Já Li #25 - Ciclo de Avalon, parte 2: Os Corvos de Avalon, de Diana L. Paxson


Recentemente, expliquei o que é o Ciclo de Avalon e falei sobre a primeira parte dele aqui. Para quem gosta da série "As Brumas de Avalon", acho imprescindível se inteirar nos livros anteriores do Ciclo e, neste post, falarei sobre a segunda parte dele, "Os Corvos de Avalon".
Publicado após a morte de Marion Zimmer Bradley, foi Diana L. Paxson que recebeu a missão de terminar as obras de Marion. As obras do Ciclo de Avalon, portanto, não foram publicadas em ordem cronológica de estória, mas recomendo a leitura na ordem destes posts, para melhor compreensão.

A personagem central de "Os Corvos de Avalon" é Boudica. Filha do Rei de Iceno, ela passa um ano entre os druidas e sacerdotisas de Avalon (que ainda se chama Terra Antiga ou Ilha dos Druidas) para descobrir se possui alguma vocação mediúnica ou alguma predisposição para a magia. Neste período de tempo, ela se aproxima de Lhiannon, sua jovem mentora. Lhiannon, por sua vez, tem um conflito interno próprio: não sabe se mantém-se virgem para atingir o posto máximo de sacerdotisa ou se sucumbe "aos prazeres da carne" com Ardanos, um aprendiz de druida. 

Enquanto permanece na Ilha Antiga, Boudica aprende mais sobre si mesma do que esperava, e começa a perceber que não gostaria de voltar para sua terra natal sem um propósito maior e mais sólido para sua vida. Neste meio tempo, Roma começa a invandir as terras dos druidas e a dominar a religião pagã, querendo transformar a todos em cristãos. O exército romano, então, toma o posto seu pai, o Rei, e Boudica precisa voltar antes do tempo para sua terra natal.

Assim, a narrativa do livro tem três aspectos. O primeiro deles é a vida da própria Boudica, seus dilemas internos e seu relacionamento crescente com Prasutagus, com quem é obrigada a se casar para suceder o Rei do trono de Iceno. O segundo aspecto é Lhiannon e seu aprendizado para tornar-se sacerdotisa, onde o leitor é apresentado aos rituais e crenças da religião pagã. E o terceiro aspecto é mais político e religioso, quando fala-se sobre a invasão de Roma e o crescente domínio cristão.

Particularmente, o que mais me atraiu na leitura foi o segundo aspecto, sobre a religião pagã. Comecei a ler "O Ciclo de Avalon" para compreender melhor os rituais, as crenças e os valores das sacerdotisas, assim como para saber como Avalon surgiu e se tornou o que conhecemos na parte final do Ciclo, "As Brumas de Avalon". Neste aspecto, Paxson traz bons insights sobre o assunto e explica, um pouco, o surgimento de tudo.

Tanto a vida de Boudica quanto a invasão romana foram leituras cansativas, na minha opinião. Embora Boudica torne-se uma Rainha Guerreira, que defende sozinha suas terras, achei que Paxson demorou muito tempo para construí-la assim forte. Se Boudica tivesse se transformado nesta Rainha mais cedo, a leitura seria mais rica. Já sobre a invasão romana, ela é importante para contextualizar, historicamente, como surgiu Avalon, mas também contou com trechos muito arrastados e descritivos. 

Como mérito para Paxson, ela se preocupou em relatar de forma real e verídica a invasão romana. Muitas batalhas, invasões e personagens do livro realmente existiram, assim como a própria Boudica foi inspirada em uma Rainha da época. Além disso, se ignorarmos o tempo que Boudica leva para completar seu arco na estória, ela é uma personagem feminina interessante. No Ciclo de Avalon, todas as mulheres são profundas e complexas e todas elas são maravilhosas.

Além disso, gostei da descrição da deusa Morrígan, que representa os corvos de Avalon do título da obra. Ela é associada à morte, à vingança e à guerra e surge nos rituais pagãos (com Lhiannon) para profetizar a desgraça que Roma trará ao povo druida. Morrígan aparece sob diversas formas ao longo da estória e foi muito interessante aprender mais sobre ela.

O Ciclo de Avalon ainda tem mais 5 partes, sendo a 7ª parte e última "As Brumas de Avalon". Logo volto por aqui para falar sobre a 3ª parte, "A Casa da Floresta". Os livros podem ser lidos separadamente porque fazem sentido sozinhos.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

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