Desafio Livros pelo Mundo | França: Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust



O Desafio Livros pelo Mundo tem sido muito gostoso de fazer, pois ele tem permitido que eu divulgue livros de diversos países e, com isso, disseminar um pouco mais da cultura mundial. Antes de começar o Desafio, não tinha percebido como já li vários autores fora do eixo EUA-Inglaterra e espero que estimule outros leitores a fazerem o mesmo. 
Por aqui, já passaram seis países: Portugal, Suécia, Colômbia, Escócia, Finlândia e Dinamarca, e agora é a vez da França e Marcel Proust.


Marcel Proust - cujo nome completo é Valentin Louis Georges Eugène Marcel Proust (!) -  foi um escritor do final do século XIX e é considerado, até hoje, um dos grandes escritores franceses de todos os tempos. Ele teve uma vida pautada na reclusão, pois tinha uma saúde debilitada e, constantemente, precisava se afastar das grandes cidades para tratar de uma asma crônica. Talvez por isso, é muito fácil perceber o tom intimista e subjetivo das suas obras.

"Em Busca do Tempo Perdido" é um romance que foi publicado em sete partes e demorou 14 anos para ser finalizado. Os três últimos volumes foram publicados depois que Proust já tinha morrido. Li uma edição de volume único da obra com 3.500 páginas, que peguei emprestado na biblioteca da faculdade, e até hoje guardei várias citações que anotei ao longo da leitura.

No primeiro volume, chamado "No Caminho de Swann", através da personagem de Mr. Swann, Proust faz um manifesto sobre a arte e antecipa quais são seus objetivos ao escrever esta obra. Ele explica porquê o tema do tempo o fascina tanto e qual é a importância da memória nas nossas vidas e, entre uma reflexão e outra, insere lembranças que ele tem de sua esposa, Sra. Swann, e de sua infância, para enfatizar suas conclusões filosóficas. Ele também divaga sobre música, pintores e estilos literários. Não há uma ação acontecendo, tampouco um conflito, e isso pode desanimar um leitor desavisado. Particularmente, é a parte mais chata da obra e é uma pena que seja logo a primeira, pois pode desanimar muitas pessoas de prosseguirem na leitura. Mas eu garanto: depois fica muito interessante, vale a pena persistir!

No segundo volume, "À Sombra das Raparigas em Flor", o livro começa exatamente do ponto onde parou no primeiro volume, quando Swann ascende nas classes sociais francesas. Com isso, mais personagens aparecem na estória e um pouco mais de ação começa a acontecer, pois ele é recém-chegado na alta sociedade e não sabe agir de acordo com os costumes. Os contrastes entre as novas personagens e Swann fica evidente e, assim, o livro fica menos filosófico. As reflexões de Proust ficam mais dinâmicas, também.

Nos demais volumes da obra - que são muitos para descrever um por um - Proust ainda aborda: a Primeira Guerra Mundial e o efeito dela no jovem Swann, a homossexualidade da Sra. Swann (a partir do 4º volume, "Sodoma e Gomorra"), a homossexualidade de outras personagens importantes e o debate sobre o tema (também a partir do 4º volume), a mistura dos gêneros feminino e masculino em diversos personagens, doenças e crueldade. Como disse, vale a pena superar a lentidão do primeiro volume, pois muita coisa interessante acontece posteriormente na estória e os volumes finais são os mais legais.

Poucos livros retrataram com tanta profundidade e riqueza de detalhes a complexidade das pessoas e dos relacionamentos, e acho que este é o grande mérito da obra de Proust. Recomendo a leitura para quem gosta de enredos subjetivos, cheios de personagens interessantes e com muitos debates sobre amor, família e juventude.

Outros escritores franceses que já passaram pelo Perplexidade e Silêncio: Alexandre Dumas, Jean-Paul Sartre e Boris Vian.

Este post também faz parte do Rory Gilmore Books Challenge.

6 Comments

  1. Não conhecia o livro, nem o autor. Olhando por cima, da para perceber que é uma obra bastante complexa, nem sei se eu teria capacidade para le-la! heuehueh Mas achei legal o fato de o autor abordar todos os temas mencionados, como musicas, artes e até mesmo a homossexualidade da esposa do protagonista (!).

    Abraços,

    Blog Decidindo-se \o/

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    1. Oi Vinícius,

      hahaha Capacidade para ler é ótimo! Pois é, os livros são extensos mas vale a pena, quando terminamos de ler.

      Bjs!

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  2. Oi oi,

    que projeto legal! Precisamos mesmo conhecer livros que se passam em outros lugares e culturas (especialmente que fujam dos clichês americanos e ingleses)! Infelizmente, a obra que apresentou não me chama muita atenção...

    Beijos!
    Visite o Mademoiselle Loves Books
    http://www.mademoisellelovesbooks.com/

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  3. Nossa, eu acho que não teria capacidade de ler esses livros, como mencionou o moço ali de cima hahaha. Gosto de coisas diferentes e de me esforçar para sair da zona de conforto, mas confesso que a história não me dá curiosidade. Parece, sei lá, meio maçante. Adoro esse sua coluna, porque também acho importante sair do eixo americano literário. Existem tantos livros de lugares improváveis e por que não os ler, né? <3 Eu, particularmente, gosto muito da literatura feita no oriente médio, já li muitos romances maravilhosos de lá <3

    Love, Nina.
    http://ninaeuma.blogspot.com/

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    1. Olha, mas eu confesso, hoje em dia não teria paciência de ler "Em Busca do Tempo Perdido". Li na época da faculdade e eu tinha uma energia completamente diferente naqueles anos.

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