Já Li #183 - Dormir em um Mar de Estrelas, de Christopher Paolini

 


Depois de ler mestres como Andy Weir e Brandon Sanderson, a leitura de "Dormir em um Mar de Estrelas", de Christopher Paolini, foi uma tortura do início ao fim.


Publicado em 2020, "Dormir em um Mar de Estrelas" é protagonizado por Kira Navárez. Kira é uma xenobióloga, que viaja pelas galáxias buscando e estudando formas de vida alienígenas e inteligentes. Apaixonada por Alan, um companheiro de expedição, eles decidem que será a última missão que farão antes de se estabelecerem em definitivo em um planeta, onde poderão construir sua vida juntos. Na última atividade de exploração antes do encerramento oficial da expedição, Kira precisa inspecionar uma forma alienígena que os radares apontaram em um planeta próximo, não-colonizado.
Quando Kira se aproxima desta forma, ela envolve seu corpo por inteiro, substituindo a pele de Kira por sua própria matéria. Este ser alienígena, um parasita, toma conta do corpo de Kira aos poucos, até que somente preserva seu rosto, que segue livre desta matéria. Kira o chama, então, de Lâmina Macia, e aos poucos precisa entender como controlá-lo. O grande dilema de Kira é que a Lâmina Macia se sente ameaçada e mata todos os tripulantes da expedição, incluindo Alan. Kira, obviamente, se sente culpada e angustiada.

Este livro ganhará uma das piores avaliações deste blog, então resolvi listar todos os problemas que encontrei nesta obra.
Lento e repetitivo. As cenas de ação são sempre as mesmas. As explicações do funcionamento das naves são extensas e repetidas à exaustão. Kira tem as mesmas perguntas e os mesmos pensamentos, o tempo todo. Os eventos que deveriam adicionar "interessância" à trama, não o fazem. Leitura chatíssima.
A ficção-científica é amadora. Por exemplo, num dado momento do enredo, Paolini achou que seria relevante à história trazer a informação de que Kira consegue dobrar a Lâmina Macia para dentro de sua vagina, de forma que ela possa ter relações sexuais com o comandante da nave. Olha, Paolini está de parabéns. * aplausos irônicos *. Ou ele nunca leu uma space opera na vida, ou os consultores de tecnologia e ciência que o ajudaram estavam tentando sacaneá-lo de propósito. 
Os personagens são insossos. Fico pensando na tripulação que Becky Chambers criou em sua trilogia "Wayfarers". Aquilo sim é uma aula de como construir uma space opera que realmente vale a pena ler, assim como personagens profundos, realistas (mesmo sendo alienígenas) e cativantes. 
Kira é muito, muito frustrante. Ela é uma xenobióloga, que está literalmente vivendo com um ser alienígena no seu corpo, convivendo com, pelo menos, outras duas espécies (os Águas e os pesadelos) e ela simplesmente não se lembra de quem é. Ela só consegue pensar no bendito arrependimento/culpa da morte do Alan que, diga-se de passagem, logo passou quando ela começou a se interessar pelo comandante. Ela é uma personagem principal tão fraca, mas tão fraca, que fico me perguntando como os editores deixaram passar.
E o desperdício de Itari. Itari é um Água que, ao contrário dos demais de sua espécie, não quer matar Kira. Eles começam a se comunicar e a tentar encontrar uma maneira de derrotar os pesadelos. Quando a comunicação entre eles começou a acontecer, me animei, mas me iludi - obviamente. Claro que Paolini, nem de perto, conseguiu atingir o nível de técnica que Andy Weir demonstrou com Rocky
Enredo sem pé nem cabeça. Eu ainda não entendi a guerra que Kira atrai para si. Não entendi a história do universo que ele desenvolveu, não entendi o que a Lâmina Macia tem a ver com tudo, não entendi de onde os Águas vieram, e o que faz menos sentido ainda é o pesadelo chamado Bucho (!) que aparentemente foi feito a partir de pessoas que Kira/Lâmina Macia matou (?). Nossa senhora, que enredo ruim, mal editado, mal planejado e mal escrito.

Não percam seu tempo com essa leitura, por favor.
Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 1/5

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