Já Li #20 - As Crônicas de Arthur, Vol 1: O Rei do Inverno, de Bernard Cornwell

Adoro literatura sobre os tempos medievais e não poderia deixar de ler Bernard Cornwell. Ele é especialista em escrever sobre a Inglaterra do ponto-de-vista histórico, com uma pitada ou outra de ficção e fantasia. Dizem que seus relatos de Artur e a Távola Redonda estão entre os mais fiéis à realidade e, inspirada por isso, li este livro, o primeiro volume de As Crônicas de Artur, O Rei do Inverno.

Nesta trilogia, Cornwell teve como objetivo situar a lenda do Rei Artur durante o período anterior à Idade Média e reunir uma cronologia e série de acontecimentos historicamente possível. A estória é narrada por Derfel Cardan, um menino saxão adotado por Merlin e que se torna um dos principais guerreiros de Artur. Na ocasião da narração do livro, Derfel já está mais velho e vive recluso como um monge, no mosteiro de Dinnewrac, e relata suas memórias à rainha Igraine. Derfel, então, age contra as regras do mosteiro, pois falar sobre Artur é considerado paganismo e, consequentemente, heresia, ainda mais quando falado na língua original, o saxão.



No período da infância de Derfel, de onde começam seus relatos à rainha, quem governava Dumnonia (sudoeste da Inglaterra) era Uther Pendragon, que também era o Grande Rei, ou seja, também tinha poderes nos outros reinos da Britânia. Uther está velho e sem herdeiros para a sucessão do trono, pois seu filho legítimo, Mordred, morreu em combate. Artur era do mesmo exército de Mordred e é filho bastardo de Uther, mas este colocou a culpa da morte do filho legítimo em Artur, renegando-o. Assim, Uther engravida sua esposa e, com a ajuda de Derfel e Morgana, a Rainha dá a luz um menino. Porém, ninguém pode saber que o Grande Rei se valeu da ajuda dos pagãos, pois ele precisa defender um reino predominantemente cristão.


Após algumas complicações políticas - quem lê literatura medieval sabe dos vai-e-vens de tronos e alianças que sempre acontecem nos enredos - Uther morre e seu filho, mesmo ainda sendo um bebê, é proclamado rei, o que sucita uma série de vinganças e reviravoltas dos reinos ao redor de Dumnonia. Assim, além da presença de Derfel, também temos Morgana e Nimue, substituindo Merlin nas discussões políticas e religiosas, uma vez que o mago está desaparecido.

Minha leitura teve altos e baixos ao longo do enredo. Pessoalmente, não gostei das descrições longas das alianças políticas e mudanças de apoio dos reis, achei tedioso e um pouco confuso. Como o volume de personagens ficou alto, por causa destes trechos, senti falta de maior aprofundamento e detalhamento das personagens principais - Derfel, Igraine, Merlin e Morgana. Por outro lado, o livro é uma aula de História para quem gosta da lenda do Rei Artur, pois nos conta desde os primórdios de sua vida e nos mostra, do ponto-de-vista de um observador mais passivo (Derfel), como Artur conquistou sua aura de herói. O livro também traz uma visão nova sobre Merlin e Morgana, bastante relevante.

É uma leitura que recomendo e pretendo continuar a trilogia, no futuro.

2 Comments

  1. Fico louca pra começar a ler os livros desse autor. Sempre leio resenhas maravilhosas sobre ele. Meu irmão tem alguns livros dele, de sei lá qual série (e confesso que fico muito confusa para saber que livro é de que série, porque, pra mim, é tudo meio parecido), e gostaria de começar a ler, mas tenho tantos no meu quarto que meodeos hahaha. Melhor não, por ora. O que gosto dos enredos do Cornwell, é que ele sempre oferece particularidades da mesma história. Como milhões de versões de uma coisa só, provavelmente. O fato de você dizer que o livro traz uma nova visão do Merlin e da Morgana (meus preferidos). Iria gostar m u i t o de ler sobre ela! :)

    Love, Nina.
    http://ninaeuma.blogspot.com/

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    1. O Cornwell escreveu sobre a História da Europa, e cada trilogia dele é sobre uma parte da História, então tem a época das invasões vikings, a época de Arthur, depois a época do Napoleão, e assim por diante. Eu gosto muito pois aprendo muito com os livros dele.

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