12GLCGM | Estrelas além do tempo, de Margot Lee Shetterly


O Desafio 12 Grandes Livros com Grandes Mulheres (12GLCGM) é uma homenagem às protagonistas femininas que deixaram sua marca no mundo literário, transformando a imagem da mulher, trazendo uma mensagem de empoderamento e força e promovendo reflexões. O Desafio surgiu desta lista com algumas adaptações. No post de hoje, teremos "Estrelas Além do Tempo", de Margot Lee Shetterly.

O interesse de Margot Lee Shetterly pelas mulheres negras que trabalhavam na NASA começou com seu pai, um cientista da agência, e sua mãe, historiadora. Depois de trabalhar com bancos de investimento, start-ups e de fundar uma revista no México para expatriados, Margot resolveu escrever um livro compilando todas as suas pesquisas sobre tais mulheres. Antes mesmo de finalizar o livro, ela já tinha vendido os direitos autorais da obra para a produção do filme de mesmo nome.

Os fatos coletados vão de 1930 a 1960 e seguem a vida das Computadores Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson. As Computadores da NASA eram mulheres que realizavam avançados cálculos matemáticos, antes da existência da tecnologia dos sistemas e do processamento de dados. Estas três mulheres trabalharam na época da Corrida Espacial, quando os Estados Unidos e a União Soviética competiam pela conquista do espaço.

As três mulheres tiveram que superar o preconceito com o gênero - afinal, a NASA era (e possivelmente ainda é) dominada pelo sexo masculino. Mesmo sua profissão, de Computadores, era considerada inferior aos engenheiros e aos cientistas. Além disso, elas passaram pela época da segregação racial onde, por Lei, os negros eram considerados seres inferiores aos brancos e, por isso, deveriam ter banheiros, assentos no ônibus, escritórios, escolas e igrejas separados dos brancos. Katherine, Dorothy e Mary trabalharam diretamente com o pai de Margot Lee Shetterly, o que contribuiu para que ela construísse uma história baseada em fatos reais.

Katherine Johnson (ainda viva) contribuiu com seus conhecimentos de matemática espacial, pois tinha muito conhecimento em navegação celestial. Na NASA, ela calculou trajetórias e lançamentos de foguetes, assim como trajetos alternativos em caso de emergência. Sem ela, missões como a Apollo 11 e o Projeto Mercúrio jamais teriam saído do papel. Interpretada por Taraji P. Henson no filme, Katherine Johnson foi a única mulher negra que teve autorização para entrar no escritório dos engenheiros e, todos os dias, precisava atravessar todo o terreno da NASA para ir ao banheiro "das pessoas de cor". 
Katherine precisou driblar o machismo do escritório, onde ninguém do seu time acreditava que ela conhecia os cálculos espaciais. Por fora, Katherine aparentava calma e delicadeza mas, por dentro, era uma mulher muito forte que não aceitava levar desaforo para casa. 


Dorothy Vaughan, falecida em 2008, foi a primeira mulher negra a tornar-se supervisora de uma equipe na NASA. Na iminência de ver todo o departamento de Computadores substituído por máquinas da IBM, ela liderou um "motim" de empoderamento: ela fez todas as mulheres aprenderem a usar as novas máquinas e, depois, provou a diversos líderes da NASA que "as suas meninas" eram inteligentes e capazes de trabalhar com as máquinas. Desta forma, nenhuma delas foi demitida e, ainda por cima, ganharam destaque e renome na NASA. Interpretada por Octavia Spencer, ela é, de longe, minha preferida. Ela conseguiu inspirar mas de trinta mulheres, negras e pobres, a acreditarem em seus potenciais e a lutarem pelos seus direitos e pelo seu espaço. Dorothy também se mostrou uma ótima estrategista, pois bolou todo um plano de conquista das máquinas.


Por fim, Mary Jackson, falecida em 2005, queria mais do que ser um Computador: ela queria ser engenheira. Na época, as mulheres - e, principalmente, as mulheres negras - eram proibidas de cursarem Engenharia (dentre outros cursos). Mesmo com as recusas da sociedade e com a proibição veemente do marido, Mary entrou na Justiça pelo direito de ser engenheira, e conseguiu seu diploma. Assim, de Computador da equipe de engenheiros, ela foi promovida a engenheira. Interpretada por Janelle Monáe, Mary era inquieta, assertiva e teimosa e, não à toa, conseguiu vencer todos os obstáculos.

As três mulheres são um enorme exemplo de superação e me inspiraram muito. Embora, hoje em dia, as mulheres ainda sofram uma série de discriminações e preconceitos no mundo corporativo e no meio científico, são mulheres como elas que abriram espaço para nós e permitiram que sonhássemos mais alto do que as gerações anteriores. 

O livro, em si, é chatíssimo. Fizeram milagres no filme - lembro que saí do cinema emocionada, comovida e com vontade de fazer algo importante. Já o livro, parece um interminável Trabalho de Conclusão de Curso, cheio de referências históricas irrelevantes, notas de rodapé inconvenientes e datas e nomes que não dizem nada ao leitor. No livro, não há sentimento nem emoção, só uma lista entediante de fatos. Foi um esforço danado terminar a leitura e não recomendo o livro para ninguém. Já o filme, ele sim faz juz à grandiosidade das mulheres da história.

0 Comments