Já Li #58 - Fundação, de Isaac Asimov


Recentemente ganhei um Kindle e o primeiro livro que baixei nele foi Fundação, de Isaac Asimov. Uma vez que adoro ficção-científica, já estava mais do que na hora de ler uma das séries mais famosas do gênero.

Professor de Bioquímica, Asimov logo ficou conhecido como escritor de ficção científica e de popsci (ciência para o grande público). Ele também chegou a publicar alguns romances e fantasias, mas nenhum deles obteve o mesmo sucesso. Aqui no Perplexidade e Silêncio, ele já apareceu na disputa O livro ou o filme? com "Eu, Robô" (clique aqui).

Fundação, além do nome do primeiro volume, é também uma série de Asimov composta por sete livros. A premissa da série é a teoria psicohistórica de Hari Seldon, um conceito aplicado de matemática sociológica que prevê quais serão os próximos passos da Humanidade. Sua teoria só consegue estabelecer as previsões em larga escala, sendo pouco prática para o futuro de curto prazo, mas extremamente assertiva no futuro de longo prazo. Assim, Seldon prevê a queda do Império Galáctico (um império que governa todos os mundos no Sistema Solar) em 30 mil anos. Para prevenir que os seres humanos sejam aniquilados por esta queda do império, ele cria uma comunidade chamada Fundação, que tem o objetivo de preservar e disseminar o conhecimento científico adquirido.

Caso você queira saber maiores detalhes sobre a série como um todo, recomendo ler este post do Livrismos

Originalmente, o primeiro volume de Fundação - chamado Fundação (!) - são cinco contos escritos e publicados em momentos distintos que, posteriormente, foram agrupados em um único volume e republicados em 1951. Os contos e seus títulos transformaram-se nas cinco partes do livro atual.

Na primeira parte, Os Psicohistoriadores, a estória se passa em Trantor, uma das cidades mais importantes do Império Galáctico. A narrativa mostra Hari Seldon descobrindo sobre a queda do império e, ao reportar sua descoberta, é considerado traidor do Império e enviado para o último planeta do Sistema Solar, Terminus. Ele pede que toda sua comunidade de estudantes seja levada com ele, cerca de cem mil seres humanos. Em Terminus, ele cria a Fundação. O grande atrativo desta parte é que Seldon previu tudo: sua descoberta, seu exílio e, até, o planeta para onde seria enviado. Por isso, na realidade, ele foi para Terminus de livre e espontânea vontade. Achei esta parte a mais relevante de todo o livro e foi a única que realmente prendeu minha atenção.

Na segunda parte, Os Enciclopedistas, passa-se 50 anos depois da primeira, e Fundação se vê diante do dilema de manter-se uma instituição educadora ou assumir-se como sociedade, criando um governo e leis. Os Enciclopedistas formados por Seldon deveriam, apenas, reunir e catalogar conhecimento científico, mas logo alguns membros da Fundação sentem-se mal aproveitados e entediados. Claro, Seldon também previu que este movimento aconteceria e que seria imprescindível para seus planos futuros.

 Na terceira parte, Os Prefeitos, mais 30 anos se passam. A compreensão científica que a população da Fundação tem sobre o funcionamento das coisas e da vida começa a se espalhar pelo Sistema Solar com um ar de misticismo. As populações dos outros planetas, por não terem a mesma compreensão, acreditam que os enciclopedistas são sacerdotes e Seldon, um Deus. Uma religião confusa e superficial advém disto, chamada Cientismo. Hardin, ainda vivo e no comando da Fundação, usa esta fama a favor de sua missão. Foi uma parte bem intrigante, onde o lado frágil e meio patético da Humanidade vem à tona.

Na quarta parte, Os Comerciantes, outros 55 anos transcorrem na estória. O protagonista agora é Limmar Ponyets, que tem a missão de resolver um problema diplomático comercial entre a Fundação e Askone, o planeta que tenta dominar a Fundação na parte anterior. Limmar percebe, então, que precisa ganhar a empatia do povo de Askone pela causa da Fundação. É uma parte predominantemente política, que fala de influência e manipulação. Achei-a chatíssima.

E, por fim, na quinta parte, Os Príncipes Mercantis, a estória avança mais 20 anos e mostra uma Fundação evoluída e próspera, por causa do Cientismo e do comércio com Askone. Fica claro que todos estes passos foram previstos e calculados por Seldon. O protagonista agora é o comerciante Hober Mallow, enviado à República de Korell para resolver um embargo econômico. Porém, a Fundação não sabe se ele está do lado de Korell ou da Fundação, pois sua lealdade é muito volátil. Mesmo assim, ele sucede Seldon como prefeito da Fundação, o que traz complicações ainda maiores para o governo local, pois Mallow não impede uma guerra com Korell.

Ao longo das cinco partes, minha atenção vinha e voltava ao enredo. Talvez se eu tivesse lido os contos separadamente, tivesse gostado mais da obra. Lendo-os assim, um atrás do outro, havia momentos que eu me perdia e me cansava das dezenas de disputas políticas monótonas e repetitivas. Os diálogos, num certo momento, pareciam cópias dos diálogos anteriores e, de vez em quando, eu esquecia quem estava falando ou qual era o objetivo daquele trecho, pois a leitura não estava interessante.

Também não gostei da ausência de diversificação dos conflitos, que são sempre os mesmos, mudando-se apenas as personagens. As disputas eram 1) entre governantes de algum planeta dominante e o governo da Fundação e 2) poder econômico e comercial. Nada além disso aconteceu em nenhuma das partes e, num dado momento, era meio óbvio que a Fundação e Seldon sempre conseguiriam sair vencendo, afinal, ele mesmo previu tudo. 

Por fim, também me incomodou profundamente a ausência de variedade das personagens. Do começo ao fim do livro, são todos homens e com características físicas, psicológicas e emocionais muito similares. Por isso, ao final do livro, fiquei frustrada e não gostei da leitura. E, também por isso, não pretendo continuar lendo a série.

Avaliação do Perplexidade e Silêncio: 

1 Comments

  1. Ah...continue a ler. Os motivos iniciais para frustração são legítimos, admito, mas há boas surpresas a caminho.

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