Já Li #63 - A Sombra do Corvo, vol 1: A Canção do Sangue, de Anthony Ryan


A resenha de hoje é sobre o primeiro volume da trilogia A Sombra do Corvo, entitulado "A Canção do Sangue" e escrita por Anthony Ryan.

A trilogia "A Sombra do Corvo" é caracterizada como uma fantasia épica e, além do livro desta resenha, é composta por "O Senhor da Torre" e "A Rainha de Fogo".  A trilogia explora conflitos políticos, lealdade e religiosidade e segue o protagonista Vaelin Al Sorna. 

Neste primeiro volume, "A Canção do Sangue", Vaelin está contando sua estória de vida a um historiador do Império, enquanto eles fazem uma morosa e tediosa viagem de navio pelo reino. Assim, Vaelin começa de sua infância.

Quando garoto, seu pai - o Senhor da Batalha do Rei Janus - o abandonou nos portões da Sexta Ordem. A Sexta Ordem é uma organização que tem como objetivo formar guerreiros que lutarão pela Fé no reino, expurgando qualquer pessoa que não tenha a mesma Fé (algo parecido com o extermínio dos pagãos para consolidação do cristianismo). A Sexta Ordem é um lugar de alta disciplina e impõe aos garotos uma vida simples, dura e celibata, completamente focada no treinamento como guerreiro.

Lá, Vaelin encontra vários garotos que estão na mesma situação que ele, ou seja, abandonados pela sua família e esquecidos do mundo. Dentre estes garotos, o que mais se destaca é Caenis, um menino quieto e solitário que esconde uma enorme inteligência e uma imutável lealdade ao Rei Janus. Na Sexta Ordem, eles são orientados a esquecer suas famílias e seus passados e passam a se tratar como irmãos.

Na Sexta Ordem, Vaelin e os outros meninos são expostos a uma série de cruéis testes, resultando em algumas mortes e desistências. Vaelin logo se destaca, superando cada teste com louvor e demonstrando espírito de liderança no grupo. Não demora para que ele chame a atenção do Aspecto da Sexta Ordem. São sete anos com sete testes, cada vez mais difíceis e violentos, culminando com o Teste da Espada, quando os garotos precisam matar três criminosos ao mesmo tempo ou ser morto por eles. 

Ao longo dos testes, alguns eventos insólitos acontecem com Vaelin. Por exemplo, sempre que ele está na iminência de morrer, um lobo aparece para alertá-lo ou salvá-lo, e o lobo aparece somente para ele, não para os outros garotos. Em outro teste, Vaelin encontra uma menina e um homem que são fugitivos da Sexta Ordem por serem hereges (não seguirem a Fé do reino) e Vaelin decide salvá-los e ajudá-los, em vez de matá-los como deveria. Com o tempo, Vaelin e o Aspecto da Ordem percebem que há algo maior acontecendo e que alguém está tentando matar Vaelin.

A parte mais interessante do livro, para mim, foi este início, quando sabemos o treinamento, os testes e as descobertas de Vaelin e Caenis. Anthony Ryan concebeu uma estrutura de Ordens muito bem amarrada, onde cada Ordem tem um objetivo no governo do reino. Vaelin passa uma semana na Quarta Ordem, onde são feitos os remédios e cuidam de doentes e feridos, e lá a rotina e a atmosfera é completamente diferente da Sexta Ordem. Vaelin também descobre que existe uma Sétima Ordem, secreta, que é responsável por controlar as Trevas.

O livro dá pequenos avanços no tempo e, depois, mostra Vaelin já "formado" pela Sexta Ordem e famoso no reino. Seus feitos ao longo dos testes ganharam destaque e o tornaram uma lenda, o que chamou a atenção do Rei Janus. O Rei, então, começa a envolver Vaelin nas suas tramóias políticas e Vaelin começa a sentir-se frustrado e irritado, pois não quer ser uma peça no jogo do Rei. A princesa, filha do Rei, também tenta manipular Vaelin para seus interesses. Assim, Vaelin vê-se cada vez mais distante da Sexta Ordem e de seus princípios, o que o deixa angustiado.

Nestes trechos, meu interesse diminuiu consideravelmente. Não gosto de enredos que envolvem estas disputas políticas, mentiras e manipulações. Vários personagens coadjuvantes começam a surgir, todos mesquinhos, e acho entediante. 

Meu interesse foi retomado quando surgiu a figura do escultor Ahm-Lin, que finalmente justificou o livro ser classificado como "fantasia". Todas as vezes que Vaelin está prestes a ser encurralado, enganado ou colocado em perigo, ele ouve uma voz, que o alerta do perigo. A voz, aos poucos, some, e dá lugar a uma segunda voz, que é a de Ahm-Lin, chamando-o. Vaelin o encontra e Ahm-Lin explica que ele ouve "a canção do sangue", rara e apenas para pessoas especiais. O escultor, então, quer ensinar Vaelin a usar esta voz de forma mais completa.

Minha leitura foi de altos e baixos. Comecei bastante envolvida por Vaelin e pela Sexta Ordem, mas depois quase desisti quando o Rei Janus ganhou destaque. Anthony Ryan escreve bem, mas, no geral, achei um livro esquecível: não há originalidade na estória, nem na forma de escrever, nem no desenvolvimento da trama. Por isso, não pretendo continuar a trilogia e prefiro guardar minha energia para terminar a saga "A Roda do Tempo" de Robert Jordan.

Aqui no Perplexidade e Silêncio, tivemos alguns livros similares a este. Navegue:

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

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