Desafio Livros pelo Mundo | Rússia: O Mestre e a Margarida, de Mikhail Bulgakov


Este post também faz parte do Rory Gilmore Book Challenge.

O Desafio Livros pelo Mundo tem como objetivo divulgar e disseminar a literatura de outros países fora do eixo EUA-Inglaterra. Aqui no blog, já apareceram nove países neste Desafio e hoje é a vez da Rússia. Embora a Rússia possua muitos escritores de renome, como Tolstói e Dostoiévski, resolvi falar sobre o não tão conhecido Mikhail Bulgakov e seu ótimo livro "O Mestre e a Margarida".


Bulgakov demorou doze anos para terminar "O Mestre e a Margarida" e este livro é considerado uma obra-prima do século 20, pois foi uma das primeiras obras que misturou fantasia e mitologia com a realidade. Em muitos aspectos, este livro se assemelha a "Belas Maldições" e "Deuses Americanos", obras de Neil Gaiman. Além disso, por fazer uma sátira da vida cotidiana da União Soviética, o livro foi censurado por um período de tempo e liberado integralmente só a partir da década de 60.

O livro é dividido em duas partes. Na primeira, o professor Woland aparece em meio a uma conversa sobre a existência de Deus e do Demônio entre Berlioz, um burocrata da literatura, e Bezdomny, um poeta. Woland se intromete na discussão dos dois homens, alimentando polêmicas e os constrangendo quando dá a entender que ele é o próprio Demônio. Os homens acreditam tratar-se de um louco e deixam-no para trás. Porém, alguns instantes depois, a profecia que Woland/Demônio fez sobre a morte de Berlioz se concretiza, e o poeta Bezdomny começa a fugir de Woland.

Uma característica que permeia toda a obra é o narrador conversar e interagir com o leitor. Não sabemos quem é o narrador, mas ele é dotado de um humor negro ótimo e comentários sarcásticos que me fizeram rir. Além disso, ele pontua o ritmo da estória e chama o leitor a participar da mesma.

"Quem lhe disse que não existe no mundo o verdadeiro, o fiel, o eterno amor? Pois que cortem a língua desse mentiroso infame! Venha comigo, leitor, somente comigo, e eu lhe mostrarei um amor assim!" (O Mestre e a Margarida, Mikhail Bulgakov)

Bezdomny, então, tenta alertar a polícia sobre o professor Woland, alegando que ele usa uma falsa identidade e é culpado pela morte de Berlioz. Como é de se esperar, ninguém acredita no poeta boêmio, que é levado para um hospício. Lá, ele conhece outro homem que também diz ter conversado com o Demônio e este homem se auto-denomina Mestre. Juntos, eles tentam encontrar uma forma de desmascarar o professor para o mundo, enquanto o Mestre se perde em lembranças de sua amada do passado, Margarida.

Em paralelo, o professor Woland se une a dois de seus colegas: Koroviev e um gato preto misterioso chamado Behemoth. Juntos, eles compram um Show de Variedades e saem pela Rússia fazendo apresentações circenses.

Na segunda parte, a estória volta ao passado e Margarida aparece no enredo. Ela foi convidada pelo professor Woland a fazer parte de seu Show de Variedades com a promessa de que se tornaria uma bruxa poderosa. Depois de obter seus poderes, ela passa a namorar Azazello, um demônio menor do Inferno, subordinado a Woland. Porém, Margarida aos poucos descobre que precisa fazer muitos sacrifícios para agradar a Woland e retribuir-lhe os poderes recebidos.

Para se livrar destes problemas, Margarida vai atrás do Mestre, pois passa a acreditar nas estórias que ele contou sobre o Demônio e eles tentam encontrar formas de driblar o professor Woland e seus comparsas Koroviev e o Gato. Ao final da estória, o leitor descobre como o Mestre foi parar no hospício, além da surpreendente revelação de onde este hospício se encontra (não direi pois é um spoiler) e, consequentemente, para onde o poeta Bezdomny foi enviado.

Em meio a estes acontecimentos, a narrativa possui diversas cenas bizarras e surreais, produto da magia poderosa do Demônio. Ele consegue ludibriar a mente de todas as personagens da estória e mesmo o leitor fica confuso sobre o que é real e o que não é. As aparições do Gato também são bastante interessantes, com seu estilo arrogante e prático de tortura dos seres humanos.

De forma geral, foi uma leitura bastante divertida. Apesar de, no início, me atrapalhar com os nomes russos dos lugares e das personagens, não foi difícil me envolver na leitura e no ritmo do narrador oculto. É um livro que recomendo.

1 Comments

  1. Li esse livro em 2017 e amei! É a história mais confusa e brilhante que já vi, já entrou na lista dos meus livros favoritos.

    Toca da Lebre

    ResponderExcluir