Desafio Livros pelo Mundo | Suíça: A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert, de Joël Dicker


O Desafio Livros pelo Mundo tem como objetivo divulgar a literatura produzida fora do eixo EUA-Inglaterra, para que os leitores conheçam outras culturas e histórias. Dezoito países já passaram pelo desafio e, hoje, o 19º país é a Suíça, representado por Joël Dicker e seu thriller "A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert".


Joël Dicker, suíço nascido em Genebra, é formado em Direito. Em 2010, ele ganhou o Geneva's Writer Prize, que o premiou pelo manuscrito não publicado "Os Últimos Dias de Nossos Pais", que seria publicado por uma editora logo em seguida. Seis meses depois, ele publicaria seu segundo livro, "A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert".

O cenário de "A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert" é uma cidade interiorana chamada Aurora, localizada no estado americano de New Hampshire. O protagonista é Marcus Goldman, um escritor que acabou de ficar muito famoso por causa do seu primeiro livro e que enfrenta dificuldades em escrever o próximo. Seu agente literário e seu editor o pressionam diariamente para que ele publique uma nova obra antes das eleições presidenciais de 2008, pois, depois das eleições, o público estará interessado na mudança de presidência e não se importará com seu livro. Assim, desesperado, Goldman tenta diversas técnicas para reaver a inspiração de escrever e sua última cartada é procurar seu antigo professor, Harry Quebert, que mora em Aurora.

Enquanto está hospedado na casa de Harry, Goldman se vê diante de uma cena de assassinato. Um jardineiro vai à residência de Harry plantar hortênsias e acaba desenterrando a ossada de Nola Kellergan, uma menina de 15 anos que foi dada como desaparecida há 33 anos. Como a ossada estava no jardim de Harry, ele é preso imediatamente pela polícia e Goldman começa uma verdadeira saga para inocentá-lo e descobrir o verdadeiro assassino de Nola.

Assim, o livro alterna o tempo presente (2008) com o verão de 1975, quando Nola desapareceu. A alternância de datas permeará toda a estória, pois Goldman começa a investigar os acontecimentos do passado. Aos poucos, ele descobre várias pessoas que tiveram um relacionamento mais próximo com Nola e todas elas, com exceção de sua melhor amiga, ainda moram em Aurora. Algumas mostram-se disponíveis para ajudar Goldman nas investigações, enquanto outras o recebem com resistência e grosserias. Ironicamente, Goldman se mostra mais competente na condução do processo e no levantamento de pistas do que a polícia e, aos poucos, ele começa a montar um caso sólido de defesa de Harry.

Ao voltar no tempo, o enredo também mostra que Harry tornou-se um escritor de renome com a publicação de "As Origens do Mal". Enquanto está preso, ele confessa a Goldman que o livro trata da estória do relacionamento dele, na época com 34 anos, com Nola, no fatídico verão de 1975. Por causa da diferença de idade entre eles, Harry e Nola mantiveram a relação em segredo e, ao escrever o livro, Harry substituiu várias informações que poderiam revelá-los. Cada capítulo começa com dicas de escrita de Harry a Goldman, quando Harry o ajudou a escrever seu primeiro best-seller

Daqui para frente, qualquer informação em relação à trama seria spoiler. A estória dá uma série de reviravoltas, conforme Goldman desenterra os acontecimentos do passado. Todas as pessoas que tinham relação com Nola guardam algum segredo, algum erro ou algum mistério e, quando Goldman chega perto destes fatos que não deveriam ser revelados, alguém coloca fogo em sua casa e incendeia seu carro.

Em paralelo, o editor de Goldman o força a escrever um livro sobre o caso de Nola, já que o país todo está acompanhando as investigações e o livro renderia muito dinheiro à editora. Goldman é muito resistente a esta idéia, pois sente que irá trair a confiança de Harry ao expôr sua vida amorosa. No dia da publicação da obra, a investigação dá uma nova reviravolta (sensacional) e seu editor consegue reverter o cenário de forma que o livro e Goldman continuem em primeiro lugar nas vendas.

Devorei o livro, de mais de 500 páginas, em quatro dias. O estilo de escrita de Dicker é ótimo: dinâmico, envolvente e objetivo. O suspense das investigações é excelente, pois é realmente impossível ao leitor descobrir quem realmente matou Nola, pois, a cada momento, uma nova personagem parece ser a culpada do crime. E, quando faltam somente dois capítulos para o final do livro e o leitor está com a sensação de resolução da trama, mais uma reviravolta ótima surge, desconstruindo tudo o que havíamos compreendido das investigações.

Por isso, é uma leitura que eu recomendo muitíssimo, principalmente para quem gosta do gênero de suspense.

Caso você queira saber os outros dezoito países que participaram do Desafio Livros pelo Mundo, clique aqui.

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