O Autor
Jean-Paul Sartre é um dos meus escritores preferidos. Comecei a me interessar pela sua obra quando estudei filosofia e ele dizia que tudo na natureza e no mundo somente existe, passivamente, mas o ser humano é o único que pode ir além de uma mera existência e se definir, e escolher quem é. Uma pedra não pode escolher quem é, assim como um animal ou uma árvore, mas o ser humano pode. E já que ele tem a opção de escolher, ele DEVE escolher quem quer ser. Assim, Sartre foi o inventor do Existencialismo. E a angústia vem quando nos deparamos com essa tremenda liberdade de podermos ser o que quisermos, e a maioria das pessoas não sabe lidar com isso. Como escritor, ele criou estórias com indivíduos melancólicos, tentando descobrir quem realmente são, geralmente ambientadas na França. Essas estórias refletem suas teorias filosóficas, são muito poéticas e profundas, embora sejam sutis.
Por que escolhi este livro?
"A Idade da Razão" é o primeiro volume de uma trilogia dele chamada "Os Caminhos da Liberdade". As estórias giram ao redor de Mathieu, na Paris boêmia dos anos 30 (alguém me leva para aquela época, por favor?) e de seus amigos, conflitos, relacionamentos e - adivinhem - crises existenciais. O livro vai contanto todos os acontecimentos ao redor de seu círculo social, sempre do seu ponto-de-vista. Mathieu sente-se velho e começa a se questionar se é quem gostaria de ser e se há algo mais a conquistar ainda na vida. Naquela época, a sociedade começava a se alterar e o aumento da liberdade também impacta não só a Mathieu, mas a todos ao seu redor.
Minha edição de "A Idade da Razão" é de 1963. Comprei em um sebo e amo este exemplar: ele é antigo, folhas amareladas, passagens marcadas por um leitor anterior a mim, quase despedaçando e com cheiro de biblioteca de um passado distante. E foi dado de presente a um tal José Luís de M. S. Pereira em 1966. José, espero que você tenha gostado do livro tanto quanto eu.
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