Sugestão de Leitura | Oryx e Crake, de Margaret Atwood


Este post também faz parte do Rory Gilmore Book Challenge.

Depois de ter lido "A Mão Esquerda da Escuridão", da maravilhosa Ursula K. Le Guin, resolvi me empenhar em encontrar grandes escritoras no gênero da ficção-científica, que é conhecido por ser um gênero dominado pelos homens. Daí, felizmente conheci Margaret Atwood, uma escritora canadense que me conquistou com seu livro "Oryx e Crake".

Publicado originalmente em 2003, este livro é uma ficção especulativa. Ou seja, Atwood extrapola como seria o nosso mundo caso os seres humanos resolvessem manipular não apenas as plantas, os alimentos e os animais, como também a genética do próprio ser humano. Assim, o leitor é introduzido a um cenário futurista, sem ano definido, mas com um background tecnológico intenso e uma grande apropriação da Biologia e da Natureza por parte do homem, que se estabelece como uma raça superior.

O livro não é contado linearmente e a narrativa é cheia de flashbacks. Assim, no começo, somos apresentados ao Homem das Neves, um homem que mora em uma praia, sozinho, semelhante a um náufrago. Por meio do seu relato da sua rotina de sobrevivência, sabemos que ele convive, à distância, com cinco criaturas, semelhantes aos seres humanos, mas modificadas geneticamente em muitos níveis. O Homem das Neves também nos conta que é o único ser humano que restou no mundo.

Quando ele relembra sua vida antes do acontecimento que o levou até aquela praia, ele chama-se Jimmy. Ele não quer mais ser lembrado nem chamado por este nome, pois ele sente que aquela versão de si mesmo morreu e ficou esquecida no passado. Conforme o Homem das Neves se recorda de sua história, o leitor começa a compreender melhor quem ele era, mas ainda não somos capazes de entender o que aconteceu de tão grave com a Humanidade para ter restado apenas ele. O livro é muito misterioso e o clima de suspense aumenta a cada capítulo quando, na metade do livro, alguns pontos são esclarecidos e mais informações são fornecidas ao leitor. Mas é bom avisar: este livro é para quem gosta de montar quebra-cabeças, reunindo as pistas que Atwood dá ao longo dos relatos do Homem das Neves, pois ela não entrega nada de bandeja ao leitor.

Jimmy tem um amigo de infância que se auto-denominou Crake. Eles passam toda a adolescência assistindo a diversos programas de TV e de internet sobre a degradação do ser humano: assassinatos ao vivo, suicídios coletivos, pornografia, etc. Crake é fascinado também por um game sobre a extinção dos animais e torna-se Grande Mestre do jogo quando descobre como todos os animais foram e serão extintos, inclusive os seres humanos. Crake é um gênio, completamente racional e frio e, quando adulto, consegue um posto alto na maior empresa de Tecnologia do mundo.

Entre os flashbacks da adolescência e a sua rotina de sobrevivência, o Homem das Neves também se recorda de um momento intermediário entre estes dois pontos do tempo, período este em que namorou Oryx. Ele a vê, pela primeira vez, em um filme de pornografia infantil e fica fascinado por ela. Ele tenta descobrir quem ela é por muitos e muitos anos, até que ela surge em sua vida, através de Crake e de seu trabalho na empresa de Tecnologia. Oryx é uma figura extremamente enigmática e, mesmo quando o livro termina, seus segredos continuam irrevelados.

É muito difícil falar sobre este livro sem dar spoilers, então, o que posso adiantar de essencial do enredo é: Crake encontra uma forma de criar novos seres humanos, em um laboratório construído especificamente para sua linha de pesquisa. Porém, esta sua "brincadeira de ser Deus" tem uma série de consequências não apenas para o planeta, mas para a vida de Oryx e Jimmy. 

Fiquei com a respiração suspensa em diversos trechos da estória, ansiosa por saber o que estava acontecendo, quem era Oryx, por que apenas Jimmy sobrevivera, e assim por diante. Atwood escreveu uma ficção-científica emocionante, com personagens profundos, carismáticos e essenciais para o mérito desta obra. Recomendo muito a leitura deste livro.

A continuação da estória é o livro "O Ano do Dilúvio" e eu mal posso esperar para lê-lo.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

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