Sugestão de Leitura | As Melhores Histórias de Viagem no Tempo (Diversos Autores)


ADORO uma estória sobre viagem no tempo, desde que sou criança. Não à toa, sou fascinada pelo seriado Doctor Who e gosto de ver e ler tudo o que sai sobre este tema. Por isso, quando me deparei com a coletânea de contos "As Melhores Histórias de Viagem no Tempo", me interessei na hora.

Esta coletânea reuniu dezoito contos dos melhores autores de ficção-científica. Temos desde Arthur C. Clarke, passando por  Ray Bradbury e Richard Matheson, até outros gigantes do gênero que são menos conhecidos do grande público como Poul Anderson e Theodore Sturgeon. O organizador do livro, Harry Turtledove, faz uma breve introdução dos escritores antes de seus respectivos contos, o que é muito prazeroso para os fãs de sci-fi, afinal, nos dá a oportunidade de reencontrarmos nossos autores preferidos e conhecer novos nomes interessantes.

Além disso, Turtledove também fez uma excelente introdução no livro, explicando a história do conceito de viagem no tempo na Literatura. Para quem gosta do tema, é uma aula incrível sobre todos os tipos de viagem no tempo que existem no mundo ficcional, suas raízes e suas repercussões. 
Como seria inviável descrever os dezoito contos da coletânea, separei os meus preferidos.

O Homem que Chegou Cedo - Poul Anderson

Escrito em 1956, este conto é ambientado na Islândia. Como viajei para lá recentemente (falei sobre isso aqui), me vinculei com a ambientação e com o cenário do conto já no primeiro parágrafo. O conto é narrado em primeira pessoa por Ospak Ulfsson que, depois uma tempestade violenta, encontra um homem estranho em sua fazenda. O homem veste-se de um jeito muito peculiar e diz chamar-se Gerald. A família de Ulfsson o acolhe e, aos poucos, Gerald começa a contar seu relato. Eles então percebem que Gerald acredita estar 1000 anos à frente da época de Ulfsson, falando sobre guerras, governos e países que ainda não existem no mundo de Ulfsson. Gerald não consegue se adaptar ao século em que está e nem à cultura islandesa e seus percalços são contados do ponto-de-vista de Ulfsson, que assiste a tudo sem compreender exatamente o que aconteceu.
Particularmente, gosto de estórias de viagem no tempo que sejam mais subjetivas e menos tecnológicas. Por isso, não me preocupo em saber como Gerald viajou 1000 anos no passado, e sim, gosto de saber quais seriam as consequências desta viagem para ele e para os outros ao seu redor. Este conto explora muito bem esta vertente da viagem no tempo.

Rumo a Bizâncio - Robert Silverberg

Imagine ser possível retornar à cidade perdida de Alexandria e poder conhecer sua famosa Biblioteca e o seu renomado Farol. Agora, imagine que, no mundo, só existem cinco cidades e todas elas são recriadas a partir de cidades famosas do passado, sendo construídas e destruídas, de tempos em tempos, para dar lugar a mais cinco cidades. E, neste contexto, imagine que você é um rapaz de 20 e tantos anos nascido na década de 80 e que tenha sido lançado a este futuro extraordinário.
Robert Silverberg criou um futuro onde os seres humanos não existem mais e foram substituídos por criações genéticas perfeitas e imortais, semelhantes aos seres humanos mas superiores em inteligência e biologia. Tais criaturas vivem neste mundo descrito acima e são apenas turistas: viajam de cidade perdida em cidade perdida, tentando compreender como era o passado de uma Terra que já não existe mais como a conhecemos. Os seres humanos como nós são chamados de Visitantes, e são levados para o futuro para que estas criaturas possam conviver com eles.
É um conto muito vivo, criativo e vibrante que, mesmo sendo um dos mais longos da coletânea, prendeu minha leitura do começo ao fim, pois também mescla uma atmosfera de suspense e mistério. 

Outra História ou O Pescador do Mar Interior - Ursula K. Le Guin

Quem acompanha o blog sabe que Ursula é uma das minhas escritoras preferidas. Abaixo, deixarei uma lista de posts sobre ela para quem quiser saber mais sobre esta escritora fenomenal.
Ursula é mestre em criar sociedades que quebram com todos os paradigmas que estamos acostumados. Por isso, suas estórias de ficção-científica focam mais nas relações interpessoais e menos na tecnologia. Neste conto, não poderia ser diferente. 
A estória é narrada em primeira pessoa por um rapaz que deixou para trás sua família para ser um cientista. Ele, então, descobre uma pesquisa que irá permitir que as viagens no tempo aconteçam sem que exista um intervalo de tempo entre uma viagem e outra. Ele se interessa nesta pesquisa pois, entre as mudanças de planeta que precisou fazer em sua vida acadêmica, ele está 14 anos à frente do que a família que deixou e quer recuperar este tempo perdido. Além disso, Ursula apresenta uma sociedade futurista onde as famílias são compostas por duas mães e dois pais que se relacionam entre si (hetero e homossexualmente).
É o conto sobre viagem no tempo mais fascinante que já li até hoje e, claro, só podia ser da Rainha da ficção-científica.
A Mão Esquerda da Escuridão, de Ursula K. Le Guin
Escritores que inspiram: vida e obra
Ciclo Terramar, de Ursula K. Le Guin

Agora, se você também é fascinado por viagem no tempo, me diga: você gostaria de ir para o passado ou para o futuro?

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