria órbita. Por isso, os ciclos do planeta são contados neste período de tempo. Por 150 anos, o planeta ou fica imerso no Inverno ou imerso no Verão, alternando os poderes entre as Rainhas do Gelo e as Rainhas do Verão, que morrem automaticamente ao fim do ciclo de 150 anos. Porém, as viagens para a Hegemonia só são possíveis durante o Inverno, pois a órbita no Verão fica longe do buraco de minhoca.
Aqui, cabe uma observação minha. Todos estes aspectos da estória só se tornaram claros quando busquei auxílio na Internet para compreender a narrativa, pois Joan falhou miseravelmente em descrever as premissas de seu livro ao leitor. Até a metade da estória, o enredo estava ininteligível e por pouco não desisti da leitura. Só a retomei de ler estas explicações que iniciaram o post.
Dentro deste contexto, a estória tem como protagonista Moon, um clone da Rainha de Gelo – chamada Arienrhod - fabricado propositalmente para tomar o trono da Rainha do Verão e, assim, permitir que Arienrhod fique 300 anos no poder, e não apenas 150. Em paralelo a isso, Tiamat invade a Hegemonia para sequestrar e/ou matar criaturas chamadas mers, semelhantes a sereias e que detém uma substância capaz de garantir a imortalidade – algo que Arienrhod também quer.
Existem alguns personagens coadjuvantes que auxiliam Moon em sua busca pela verdadeira identidade, bem como também tem participação em seu plano de desmascarar Arienrhod. Porém, estas personagens são fracas e não imprimem grandes conflitos à narrativa, dando a sensação de que Moon, no final das contas, faz tudo sozinha. Mesmo o drama com os mers foi mal aproveitado, pois tinha potencial para ser o foco da estória, e não algo secundário como foi colocado.
De forma geral, juntando todos estes aspectos negativos, não gostei do livro. Achei uma obra de ficção-científica mal escrita, apesar do grande potencial das premissas. Tenho a sensação de que Joan teve as idéias mas não soube concatená-las, nem explorá-las. E, por fim, as personagens não são cativantes, nem mesmo Moon ou Arienrhod que são as principais; ambas carecem de carisma e força, pois Moon não convence como heroína e nem Arienrhod como vilã.
Por isso, não é uma leitura que recomendo, infelizmente.
1 Comments
OI OI OI, eu voltei.
ResponderExcluirAcho que vi esses livros em alguns blogs além do seu, mas nunca tive real interesse. Achava que era de fantasia até, porque a capa passa bastante essa ideia (pelo menos para mim). Só de você dizer que a autora não deu explicações para as coisas já me deixa desanimada. Acredito que o autor faz metade do trabalho e o leitor, a outra metade, e por isso o autor não precisa "mastigar" tudo, mas em casos assim acho que é necessário, porque não adianta você escrever algo e deixar todo mundo no ar, né. Se é algo subjetivo, até tudo bem, mas essa história tem linearidade, né. Que pena que não funcionou.
Love, Nina.
http://ninaeuma.blogspot.com/