Já Li #59 - O Segredo dos Nagas, de Amish Tripathi


A Trilogia Shiva, escrita por Amish Tripathi, é uma obra de ficção fantástica que usa como premissa a lenda de Shiva, um dos principais deuses hindus, e como foi sua existência quando ainda era humano, e não uma figura mítica. O segundo volume da trilogia, "O Segredos dos Nagas", continua sua evolução e sua jornada para tornar-se um mito.

Para ler a resenha do volume um, "Os Imortais de Meluha", clique aqui.

Shiva é um destemido guerreiro tibetano que, por causa das guerras, vai parar na Índia. Lá, as pessoas estranham seus costumes e forma de pensar e Shiva é tido como uma pessoa "adiante de seu tempo". Ao longo do primeiro volume da trilogia, Shiva descobre que é o Neelkanth, ou seja, um enviado dos Deuses para salvar a Índia das guerras entre duas tribos rivais, os Suryavanshi e os Chandravanshis. Conforme Shiva se aprofunda no conhecimento sobre os hábitos e costumes da Índia, ele percebe que sua missão é ainda maior, pois precisará lidar com política e também com economia para ser capaz de concluir seus objetivos.

No segundo volume, a estória se passa em Meluha, depois que Shiva salvou seus habitantes da guerra. Sua esposa, Sati, foi capturada pelos Nagas, criaturas em parte humanas e em parte monstruosas que são conhecidas pela sua maldade e crueldade. Além disso, Shiva também quer vingar-se dos Nagas pois eles mataram seu melhor amigo e irmão, Brahaspati. Um dos Nagas deixa para trás uma moeda e, a partir dela, Shiva rastreia a terra de Branga e sua capital Panchavati, suposto lar dos Nagas.

A caminho de Branga, Shiva e sua comitiva fazem uma parada em Kashi, uma cidade (real) que existe às margens do rio Ganges. Kashi é uma cidade benevolente que abriga todos os povos, classes sociais e etnias em suas terras, provendo a todos o lar e o conforto que lhes foram tirados em suas terras natais. Porém, um pequeno grupo expulso de Branga causa uma série de tumultos em Kashi, ameaçando a paz e a segurança da cidade. O general de Shiva, Parvateshwar, é gravemente ferido em uma tentativa de parar os tumultos e é salvo por um misterioso remédio.

Algum tempo depois, Shiva descobre que um dos componentes do remédio só existe na terra dos Nagas e que ele é usado pelo restante da população de Branga para continuarem vivos, pois toda a população sofre de uma peste que os acomete e os mata na vida adulta. Assim, os Nagas deliberadamente salvam a vida de milhares de pessoas, o que vai contra sua fama de maldade. Shiva fica intrigado com estas descobertas e resolve avançar mais rapidamente em direção aos Nagas.

Seis meses se passam em Kashi, enquanto Shiva espera que os navios que o levarão aos Nagas fiquem prontos. Neste meio tempo, Sati, que foi resgatada e estava grávida, dá a luz ao menino Kartik. Sati, então, resolve que continuará em Kashi e ajudará o governo local com um ataque de leões, pois precisa cuidar do recém-nascido e acha arriscado ir com Shiva. (Convenhamos, é super seguro ficar com leões famintos que assassinam pessoas ~ironia).

Para mim, a parte central do enredo diz respeito às noções de Bem e Mal. No começo da estória, Shiva acredita que o Bem e o Mal são dois opostos facilmente identificáveis e, consequentemente, as pessoas devem ser recompensadas ou punidas pelos seus atos. Ao entrar em contato com a realidade dos Nagas, Shiva começa a se questionar e percebe que o Bem e o Mal tem uma série de variáveis e atributos que precisam ser levados em consideração. Sati é mais benevolente e flexível que Shiva e, sob sua orientação, aos poucos o Neelkanth começa a ter uma visão mais aberta do mundo.

Em relação ao primeiro volume, achei este livro inferior. Grande parte do sucesso do primeiro volume deve-se à personalidade cativante e sarcástica de Shiva - que imaginei como o ator Jason Momoa. Neste volume, Amish não soube manter a personalidade forte de Shiva e ele ficou apagado e em segundo plano, mesmo sendo o protagonista da série. Além disso, o livro carece de cenas de ação e de um andamento mais fluido das situações, que ficaram truncadas: ora aconteciam rápido demais, ora demoravam para evoluir. 

O enredo se recupera no trecho final, quando o leitor descobre quem é o Naga (uma figura mitológica hindu muito interessante e popular) e também com uma plot twist sobre a vida passada de Shiva.

Por isso, a leitura deste segundo volume não fluiu, para mim, tanto quanto a do primeiro. Mas, mesmo assim, quero finalizar a trilogia e saber como a estória de Shiva termina.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

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