12GLCGM | Mulherzinhas, de Louisa May Alcott


O Desafio 12 Grandes Livros com Grandes Mulheres (12GLCGM) é uma homenagem às protagonistas femininas que deixaram sua marca no mundo literário, transformando a imagem da mulher, trazendo uma mensagem de empoderamento e força e promovendo reflexões. O Desafio surgiu desta lista com algumas adaptações. No post de hoje, teremos o clássico de 1868 "Mulherzinhas" de Louisa May Alcott.

Louisa May Alcott foi criada por pais transcendalistas, uma filosofia que acredita no bem existente em todas as pessoas e na natureza. Este bem é corrompido pela sociedade e pelo governo e, por isso, a filosofia propõe que cada ser humano deve ser independente e livre, para exercer o bem. Esta perspectiva permeia toda a obra de "Mulherzinhas". Além disso, já naquela época (1832-1888), Louisa defendia os direitos abolicionistas e o feminismo, decidiu que não iria se casar e escreveu personagens que trocavam de gênero, o que a faz uma escritora muito relevante (e que merece ser conhecida!).

Mulherzinhas" é uma obra quase autobiográfica, já que Louisa tinha duas irmãs, também morou em Massachussetts e a personagem Jo foi inspirada em si mesma, uma menina que não gostava da divisão de gêneros e que queria fazer coisas "de menino", mas falarei mais sobre a maravilhosa Jo depois.

Quatro meninas adolescentes e a mãe moram em Massachussetts e levam uma vida simples e pobre. O pai está longe, na Guerra Civil Americana, e as cinco mulheres precisam encontrar maneiras de se sustentar, administrar a casa e lidar com os conflitos familiares que, inevitavelmente, surgem. Os "defeitos" de cada uma das meninas são rapidamente apresentados ao leitor, mas fica claro, desde o início, que Louisa dará foco e destaque às características positivas de cada uma das mulherzinhas.

Meg e Jo são as mais velhas das quatro irmãs e, por isso, trabalham durante o dia para levar um pouco dinheiro para o sustento da família. Meg é professora e dá aulas a uma família que mora no bairro e Jo cuida da tia, uma idosa doente e rabugenta. Beth é caseira e gosta de administrar as tarefas do lar e, nas horas vagas, toca piano. Por fim, Amy, a mais nova, é vaidosa, mimada e ainda está na escola, e preocupa-se demais com o fato de ser pobre e não ter posses.

Aqui, me detenho para falar de Jo que, na minha opinião, é quem justifica a participação deste livro no Desafio 12GLCGM. Primeiro, é necessário ter em mente que o livro foi escrito em meados do século XIX, quando as regras de uma "moça bem comportada" eram rígidas e claras. Jo é contra todas estas regras e isso a faz maravilhosa. Ela não gosta de se vestir com as camadas de babados, luvas e chapéus que a época pede e, por isso, as irmãs dizem que ela se parece "com um menino", e falam isso como se fosse uma ofensa. Jo não toca piano, não borda, não pinta e, no fundo, queria ir para a Guerra Civil Americana defender seu país. Ela não entende porque as mulheres não podem ir para a guerra, nem trabalhar e nem fazer "o que os homens fazem". 
Além disso, destaco também a personalidade de Jo. As "moças bem comportadas" não devem reclamar, questionar, fazer piadas, sentir raiva ou indignação, gritar, chorar. Pois Jo faz tudo isso. Desta forma, ela é a personagem mais interessante de "Mulherzinhas" e, para mim, deixa a Elizabeth Bennet no chinelo.

Voltando ao enredo, as meninas começam uma amizade com o vizinho Laurence, um garoto inglês entediado que mora com o avô, em uma mansão enorme e sem divertimentos. Jo é a primeira a travar uma aproximação com o garoto, e as irmãs logo a acompanham, e o relacionamento que surge entre Laurence e as meninas é bonito e leve. Laurence estimula Beth a tocar piano e Jo a escrever seus contos e, dentro de pouco tempo, Jo começa a ser remunerada como escritora, o que a deixa sentindo-se realizada. Beth adoece e fica sob os cuidados de Jo e, por isso, Amy é enviada para cuidar da tia rabugenta, o que causa uma série infindável de conflitos e dramas familiares. Para mim, Meg foi a irmã cujo arco foi o menos interessante, pois ela obedece as regras sociais da época à risca, e só serve como um contraponto à impetuosidade de Jo.

O livro tem mais de 700 páginas e, por isso, não vou me estender no enredo para não dar spoilers. Mas, de forma geral, a estória contempla a adolescência, o início e o meio da vida adulta das meninas, com todos os infortúnios e casamentos decorrentes da evolução de cada uma. Embora longo e cheio de "lições de moral", o livro é muito bom - muito melhor que "Orgulho e Preconceito" de Jane Austen, na minha opinião (não me apedrejem!). Com exceção de Meg, que não me cativou, as demais irmãs são bastante polêmicas para a época do livro e, mesmo para os dias atuais, despertam reflexões e questionamentos super válidos. É um livro que merece ser lido e que, com certeza, faz juz ao Desafio 12GLCGM.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

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