Uma das melhores coisas da série Gilmore Girls era a Lorelai Gilmore, também conhecida como Rory. Inteligente, estudiosa, sem paciência para relacionamentos amorosos adolescentes e criada pela mãe solteira, Rory é uma daquelas personagens femininas que nos inspiram até os dias atuais. Ao longo da série, ela menciona 340 livros e este desafio é sobre ler todos eles. Para saber quais livros do desafio o Perplexidade e Silêncio já leu, clique aqui (alguns posts são feitos para outras sessões do blog, mas fazem parte da lista de livros da Rory).
Para este post, escolhi falar sobre o clássico "Grandes Esperanças", de Charles Dickens. Dickens foi o escritor mais popular da era vitoriana, e sempre disse que passou grande parte da sua infância lendo. Talvez por isso, seus romances são normalmente longos e bastante detalhados, característica da literatura de sua época.
"Grandes Esperanças" narra a estória de Pip, então com sete anos de idade. Ele consegue uma fortuna que duraria sua vida inteira, mesmo que ele gastasse o dinheiro de forma impensada e, a partir disso, Pip tem conflitos e reflexões sobre sua "vida fácil", em comparação com as dificuldades que seus amigos passam. Dickens teve um pai perdulário que foi preso por não pagar suas dívidas e, sabendo disso, imagina-se que Dickens tenha simulado como teria sido sua vida se não tivesse passado pelas dificuldades financeiras que seu pai deixou.
Além disso, Dickens propôs uma reflexão relevante para aquela época: no século XIX, as pessoas não
tinham possibilidade de mudar de nível social ou de hierarquia, pois a economia inglesa era bastante estagnada. Esta impossibilidade definia o caráter e a personalidade das pessoas, e a narrativa traz este conflito condensado em Pip. Neste contexto, conforme Pip vai se tornando adulto, ele acaba ficando mesquinho e cruel, pois vê a si mesmo como um sujeito abençoado, enquanto os demais são indivíduos desprezíveis. Resumindo assim, tem-se a sensação de que Pip é um protagonista horroroso, mas não é: em paralelo, ele se apaixona e o leitor se vincula às suas inseguranças e vulnerabilidades, que o deixam mais amável. Dickens escreve muito bem esta transição entre as características de Pip.
Como estória, acho "Grandes Esperanças" um pouco rebuscado e arrastado demais para os tempos atuais, afinal, lembre-se, é um livro escrito na época vitoriana. Mas como crítica à sociedade, não há dúvidas de que merece a leitura, pois nos faz refletir sobre como a estrutura econômica e social em que vivemos influencia quem somos e quem amamos. Para quem está buscando uma leitura que requer aprofundamento e reflexão, recomendo a leitura. Para quem busca ação e reviravoltas de conflitos, não tanto.
2 Comments
Eu empaquei nesse livro e tá meio difícil continuar a leitura. Mas por incrível que pareça eu estava gostando. Alguns clássicos muitas vezes são extensos demais, com muita coisa desnecessária, pouco objetivos e isso me desanima hoje em dia.
ResponderExcluirMas ainda terminarei esse livro, algum dia hahaha
Saudades de você por aqui <3
ExcluirLer os clássicos é sempre difícil mesmo. Eu acho que precisa estar no humor certo, sabe, senão não flui mesmo.