Já Li #48 - Trilogia Firebird, vol 3: Um Milhão de Mundos Com Você, de Claudia Gray



Recentemente, terminei de ler o último volume da Trilogia Firebird, escrita por Claudia Gray. Depois de muitas viagens interdimensionais, cheguei ao "Um Milhão de Mundos com Você" e este post é minha opinião não apenas sobre ele, como também da série.

Firebird é o nome de um dispositivo que permite viagens entre as dimensões. Se você não está familiarizado com a teoria dos universos paralelos, explico: há uma teoria da Física Quântica - adoro! - que diz que "tudo que pode acontecer, aconteceu". Isso significa que, nesta teoria, existem uma série de universos onde todas as possibilidades e variações das nossas vidas estão existindo em paralelo à esta dimensão na qual estamos. 
O tal dispositivo foi construído por Henry e Sophia, dois físicos, e pais de Margarite Caine - a protagonista da estória - e Josie. Margarite é a única pessoa capaz de viajar pelas dimensões sem esquecer quem é e de qual dimensão veio e, por isso, ela acaba sendo coagida por Wyatt, o grande antagonista do enredo, a destruir várias dimensões.
Se você prefere saber o que acontece nos volumes anteriores, clique aqui:


O terceiro volume começa exatamente do ponto onde o segundo livro terminou. Margarite descobriu que a Tríade, empresa que parece dominar o mundo através de Wyatt em todas as dimensões, quer destruir vários mundos em troca de pedaços da alma de Josie, irmã de Margarite também em todas as dimensões, morta e namorada de Wyatt em algumas delas. Wyatt e os pais de Margarite acreditam que, se conseguirem juntar os fragmentos da alma de Josie, ela poderá ser ressuscitada e, por isso, não se incomodam com os bilhões de vidas que irão desaparecer com a destruição dos mundos. Margarite, como uma boa heroína, se recusa a participar destes planos e decide acabar com Wyatt em sua dimensão de origem.

Em paralelo, Margarite precisa lidar com a confusão mental e emocional de Paul. No volume anterior, Margarite precisou resgatar os quatro pedaços da alma dele, que Wyatt espalhou em dimensões estratégicas aos seus interesses. Depois de re-construir a alma de Paul, ele transformou-se em um homem atormentado, isolado e violento. Margarite, no entanto, acredita que trata-se apenas de uma fase de adaptação, e não desiste de amá-lo. Conforme ela viaja pelas dimensões, Margarite descobre que, em muitos mundos, ela e Paul não estão destinados a ficar juntos, e isso coloca o amor deles em prova.

Claudia Gray aproveita que este é o último volume da série para reunir, em um mesmo cômodo e com um mesmo objetivo, todas as Margarites de todas as dimensões que foram mostradas ao longo da trilogia. O momento de encontro de todas elas é o ponto alto da estória, mostrando claramente como uma mesma pessoa pode ter dezenas de versões diferentes, dependendo das escolhas que fez e do ambiente em que viveu. Lamentei, apenas, que tal encontro durou relativamente pouco no enredo, pois era algo que Gray poderia ter explorado no livro inteiro, e não apenas em alguns capítulos.

Além disso, tive a sensação de que Gray se perdeu no desenrolar dos acontecimentos. Muitas dimensões irrelevantes para o enredo foram inseridas, o que deixou a trama confusa, em vários momentos. Acredito que se Gray tivesse focado a Margarite apenas na dimensão original de Wyatt, as coisas seriam mais interessantes, pois os conflitos seriam amadurecidos e aprofundados.

Embora eu não seja fã de estórias de amor, gosto da dinâmica entre Paul e Margarite. O fato deles saberem que não necessariamente estão destinados um ao outro os torna mais reais e mais humanos, e o leitor passa a torcer para que eles fiquem juntos na dimensão original de Margarite. Paul, em várias dimensões, é um homem abusivo e intolerante, e é interessante vê-lo lidando com os aspectos negativos de sua personalidade, aspectos estes que estão presentes em qualquer pessoa. Ele precisa aceitar suas próprias fragilidades e sua própria maldade para poder seguir em frente. Margarite também conhece sua versão "do mal", que trabalha ao lado de Wyatt, e passa pelos mesmos conflitos de Paul, mas de uma maneira mais suave e filosófica, sendo um ponto de equilíbrio aos tormentos de Paul.

O livro encerra de forma muito positiva a série. Ler a trilogia foi uma experiência bastante agradável e foi muito gostoso ler sobre as várias dimensões e possibilidades de ser Margarite. Claudia Gray partiu de uma premissa muito interessante e sustentou bem os elementos tecnológicos e de ficção-científica que a trama exigia. Gray escreve com leveza e humor, cheia de referências à cultura pop e de forma muito próxima do leitor. A leitura fluiu e minha imaginação voou pelas dimensões.

É uma série que recomendo!

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

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