Já Li #185 - Crônicas da Quasinoite, vol. 1: A Sombra do Corvo, de Jay Kristoff

 


Como se eu já estivesse lendo séries literárias o suficiente, resolvi conhecer a saga "Crônicas da Quasinoite", também conhecida como Nevernight. Nesta resenha, falarei sobre o primeiro volume, entitulado "A Sombra do Corvo", escrito por Jay Kristoff.

"Crônicas da Quasinoite" é classificado como uma fantasia dark, e acompanha a protagonista Mia Corvere. Ela busca vingança contra as pessoas mais poderosas da República de Itreya por terem destruído sua família. Depois de treinar sob a tutela do ex-assassino Mercurio, ela treina na Igreja Vermelha para se tornar uma assassina, ao mesmo tempo que aprende a dominar suas habilidades como sombria, um ser misterioso que pode controlar as sombras. Seus poderes são limitados pelo fato de o mundo ter três sóis e a noite só ocorrer a cada dois anos e meio.
Primeiro, preciso dizer o quanto eu não concordo com a classificação de "fantasia dark". Três cenas de sexo e algum nível de violência não configura dark, para mim. Me parece algo que a editora resolveu adicionar mais como um aviso de que o livro não deveria ser lido por menores de idade do que pelo estilo literário. 

A ideia central do enredo deste primeiro volume é completamente sem originalidade. A escola para assassinos que Mia vai treinar é similar a tantas outras escolas de magia/bruxaria que já lemos, apenas com a diferença que, aqui, pessoas são assassinadas e a violência é liberada dentro da escola. Mas, se tiramos este componente da estrutura, todo o resto é muito similar - Mia tentando entender seus próprios poderes, a busca por vingança, o romance "com a pessoa certa na hora errada", etc etc... Chatíssimo.

Outra coisa horrorosa neste livro são as notas de rodapé. Não consigo conceber como os editores achavam que estas notas seriam interessantes. Elas interrompem, constantemente, o ritmo da leitura - se você para de ler o parágrafo para consultar a nota, ao retornar para o parágrafo, você se perde onde a história estava E se você deixa para ler as notas ao final do capítulo, você esquece ao que elas se referiam, e elas perdem o sentido. Ou seja, é algo completamente inútil. Isso sem falar que o conteúdo das notas, em si, é irrelevante.
O que conecta com outro ponto que me incomodou. Nas notas, o narrador é um sujeito engraçadinho que conversa diretamente com o leitor mas, em teoria, ele é o mesmo narrador do restante da história, mas ele não apresenta este tom em nenhuma outra parte da leitura. Fiquei muito confusa com essa incongruência de narradores.

Sobre Mia, eu acho que Kristoff tentou escrever uma protagonista feminina longe dos clichês de livros de fantasia dos anos 2000-2010, algo como Celaena de Sarah J. Maas, mas ele acabou acertando em outro clichê. Hoje em dia, a maioria dos escritores de fantasia tem usado o mesmo padrão de protagonista feminina, que diz respeito, basicamente, a pegar os estereótipos de um protagonista masculino e transformá-lo numa mulher. Falta um real esforço de desenvolvimento da personalidade de Mia, algo que a destaque das outras 30 protagonistas iguais a ela que li nos últimos anos. 

Quem valeria a pena ter destaque nesta história é Tric. Tric e Mia se encontram à procura da escola de assassinos, e o background dele é muito mais interessante. Ele é filho de um estupro, e sua busca não é por vingança, e sim, por redenção, o que gera um enredo mais original. Por isso, achei um grande erro quando Kristoff o colocou como um interesse amoroso/sexual de Mia, não lhe dando o destaque que merecia.

Isso sem falar no uso exagerado de descrições e adjetivos. Não pensei que haveria tantas formas de descrever sangue e sombras. 
Não é uma leitura que recomendo e não seguirei lendo a saga.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 2/5

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