A idéia do Desafio das Cartas veio do Paperia e consiste em escrever uma carta por mês, durante um ano, a pessoas importantes da sua vida. Lá no Paperia, as cartas são escritas à mão e enviadas pelo correio (idéia linda!) e eles sugerem o tema de cada mês. Aqui, as cartas serão em forma de posts e escolhi outros temas, com a identidade do Perplexidade e Silêncio.
6/12 - Uma carta de saudade
Saudade,
De lugares que nunca estive, de situações que nunca vivi e de pessoas que não conheci.
De pedaços meus que perdi pelo caminho, de partes do quebra-cabeça que nunca encontrei, de palavras que nunca ouvi.
Dos momentos que pareciam eternos, de sentimentos que aparentavam ser perenes e de promessas que pensei que seriam cumpridas.
De mim mesma, da esperança que eu carregava no peito e das nuvens que eu costumava olhar.
Do meu castelo construído no ar, dos meus devaneios românticos e de acreditar no amor.
De tudo o que já fui e gostei, e de tudo que eu imaginei que poderia vir a ser.
De brincar de banho de mangueira na rua, de comer florzinhas vermelhas e de dormir a tarde inteira.
De não ter consciência de que o mundo poderia ser tão perigoso.
Dos meus sonhos de criança, de ler livros no beiral da porta, de sentir o cheiro da comida da minha avó.
Saudade,
De tudo o que foi e do que poderia ter sido. Principalmente, do que poderia ter sido.
Das diversas versões que criei para as situações ruins que vivi.
De ter um coração limpo e liso, sem cicatrizes nem machucados.
Existem tantos tipos de saudade, e todas elas machucam e me fazer chorar.
E esta carta é a todas elas, as grandes e as pequenas, de memórias e de coisas inventadas.
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