Já Li #148 - Pachinko, de Min Jin Lee


Nesta resenha, falarei sobre o romance histórico e delicado de Min Jin Lee chamado "Pachinko", que acompanha quatro gerações de uma família sul-coreana que tenta se adaptar à vida no Japão entre guerras, crise econômica e luta pela sobrevivência.

Min Jin Lee nasceu em Seul, na Coréia do Sul, e aos sete anos de idade se mudou com a família para os Estados Unidos. Ela aprendeu a ler e a falar em inglês nas tardes em que passava em uma biblioteca perto da loja de jóias que seus pais tinham no Queens. Ela trabalhou por muitos anos como advogada, quando decidiu dedicar-se exclusivamente à escrita e a resgatar suas raízes sul-coreanas.

"Pachinko" foi publicado em 2017 e acompanha uma família sul-coreana que imigra ao Japão, época em que o Japão invadiu a Coréia do Sul e fez deste país sua colônia. Como consequência, os sul-coreanos são vistos como inferiores aos japoneses, perdendo o acesso ao trabalho, à educação e à uma vida digna.  
Dividido em três partes, o livro contas as histórias de: 
Parte I: Yeongdo (1883) que, viúva, abre uma pensão para sustentar a família e arranja um casamento entre seu filho Hoonie e Yangjin.
Parte II: Sunja (1910), filha do casal acima, se envolve com o empresário do mercado de peixe Hansu, um japonês rico e poderoso que tem uma família no Japão e se relaciona com Sunja quando vai à Coréia a negócios. Ela engravida dele e, à margem da sociedade com um filho bastardo, casa-se com um dos hóspedes da pensão, Isak, e se muda com ele para o Japão.
Parte III: Noa (1940), filho de Sunja e Hansu, quer se desvencilhar de suas raízes sul-coreanas pois sente vergonha de suas origens. Ele decide se estabelecer de vez no Japão e finge ser japonês para que tenha mais opções de futuro.
Além destes protagonistas, Lee adicionou mais uma série de personagens (tios, amigos, cônjuges) de forma que as dinâmicas entre eles constróem o enredo que permeia as três gerações.

Primeiro quero começar com as coisas que gostei. O livro me ensinou muito sobre a dinâmica entre sul-coreanos e japoneses, especialmente do início a meados do século 20. Eu não tinha ideia desse contexto histórico e achei muito enriquecedor e, provavelmente, um dos romances mais educacionais que li nos últimos tempos. A atenção aos detalhes também foi excelente. Eu senti que a autora criou cenários realmente fundamentados para os personagens, e gostei de ver como ela avançou a história com mudanças históricas e como isso se refletiu no destino da vida dos protagonistas.

Porém, essa mesma coisa de que gostei meio que arruinou a experiência para mim. Lee cobre tanta história e tantos personagens que não me senti conectada a ninguém em particular. Comecei bem a leitura, fiquei entretida quando Sunja aparece e me mantive interessada por toda a parte dela. Mas, depois, o enredo salta tanto no tempo e através de tantos personagens que eu simplesmente perdi o interesse em seguir acompanhando. 

E, além disso, Lee literalmente termina capítulos ou partes do livro com algo parecido com "E então ele/ela morreu." E descobrimos no próximo capítulo que cinco ou quinze anos se passaram, estamos vendo tudo da perspectiva de alguns outros personagens, todas essas coisas em suas vidas mudaram, e o personagem morto é brevemente mencionado e nunca mais volta. É como se ela tentasse injetar todo o drama desses grandes eventos da vida - gravidez, morte, família fugitiva etc. - sem justificar ou prosseguir com nada disso.

Muitas pessoas adoraram este livro mas, a mim, ele não atingiu. O enredo é claramente bem pesquisado e abrangente, mas eu senti que não tinha "corpo" suficiente para me convencer a gostar da história. Sofri para terminar a leitura e, quando finalmente cheguei ao fim, só senti alívio por ter conseguido descobrir como ele terminava. Por isso, não é uma leitura que recomendo.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

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