Luzes de Natal


Ela ligou as luzes de Natal, sentou-se no chão e ficou observando a dança que as cores faziam na escuridão do quarto. Não havia nenhum som particularmente específico, assim como não havia nenhuma intenção naquelas luzes além de serem bonitas. E por que a vida em si deveria ter outra intenção além de ser bonita, também?

Não, não era Natal. Não precisa ser Natal para compreender a beleza do que as luzes podem retratar. 

O que bastava era entender que a beleza pura das coisas - das luzes, da vida, dela mesma - vinha da simplicidade. Da fluidez. As luzinhas que piscam o fazem tão naturalmente belo, assim como tudo que tem real valor espalhado pelo mundo. E não é tão difícil de encontrar aquilo que nosso coração diz lá no fundo que deve ser encontrado.

As luzes pareciam estrelas felizes. Estavam coloridas porque estavam confortáveis e completas em suas constelações de Natal, explodindo em curtos instantes de alegria genuína. E divertiam a escuridão e afugentavam os monstros porque a ingenuidade que acompanha esse tipo de alegria tem o incrível poder de transformar tudo em uma doce tarde de brincadeira de criança.

Era esse o sentimento que ela tanto buscava: a doce tarde de brincadeira de criança.
E naquele momento, ela não passava disso - uma criança brincando com as luzes por entre os dedos e se encantando com o efeito da luminosidade e das cores na pele. Aquela mesma criança que um dia tinha aberto o portão de casa querendo conhecer a felicidade que havia lá fora. A mesma criança que nunca montou uma árvore de Natal com luzes coloridas.

Mas houve tempo de resgatar as tardes de felicidade de criança que estavam perdidas, e é por isso que, naquela noite em específico, as luzes estavam mais bonitas do que nunca.

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