9 Dicas para Escritores, de J. R. R. Tolkien


J. R. R. Tolkien escreveu "O Senhor dos Anéis" em 1954 e "O Hobbit" em 1936. Até hoje, suas obras arrastam uma legião de fãs (me incluo nessa) e inspiram mais outra multidão de escritores. Tolkien morreu aos 81 anos, no início de década de 70, e manteve-se criativo e produtivo toda sua vida. Além de suas obras, que permeiam - e permearão - muitas gerações, ele deixou algumas dicas para escritores.



Muitos escritores reclamam que não são publicados e culpam todas as variáveis existentes no processo editorial. Se um destes escritores resmungasse sobre seus infortúnios a Tolkien, ele perguntaria: "Sua obra realmente é boa?". Pode ser que não seja, e não há nenhum problema nisso. Um bom escritor deve ter consciência de suas falhas para poder melhorar e evoluir. Tolkien revisou "O Senhor dos Anéis" incontáveis vezes e ainda achava que a estória não estava boa.


"O Hobbit" demorou sete anos para ser escrito. Neste período, Tolkien sofreu uma série de problemas em sua vida pessoal - de doenças à perda de seu filho, morto na Marinha Real. A diferença é que ele deixava todos estes problemas de lado e nunca deixava de escrever. Ele achava tempo para escrever, pois ele conciliava a escrita com seu trabalho. Ele tinha disciplina e comprometimento com seu livro.


Um dia, disseram ao Tolkien que a cena final onde Gandalf confronta Saruman era ruim. Depois de ter escrito um zilhão de páginas, Tolkien escutou uma crítica que desconstruiria pelo menos os últimos cinco capítulos que ele tinha escrito (e se devotado). Ele ficou bravo, chateado, magoadinho? Claro que não. Ele sentou e re-escreveu tudo, pois ele sabia que podia fazer melhor.


Tolkien gostava de idiomas, estudava sobre a origem deles e se interessava por Linguística. Mesmo antes de escrever "O Senhor dos Anéis", ele já criava idiomas próprios, baseado em idiomas antigos e extintos. Com o livro, ele viu uma oportunidade de fazer seu hobby ser elevado à décima potência, e a paixão por isso passou para a obra, naturalmente.


Como todo escritor, Tolkien às vezes sofria de bloqueio criativo. Quando ele não conseguia montar uma frase que o agradasse, ele escrevia as idéias principais daquela frase em forma de poesia. A poesia o ajudava a que ele encontrasse o tom e o ritmo da sentença, e depois ficava mais fácil tranformá-la em prosa.



Tolkien planejava muito cuidadosamente cada etapa da sua estória. Sem este planejamento, seria impossível reunir tantos acontecimentos e personagens com coerência, sem buracos de narração ou erros. Porém, mesmo assim  ele valorizava os acidentes e as coincidências. Alguns trechos inspirados de "O Hobbit" vieram por puro acaso.



A cena onde Mordor invade a Terra Média foi escrita após Tolkien ter sonhado que era afogado por uma imensa onda que submergia tudo ao seu redor. Depois disso, ele passou a prestar atenção aos seus sonhos e anotá-los, mesmo os que eram absurdos e sem sentido. Quando a inspiração faltava, Tolkien recorria ao seu repertório de sonhos, em busca de ajuda.



Os traços das suas personagens carregavam particularidades das pessoas com quem Tolkien convivia. Nos inspirarmos nas pessoas de nosso convívio é uma excelente fonte de inspiração e, além disso, traz uma humanidade e solidez às personagens - afinal, elas são, em parte, reais.


Um bom escritor precisa ser bastante auto-crítico. Mesmo depois de ter seus livros publicados e mesmo depois de os livros terem se tornado best-sellers, Tolkien ainda não estava satisfeito com suas obras. Cada vez que ele relia um trecho, ele encontrava pontos que poderia melhorar. Este é o espírito para tornar-se um grande escritor.

Quem sabe, com estas dicas, nós, escritores, cheguemos um pouco mais perto de ser o que Tolkien é.

Este post tem um duplo nos meus amigos do Taverna do Aventureiro (quem acompanha aqui o blog sabe que, vez ou outra, fazemos textos em conjunto). Lá, eles falam do Tolkien que Você não Conhece e algumas obras dele que não tão conhecidas. Passem por lá também que eles são muito gente boa!

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