Já Li #142 - Um útero é do tamanho de um punho, de Angélica Freitas

 

Raramente leio poesia mas, de vez em quando, me deparo com uma autora ou com uma obra que desperta minha curiosidade para abrir uma exceção. Por isso, hoje falarei da coletânea de poemas "Um Útero é do Tamanho de um Punho" de Angélica Freitas.

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Gaúcha e jornalista, Angélica Freitas já morou em outros países até que recentemente retornou para sua terra natal, onde mora atualmente. Seus primeiros poemas foram publicados em espanhol em uma coletânea na Argentina, depois ganharam mais popularidade no Brasil e já foram traduzidos para diversos países. 
"Um Útero é do Tamanho de um Punho" foi publicado em 2012 e até hoje é conhecido como uma das primeiras obras feministas do gênero, abrindo caminho para tantas outras escritoras falarem sobre feminilidade, sexualidade e libertação. 

São 35 poemas, não muito longos, então o livro é curtinho e dá para ler em uma sentada só. A idéia dos poemas é mudar o lugar da mulher na poesia. Historicamente, os poemas eram escritos por homens e as mulheres sempre foram retratadas quase como seres mitológicos - perfeitas, românticas, lindas, submissas, objetos de adoração. Por isso, Angélica escreveu de uma forma que a mulher, não apenas é a protagonista dos poemas, como faz questão de compartilhar seu ponto-de-vista cru, verdadeiro e sincero sobre o que é ser mulher nesse mundão esquecido por Deus.

Mas, mesmo assim, não consegui gostar dessa leitura. Eu me esforcei, juro, e até me senti meio burra. Li tantas resenhas da mulherada apaixonada e fanaticamente falando bem dessa obra que fiquei me perguntando se eu tinha algum problema por ter sentido exatamente o oposto.
A primeira coisa que me vem à mente sobre este livro é "pretensioso". Há uma ambição por trás dos poemas que eu admiro, mas a execução saiu muito rebuscada, meio arrogante, como se você precisasse ser uma pessoa tremendamente intelectual para captar a mensagem. E isso, na minha opinião, segrega, não une, e eu já garro ranço quando isso acontece. (O mundo já segrega o suficiente, pra quê fazer isso com a arte/cultura também?)

Outra coisa que não gostei é que os 35 poemas parecem o mesmo e, consequentemente, nenhum me impressionou. Nem mesmo um pedacinho de um deles, ou uma frase bem construída - nada. Li do começo ao fim sem sentir nenhuma emoção, então foi um livro que passou batido por mim. O que é um baita ponto negativo, afinal, o livro é feito para mulheres como eu, que querem conquistar um lugar diferente, dentro e fora de mim. Não rolou. Só senti sono e o ranço mencionado acima.
Não achei beleza nem inspiração aqui, mas fico feliz - de verdade - que estes poemas tenham tocado tantas mulheres, sinal de que a Angélica conseguiu representar algumas realidades e falar com algumas de nós. 

E, por fim, a repetição das palavras me deixou doida. Que coisa chata, minha nossa senhora. Se a intenção era adicionar profundidade ou significado com isso, para mim não funcionou.

Para não dizer que não estou me esforçando para encontrar aspectos positivos, gostei do tom sarcástico e irônica da Angélica, e do humor ácido que ela coloca em alguns poemas. 

Assim, eu acho que recomendo a leitura apenas para que cada um(a) tire suas próprias conclusões e também pelo simbolismo de uma obra como essa em um país como o nosso. E como ele é curtinho, não ocupa muito tempo/energia, o que é bom, mas não posso dizer que gostei dele.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

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