Já Li #83 - O Fantasma, de Jo Nesbø


Conheci Jo Nesbø apenas no nono livro de sua saga, "O Fantasma", que acompanha o protagonista Harry Hole. Mesmo assim, consegui compreender quem é esse ex-policial que soluciona crimes violentos e misteriosos. 

Jo Nesbø, norueguês, já foi economista e repórter antes de se tornar um autor conhecido mundialmente pelos seus livros de suspense. Ele também é vocalista de uma banda de rock chamada Di Derre. 

Harry Hole ficou conhecido recentemente quando foi interpretado por Michael Fassbender na adaptação cinematográfica de "O Boneco de Neve". Harry é o protagonista da série de onze livros de crime de Nesbø e é conhecido por seus métodos pouco convencionais de investigação. Os livros foram escritos entre 2005 e 2017 e Nesbø não os escreveu em ordem cronológica.

Em "O Fantasma", Harry Hole está de volta a Oslo depois de passar três anos em Hong Kong. Fica implícito na trama que Harry se auto-impôs um exílio lá, além de ter parado de beber, e deduzi que isso aconteceu por algum motivo explicado no fim de "O Boneco de Neve", o livro anterior. Ele retorna a Oslo quando sabe que seu filho adotivo, Oleg, foi acusado pelo assassinato de Gusto.

Todo o enredo deste livro é baseado no tráfico de drogas de Oslo, sobretudo o de uma droga feita de morfina chamada violino. Ao mesmo tempo que Harry investiga a morte de Gusto - já que ele não consegue acreditar que Oleg o teria matado a sangue frio - o leitor se depara com uma série de personagens corruptas e viciadas. Assim, temos um piloto de avião que age como uma "mula" e leva drogas para Bagkok, um policial que é um "queimador" e apaga as evidências de crimes em troca de proteção dos traficantes e a disputa pelo mercado de violino entre duas gangues.

Jo Nesbø também introduziu flashbacks narrados por Gusto, que relembra sua vida, pouco antes de morrer, enquanto observa seu sangue se esvaindo pelo chão e uma ratazana se aproximando dele. Gusto é descrito como um rapaz absurdamente lindo, que atrai homens e mulheres com seu charme incrível. Aos poucos, o leitor entende como Oleg conheceu Gusto, assim como fica sabendo que Gusto transava com a mãe adotiva e doou sua irmã, Irene, como prostituta para o tráfico em troca de drogas. Oleg era apaixonado por Irene e tenta salvá-la.

Por fim, temos a estória de Harry Hole com Rakel, sua ex-mulher que, no momento, está se relacionando com o advogado que tenta tirar Oleg da prisão. Tanto Harry quanto Rakel ficam muito vulneráveis com os sentimentos que reaparecem com a aproximação deles. 

Por causa desta grande quantidade de subplots, a leitura foi difícil. Achei que o enredo ficou muito poluído, com muitas personagens, muitos desdobramentos e pouca ação e, com o tempo, fui perdendo o interesse pela narrativa. As partes mais interessantes, na minha opinião, foram as narradas por Gusto e acho que o livro teria sido mais intrigante se ele tivesse aparecido com maior destaque. Gusto é mais misterioso e insólito que Harry e senti falta de maior presença dele. 

Fiquei com a sensação de que, a esta altura da série, no nono livro, Jo Nesbø passou a escrever para os fãs dos volumes anteriores, sem uma grande preocupação de fisgar novos leitores. Assim, infelizmente, não é uma leitura que recomendo.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

0 Comments