Já Li #132 - Novembro de 63, de Stephen King

O post de hoje é sobre um combo vencedor: Stephen King + viagem no tempo. Fã que sou de ambos, estava ansiosa para ler este livro e, na resenha de hoje, falarei de "Novembro de 63".

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"Novembro de 63" foi publicado em 2011 e o protagonista é Jake Epping. Jake é professor de inglês e recém-divorciado e, para ganhar um dinheiro extra, dá aulas para adultos que não tiveram a oportunidade de terminar o Ensino Médio quando jovens. Um dia, ele se depara com a redação do zelador da escola, Harry, onde ele relata a forma brutal e chocante que seu pai assassinou toda a sua família. Jake fica chocado com o que lê e compartilha isso com Al, o dono da hamburgueria local. É então que Al mostra a Jake que tem acesso a um portal de viagem no tempo, que Jake poderia usar para mudar a história de Harry, mas somente com a condição de que Jake terminasse um trabalho que Al começou e que seu câncer terminal não vai deixar concluí-lo. 
Esse trabalho é impedir o assassinato do presidente norte-americano John Kennedy, que acontece em novembro de 1963 como refere o título do livro.

No começo de suas incursões ao passado, Jake testa e experimenta a viagem no tempo, descobrindo as regras de funcionamento e colocando em prática os conhecimentos adquiridos por Al. As principais leis da viagem no tempo neste livro são: não importa quanto tempo eles fiquem no passado, em 2011 só se passam dois minutos; eles podem trazer objetos do passado para 2011 mas não devem levar nenhum bem "do futuro" consigo quando viajam; e eles devem usar uma identidade falsa criada por Al.

Também fica evidente que King fez uma extensa pesquisa sobre o assassinato de Kennedy, arremessando os dados históricos através de Al. Eu sei que essa é a parte central do enredo e a premissa de toda a narrativa, mas eu não gostei exatamente disso. Enquanto Jake está retornando ao passado para salvar a família de Harry, e depois quando ele começa a montar sua vida com Sadie, eu estava gostando muito da leitura. Porém, quanto mais perto o assassinato de Kenenedy ficava e, consequentemente, mais em Dallas Jake ficava, meu interesse se perdeu um pouco.
As coisas foram ficando meio repetitivas quando tudo o que Jake podia fazer era observar e seguir o assassino do presidente, Oswald. E como Jake não pode (ou não quer) se relacionar com Oswald, a narrativa ganha um tom passivo que foi me incomodando com o tempo. 
Outro ponto que dificultou minha conexão com a obra é minha total falta de entendimento de quem foi Kennedy. Não consegui entender quais seriam as consequências dele sobreviver e também não entendi quais foram os efeitos de seu assassinato, mas imagino que isso fique claro para quem conheça mais da História norte-americana (ou de política internacional). 
No fim das contas, eu não estava nem aí para Kennedy ou Oswald, o que eu queria mesmo era saber qual seria o futuro de Jake nessas idas-e-vindas pelo tempo.

No começo da história, Jake é movido por um senso de justiça (salvar a família de Harry) que foi se perdendo no seu arco de desenvolvimento. Tão logo ele conhece e se apaixona por Sadie, suas motivações mudam e giram ao redor dela - salvá-la do ex-marido assassino, retomar o relacionamento, começar tudo de novo quantas vezes for preciso até que eles sejam "felizes para sempre". Esta mudança em si não é algo ruim, mas eu preferia o Jake do começo da narrativa. Eu esperava que ele fosse se tornar algum tipo de justiceiro/Vingador da viagem no tempo, retornando ao passado sempre que possível para salvar os fracos e oprimidos, mas isso não aconteceu e fiquei um pouco frustrada.
Se King soubesse escrever personagens femininas, talvez Sadie me fizesse pensar "ok, ela vale a pena esse rolê todo". King sabe escrever muita coisa, mas mulheres não é uma delas. Depois de ler dezenas de livros dele, cheguei à conclusão de que King poderia melhorar nisso, definitivamente. Suas personagens femininas soam todas iguais, superficiais e lineares, independente do livro (e aqui, infelizmente, não é diferente).

Stephen King é um mestre da ambientação. São poucos escritores que conseguem invocar atmosfera e emoção em suas descrições, e acho que King é o melhor nesse aspecto. Em poucos capítulos, ficamos imersos nas cidades, situações e contextos onde Jake é inserido, o que faz com que o leitor se conecte ao próprio Jake rapidamente.
Além disso, outro ponto positivo para mim é como King conseguiu abordar o tema de viagem no tempo de uma forma fácil, interessante e fluida. Quem acompanha o blog sabe que AMO uma história de viagem no tempo e nem sempre o(a) autor(a) consegue montar um enredo coerente. De forma geral, as narrativas ficam truncadas/complexas demais, mas não é o que acontece aqui. Com King escrevendo, a viagem no tempo não apenas parece possível como também simples.

Assim, de forma geral, não é um livro ruim, mas não é nenhuma obra-prima. A história começa bem, o meio é fraco e o fim poderia ser melhor. Por exemplo, eu fiquei torcendo para que o Homem do Cartão Amarelo fosse o próprio Jake e só descobríssemos isso quando Jake se matasse com o caco de vidro. Ou que as "harmonizações" ou consequências das viagens no tempo fossem mais interessantes e relevantes na trama. Por tudo isso, embora tenha sido uma experiência boa, não foi o que eu esperava de King.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

1 Comments

  1. Acabei de ver a série basesda no livro, a história é bem legal mas no fim fiquei irritada kkkkk

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